Os embates pela propriedade imobiliária na construção da metrópole: fontes e ferramentas na pesquisa sobre imóveis ocupados no centro de São Paulo

Resumo

Este artigo expõe reflexões teóricas e metodológicas surgidas no processo de pesquisa sobre a história de imóveis verticais ocupados por movimentos de moradia no Centro de São Paulo. Admitindo que os momentos de construção, abandono e ocupação são marcadores extremamente significativos dessa história, diversas fontes e ferramentas foram mobilizadas no estudo. Geoprocessamento, cartografia histórica e fontes primárias foram utilizadas para compreender a construção dos prédios. Os usos dos edifícios, antes de seu esvaziamento, foram conhecidos relacionando as fontes primárias com registros de hemerotecas, sobretudo com anúncios comerciais nos jornais. O fenômeno do abandono foi o mais difícil de documentar, pois a retirada das atividades de um edifício e seu fechamento não costumam ser noticiados na mídia e não estão registradas em processos encontrados nos arquivos municipais. Informações de bibliografias e de mídias digitais foram utilizadas para compreender as datas, o contexto e as organizações populares envolvidas na ocupação dos edifícios pelos movimentos de moradia. Neste artigo, o foco está no debate acerca das continuidades e rupturas no uso do solo da cidade como ferramenta de acumulação capitalista e das dinâmicas urbanas no centro de São Paulo no início do século XX e da periferização na segunda metade daquele século.