É do mar que se avista a cidade:

as implicações sociais do uso dos banhos de mar na construção do “novo” Recife

Autores

  • Bianca Cruz dos Anjos Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2020.v4.10718

Palavras-chave:

Banhos de mar; História da Saúde; Recife

Resumo

A articulação entre médicos e Estado, vigente no século XIX, propiciou os cuidados com a saúde e higiene pública, bem como a preocupação de “embelezar” e “civilizar” as cidades. Alinhados a esse quadro social, os avanços da medicina permitiram a descoberta sobre o uso dos banhos de mar no combate a diversos males. Esse recurso terapêutico é amplamente difundido na Europa, chegando até o Brasil e as principais metrópoles do país, como Recife. As transformações ocorridas nessa época envolviam uma noção de dualidade,  isto  é, o confronto  entre  o  “velho”  e  “novo”,  as  visões  sobre  si  e  sobre  os  outros  através  do  ritmo acelerado  do  tempo  e  das  modificações  nos  espaços  de  convivência. Apoiado nos livros e nos jornais, o trabalho pretende perscrutar a importância do o uso dos banhos salgados para fins terapêuticos, ressaltando também que contato com o ambiente praieiro é relativamente curto na história da sociedade  brasileira,  sobretudo  para  a  história do Recife, além de propor uma análise histórico-social da implantação do discurso higienista, advindos do processo de modernização, como fator atuante para a compreensão das relações e percepções sobre a praia e os banhos de mar.

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Publicado

2020-09-22

Como Citar

Cruz dos Anjos, B. (2020). É do mar que se avista a cidade: : as implicações sociais do uso dos banhos de mar na construção do “novo” Recife. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 4(8), 339–367. https://doi.org/10.34024/hydra.2020.v4.10718