Feitiço Negro, Despachos Brancos Epistemologia do despacho e pedagogia anticolonial
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre as resistências negro-africanas a partir da “epistemologia do despacho”. Partimos de uma análise genealógica e semântica do termo despacho em coexistência com outro termo de uso corrente no mesmo período inicial da expansão colonial portuguesa: feitiço. O despacho é um procedimento jurídico-burocrático que atualiza a presença do Rei e do Estado para além de seu corpo, criando mecanismos de objetificação, domínio e controle sobre os corpos colonizados. Feitiço, por outro lado, surge como categoria portuguesa utilizada para se referir aos amuletos africanos na Guiné e condená-los como objetos “feitos”, pois não teriam verdade metafísica. A condenação dos feitiços africanos é complementar à consolidação dos despachos jurídicos-burocráticos do Estado colonial. Essa complementaridade entre despacho e feitiço como operador colonial é redimensionada no período da abolição no Brasil, quando a categoria despacho, anteriormente restrita ao campo burocrático, é ressignificada pelos saberes negros enquanto agenciamento de uma corporeidade viva e comunitária. Em diálogo com princípios da “pedagogia da encruzilhada”, a “epistemologia do despacho” propõe um caminho para pensar e ativar essa corporeidade viva e fortalecer a troca de saberes negros nas discussões sobre educação no Brasil.
Downloads
Detalhes do artigo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação, sob a licença Creative Commons-NonCommercial-NoDerivs Attribution 2.0 Generic.
Os autores se responsabilizam pelo teor do texto, considerando que a revista adota ferramentas de verificação anti-plágio e segue as diretrizes éticas do Committee on Publication Ethics (COPE), do Code of Ethics American Educational Research Association (AERA), do Código de Boas Práticas Científicas – FAPESP e do Council of Science Editors (CSE) em relação a publicação.
Em caso de artigo traduzido ou em outros idiomas, entrar em contato com os editores responsáveis para evitar conflitos de política de direitos autorais relativa à publicação do material.