Sobre tradução e política um projeto para os “Arquivos sentimentais de uma guerra no Líbano”, de Nadia Tuéni

Contenu principal de l'article

Maria Teresa Mhereb

Résumé

A partir de uma concepção da tradução como ferramenta política, apresento, neste artigo, um projeto de tradução para o português brasileiro do livro Archives sentimentales d’une guerre au Liban (1982), escrito em francês pela premiada poeta libanesa Nadia Tuéni (1935-1983), bem como a tradução comentada de alguns dos poemas que o compõem. A exposição da vida-obra da poeta é feita no interior do projeto de tradução, elaborado em três momentos, nos quais a pessoa que traduz – neste caso, uma descendente de palestinos-libaneses exilados no Brasil – atua como sujeito político em seu presente histórico: a) a escolha do texto-fonte e da autora; b) o trabalho estético-linguístico-discursivo; e c) a circulação da obra traduzida. Ao introduzir a obra traduzida e sua autora no contexto nacional, procuro contribuir com as viagens dos conhecimentos epistemológicos e literários em direções não hegemônicas, favorecendo as traduções de experiências entre povos e comunidades que, à despeito de suas diferenças, compartilham do suficiente para que possam encontrar o que lhes é comum.

Details de l'article

Rubrique

Dossiê

Biographie de l'auteur

Maria Teresa Mhereb, Universidade de São Paulo

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Letras Estrangeiras e Tradução da Universidade de São Paulo (bolsista CNPq), com estágio doutoral (bolsista Capes-PrInt) no Centre National de la Recherche Scientifique, Paris, França. É graduada em Ciências Sociais pela Unesp e em Letras (Português/Francês) pela USP, com parte dos estudos realizados na Université Sorbonne Paris IV.

Comment citer

Sobre tradução e política: um projeto para os “Arquivos sentimentais de uma guerra no Líbano”, de Nadia Tuéni. EXILIUM Revue d’Études de la Contemporanéité, [S. l.], v. 6, n. 10, p. 295–316, 2025. DOI: 10.34024/ev00by05. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/20733. Acesso em: 5 déc. 2025.

Références

Abou, S. (1986). L’identité culturelle. Paris: Anthropos.

Alhirthani, M. (2024). Poetry for social-political justice in Palestine: Mahmoud Darwish’s translation and re-narration of Palestinian-Israeli encounters. Linguistica Antverpiensia, New Series: Themes in Translation Studies, 20, 17–35.

Alvarenga, A., et al. (2022). Coletivo Sycorax: desdobramentos de práticas feministas de tradução. Belas Infiéis, 11(2). https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v11.n2.2022.41253.

Badran, M., & Cooke, M. (2004). Opening the Gates: An anthology of Arab feminist writing (2ª ed.). Bloomington: Indiana University Press.

Battistam, L., Marins, L. C., & Kiminami, A. Y. (2021). Tradução como resistência e ativismo: práticas de tradução feminista no Brasil. Belas Infiéis, 10(4), 01–17. https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n4.2021.36230.

Benjamin, W. (2008). A tarefa do tradutor (S. K. Lages, Trad.). In A tarefa do tradutor, de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. Belo Horizonte: Fale / Editora UFMG.

Benjamin, W. (2007). Teses sobre o conceito de história (J.-M. Gagnebin & M. L. Müller, Trads.). In Michael Löwy (Org.), Walter Benjamin: aviso de incêndio. São Paulo: Boitempo.

Bianchi, A. (2016). Circulação e tradução: para uma história global do pensamento político. IX Encontro da ABCP, Belo Horizonte. https://www.researchgate.net/publication/307107755_BIANCHI_Alvaro_Circulacao_e_traducao_para_uma_historia_global_do_pensamento_politico_IX_encontro_da_ABCP_Belo_Horizonte_2016.

Breton, A. (2007). Nadja. São Paulo: Cosac Naify.

Buzelin, H. (2011). Agents of Translation. In Handbook of Translation Studies. Nova York / Londres: John Benjamins. https://benjamins.com/online/hts/articles/age1.

Campos, H. de ([s.d.]). Da tradução como criação e como crítica. In Metalinguagem. São Paulo: Cultrix.

Castro, O., & Spoturno, M. L. (2020). Feminismos y traducción: apuntes conceptuales y metodológicos para una traductología feminista transnacional. Mutatis Mutandis, 13(1), 11–44. https://revistas.udea.edu.co/index.php/mutatismutandis/article/view/340988/20795805.

Castro, I. C. S. de (2024). Juntos mas divididos: tensões intersectárias e intracsectárias no Líbano. In Murilo Meihy & Samira Adel Osman (Orgs.), Deus e o diabo na terra dos cedros: o Líbano contemporâneo. Rio de Janeiro: Tabla.

Chamberlain, L. (1988). Gender and the Metaphorics of Translation. Signs, 13(3), 454–472. https://www.jstor.org/stable/3174168?origin=JSTOR-pdf&seq=1.

Cheiato, K. A., & Carvalho, P. C. de A. (2024). Imperialismo e colonialismo no Líbano: da província turco-otomana a protetorado francês. In Murilo Meihy & Samira Adel Osman (Orgs.), Deus e o diabo na terra dos cedros: o Líbano contemporâneo. Rio de Janeiro: Tabla.

Costa, C. de L., & Alvarez, S. (2013). A circulação das teorias feministas e os desafios da tradução. Revista Estudos Feministas, 21(2), 579–586. https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2013000200009/25781.

Cooke, M. (1996). Women and the War Story. Berkeley / Los Angeles / Londres: University of California Press.

Cruz, R. A. B. da (2024). Independência e formação do Pacto Nacional: projetos nacionalistas e sectarismo no Líbano. In Murilo Meihy & Samira Adel Osman (Orgs.), Deus e o diabo na terra dos cedros: o Líbano contemporâneo. Rio de Janeiro: Tabla.

Delisle, J. (2022). Tradutores medievais e tradutoras feministas: a mesma ética da tradução? Cadernos de Tradução, 47, 85–107. https://seer.ufrgs.br/index.php/translatio/article/view/42899.

El-Chami, N. M. (2017). L’œuvre poétique de Nadia Tuéni au regard de son pays natal: réflexions sur les liens entre paysage et identité [Tese de doutorado, Université de Lyon]. Lyon, França. https://theses.hal.science/tel-02115116/.

El Rammouz, H. (2018). La poésie de Nadia Tuéni (1935–1983): essence du monde extérieur. Textes et Contextes, 13(1), 1–13. http://preo.ubourgogne.fr/textesetcontextes/index.php?id=1871.

Even-Zohar, I. (2013). Teoria dos polissistemas. Translatio, 5. (Luis Fernando Marozo, Carlos Rizzon & Yanna Karlla Cunha, Trads.)

Godard, B. (1989). Theorizing Feminist Discourse/ Translation. Tessera, 6, 42–53.

Gramsci, A. (2005). Cartas do Cárcere (L. S. Henriques, Trad.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Gramsci, A. (2023). Tradutibilidade das linguagens científicas e filosóficas. In Cadernos do Cárcere, vol. 1 (C. N. Coutinho, Trad.). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Handal, N. (Ed.) (2001). The Poetry of Arab Women: A contemporary anthology. Nova York / Northampton: Interlink Books.

Haraway, D. (1988). Situated Knowledges: The Science Question in Feminism and the Privilege of Partial Perspective. Feminist Studies, 14(3), 575–599.

Issa, J. (1990). Nadia Tuéni ou La Passion du Liban. Esprit, 12(167), 151–153.

Iveković, R. (2002). De la traduction permanente. Transversal, 6. https://transversal.at/transversal/0606/ivekovic/fr.

Leminski, P. (1983). Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense.

Lloze, É. (1999). La parole apatride d’Edmond Jabès. In Jacqueline Sessa (Dir.), Figures de l’exclu – Actes du colloque international de littérature comparée, 1997. Saint-Étienne: Publications de l’Université de Saint-Étienne.

Lotbinière-Harwood, S. (1991). Re-Belle et Infidèle. La traduction comme pratique de réécriture au féminin / The Body Bilingual. Translation as a Rewriting in the Feminine. Montréal: Les Éditions du Remue-Ménage / The Women’s Press.

Marx, K. (1996). O capital, livro I (F. Kothe & R. Barbosa, Trads.). São Paulo: Nova Cultural.

Marx, K. (2008). Contribuição à crítica da economia política (F. Fernandes, Trad.). São Paulo: Expressão Popular.

Mhereb, M. T. (2024). Os “Arquivos sentimentais de uma guerra no Líbano”, de Nadia Tuéni. Blog da Editora Tabla. https://blog.editoratabla.com.br/os-arquivos-sentimentais-de-uma-guerra-no-libano-de-nadia-tueni

Mies, M. (2022). Patriarcado e acumulação em escala mundial: mulheres na divisão internacional do trabalho. São Paulo: Ema Livros / Editora Timo.

Möser, C. (2020). Traduire, c’est produire: les débats féministes sur le genre en France et en Allemagne. GLAD!, 9. https://doi.org/10.4000/glad.1991

Said, E. W. (1983). The world, the text, and the critic. Cambridge: Harvard University Press.

Said, E. W. (2000). Traveling theory reconsidered. In Reflections on exile and other essays. Cambridge: Harvard University Press.

Sartre, J.-P. (2008). Qu’est-ce que la littérature? Paris: Gallimard.

Simon, S. (1996). Gender in translation. Nova York: Routledge.

Tuéni, N. (1982). Archives sentimentales d’une guerre au Liban. Paris: J. J. Pauvert.

Tuéni, N. (1986). La Prose, Œuvres complètes. Beirute: Dar an-Nahar.

Tuéni, N. (2006). Poems of love and war / Poèmes d’amour et de guerre (S. Hazo & P. B. Kelley, Trads.). Beirute / Nova York: Dar An-Nahar & Syracuse University Press.

Tymoczko, M. (2006). Translation and political engagement. Activism, social change and the role of translation in geopolitical shifts. The Massachusetts Review, 47(3), 442–461.

Von Flotow, L. (1991). Feminist Translation: Contexts, Practices and Theories. TTR - Traduction, Terminologie, Rédaction, 4(2), 69–84.

Wolf, M. (2007). The emergency of a sociology of translation. In M. Wolf & A. Fukari (Eds.), Constructing a Sociology of Translation. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins.

Discografia:

(1984). Archives sentimentales d’une guerre au Liban: poèmes de Nadia Tuéni [Gravação sonora]. Valois.