Do sul do Líbano ao interior paulista: Islã, memória e narrativa na diáspora árabe-muçulmana em Barretos (SP)
DOI:
https://doi.org/10.34024/pensata.2025.v13.20774Palavras-chave:
Barretos; Diáspora árabe; Espaço público; Islã; OrientalismoResumo
Este artigo empreende uma análise da inscrição histórica e simbólica da diáspora árabe-muçulmana no interior do Brasil, tomando como ponto de reflexão etnográfica a experiência da comunidade islâmica de Barretos (SP). Proveniente majoritariamente dos vilarejos de Hebbariyeh e Kfarhamam, no sul do Líbano, esse grupo constitui uma rede transnacional que, ao longo do século XX, institucionalizou práticas religiosas, sociabilidades e estratégias de pertencimento em solo brasileiro. Com base em investigação historiográfica e trabalho etnográfico, examino os processos históricos que incitaram a formação de instituições étnico-religiosas e a inserção socioeconômica local. A análise detém-se ainda às disputas simbólicas em torno da representação pública da colônia árabe barretense, evidenciando apropriações ambíguas de estereótipos orientalistas como tática de visibilização e negociação identitária.
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