ENTRE UTOPIAS, APORIAS E GOVERNOS
um experimento de (re)leitura do conceito de utopia
DOI:
https://doi.org/10.34024/pensata.2020.v9.10181Resumo
Se os sentidos da palavra Utopia, em sua pretensa positividade, emergiram com a publicação da Utopia de Thomas More, em 1516, que ao cunhá-la nomeou um conjunto de instituições sociais e políticas que, aparentemente, instituiriam a república ideal, sugiro uma (re)leitura historicamente situada do referido livro à luz da violência “etnocida” (Pierre Clastres) subjacente à descrição literária da fundação de tal república ideal, desestabilizando, assim, os sentidos éticos de sua constituição. Em seguida, desloco-me por entre as relações da “sociedade” utopiana, propriamente ditas, interrogando-as quanto às possíveis “sujeições”, que, produzidos pela articulação de diferentes modalidades de governo possibilitariam a apreensão de fragmentos de uma certa racionalidade política cujos primeiros contornos, segundo Michel Foucault, remontariam ao século XVI.