Retratos de um povo invisível como a mídia brasileira retratou os imigrantes árabes no início do século XX
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Resumen
Este artigo examina as representações dos imigrantes árabes na imprensa brasileira durante o período de maior fluxo migratório sírio-libanês, em especial na primeira década do século XX. Analisando periódicos demonstramos como a mídia construiu narrativas ambivalentes sobre esses imigrantes, oscilando entre a exotização e a estigmatização. O estudo revela três eixos principais de representação: (1) a persistente denominação genérica como "turcos", apesar da maioria ser composta por sírios e libaneses cristãos; (2) a dualidade discursiva que alternava entre o elogio ao "mascate laborioso" e a crítica ao "comerciante astuto"; e (3) a gradual assimilação desses imigrantes como empreendedores bem-sucedidos nas décadas de 1920-1930. Fundamentado nos conceitos de orientalismo e poder simbólico, o artigo argumenta que a imprensa atuou como mecanismo de inclusão subalterna, integrando os árabes à narrativa nacional, mas atribuindo-lhes um lugar marginal na hierarquia étnica brasileira. A análise evidencia como os estereótipos veiculados - desde as caricaturas do "turco mascate" até as representações do "comerciante bem-sucedido" - refletiam tanto preconceitos arraigados quanto o processo de construção de identidades no Brasil pós-abolição. Além de contribuir para os estudos sobre imigração e representação midiática, o artigo problematiza o papel da imprensa na formação de imaginários sociais, demonstrando como as narrativas jornalísticas do período ajudaram a moldar percepções sobre a presença árabe no Brasil que perduram até hoje.
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