Sanatório Domingos Freire (Belém-PA):

um belo edifício varrido de ar e luz ou antecâmara da morte?

Autores

  • Livia Gaby Costa Universidade Federal do Tocantins
  • Cybelle Salvador Miranda Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.34024/hydra.2020.v4.10564

Palavras-chave:

Sanatórios; higienismo; Belém-PA., sanatorium; sanitation; Belém-PA.

Resumo

Este artigo analisa a relação entre a higienização de Belém, e a construção do primeiro sanatório da capital, Sanatório Domingos Freire, inaugurado em 1900. Este equipamento congrega as ações de setorização da cidade modernizada em função da dinâmica proporcionada pela exportação da borracha. Do ponto de vista arquitetônico, a construção situa-se afastada do acesso principal; setorizada rigidamente entre espaços do limpo e do sujo, bem como entre os sexos, princípios compartilhados com outros sanatórios coetâneos no Brasil e em Portugal. Ao percorrer periódicos da época, depreende-se que, a despeito do discurso terapêutico que alude aos avanços da ciência moderna, o sanatório é visto de modo recorrente como local que condena à morte aqueles que para lá são conduzidos.

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Publicado

2020-09-22

Como Citar

Costa, L. G. ., & Salvador Miranda, C. . (2020). Sanatório Domingos Freire (Belém-PA): : um belo edifício varrido de ar e luz ou antecâmara da morte?. Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 4(8), 34–64. https://doi.org/10.34024/hydra.2020.v4.10564