A xenofobia a produzir o sintoma do infamiliar em imigrantes reflexões a partir do filme "Exílio"

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Julia Bartsch
Jaquelina Maria Imbrizi
Gabriel Inticher Binkowski

Resumo

Tomando-se por base o enredo do filme teuto-kosovar “Exílio” (Visa Morina, 2020), busca-se compreender de que forma a experiência da estrangeiridade pode indicar a "sensação de estranhamento" que remete à noção de “Unheimliche” desenvolvida por Freud. Parte-se do pressuposto de que a xenofobia, precisamente por representar formas de ataques reais - e simbólicos - à pessoa considerada estrangeira, pode produzir ideias persecutórias em quem sofre a injúria, com a função de defesa contra os recalques relacionados às suas próprias inscrições culturais ou com o que possa remeter a elas. A película, classificada como de terror, apresenta uma atmosfera de horror, exposta nas imagens e transposta para a trilha sonora, na qual as violências vivenciadas pelo protagonista atualizam fantasias primárias e a confusão sobre qual o inimigo a combater e do qual se defender. O artigo irá abordar o percurso dos ‘incômodos’ do personagem principal, a fim de localizar a posição de "infamiliaridade" na sua relação com outros ao seu redor, sejam os que o colocam no lugar de estrangeiro, sejam os que lhe são insuportavelmente familiares.

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Seção

Crítica da Contemporaneidade

Biografia do Autor

Julia Bartsch, Universidade Federal de São Paulo

Doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde (UNIFESP), Mestre em Psicologia Clínica pelo IPUSP (2021) com pesquisa em psicanálise sobre imigração, psicóloga com ênfase em psicologia clínica (Universidade São Marcos - 2005) e psicanalista (Centro de Estudos Psicanalíticos - 2019) com consultório particular. Através do Laboratório de Psicanálise, Política e Sociedade no IPUSP, acompanha projetos de intervenção relacionados à vulnerabilidade social, em especial a Imigração, onde atua na prática clínica pelo Grupo Veredas/USP desde 2018. Ministra cursos, palestras e oficinas nas áreas de Psicanálise, Psicologia, migração e intervenção em emergências, além das apresentações em eventos acadêmicos. Em 2008, iniciou sua experiência no trabalho humanitário internacional, com Médicos Sem Fronteiras e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha em diversos países na África e também em Honduras, em projetos de Saúde Mental segundo o contexto de cada país, como violência Urbana, epidemia de Ebola, apoio a vítimas de conflito armado, suporte psicossocial a mulheres com Fístula Obstétrica e Violência Sexual. Foi presidente do conselho administrativo de Médicos Sem Fronteiras entre 2017 e 2020 e coordenou a força tarefa de Saúde Mental durante a pandemia COVID19. Em todos os projetos, o trabalho envolve coordenação de equipe, avaliação de possibilidades de intervenção, treinamento continuado, sensibilização, envolvimento de outras disciplinas e outros atores, incluindo a comunidade local.

Jaquelina Maria Imbrizi , Universidade Federal de São Paulo

Professora Associada IV da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Membra do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política da Universidade de São Paulo. Coordena o diretório de pesquisas do CNPq "Laboratório Psicanálise, Política, Arte e Sociedade (PPAS) e o projeto de extensão: Arte e Sonho: abordagem psicanalítica nos modos de cuidar das juventudes.

Gabriel Inticher Binkowski, Universidade de São Paulo

Professor no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Mestre em Clínica Transcultural e Doutor em Psicologia pela Université Sorbonne Paris Nord. Membro do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política e da Unité Transversale de Recherche Psychogenèse et Psychopathologie. Supervisor clínico no Grupo Veredas: Psicanálise e Migração.

Como Citar

A xenofobia a produzir o sintoma do infamiliar em imigrantes: reflexões a partir do filme "Exílio". EXILIUM Revista de Estudos da Contemporaneidade, [S. l.], v. 5, n. 9, p. 63–76, 2024. DOI: 10.34024/exilium.v5i9.19218. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/19218. Acesso em: 5 dez. 2025.