As Representações Sociais e o Conhecimento do Cotidiano

uma crítica metodológica a partir da Filosofia da Linguagem

Autores

  • João Eduardo Coin de Carvalho Doutor em Psicologia (USP). Pesquisador Visitante do Departamento de Antropologia da Johns Hopkins University, Baltimore, EUA.

DOI:

https://doi.org/10.4181/RNC.2005.13.145

Palavras-chave:

Ciências Sociais, Conhecimento, Psicologia Social, Linguagem, Pesquisa Qualitativa

Resumo

O objetivo de artigo é discutir uma forma de conhecimento que se estabelece no âmbito dos grupos, as representações sociais. Recorrentemente utilizada no campo da saúde pública, especialmente no Brasil, a Teoria das Representações Sociais (TRS) tem sido muitas vezes apresentada como uma ferramenta de análise, no que essa concepção tem de cristalizadora dos fenômenos em que pretende se deter, ao invés de sustentar a crítica embutida nas aspirações de Moscovici quanto à produção de um conhecimento que estivesse socialmente enraizado, sujeito ao contexto e à história. Neste trabalho, procura-se situar como este “uso” da TRS pode ser compreendido num certo entendimento da função da Linguagem, o que a mantém, recorrentemente ligada a uma concepção de linguagem como “cálculo”. Conclui-se que a TRS, resgatada na concepção da linguagem como meio universal, deve ser compreendida no âmbito da pesquisa social e das metodologias qualitativas, o que implica um desafio à naturalização dos grupos e das representações sociais, e implica um relacionamento entre o pesquisador, sujeito e objeto de conhecimento, que não é apenas de descoberta, mas de construção.

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Publicado

2005-09-30

Como Citar

Carvalho, J. E. C. de. (2005). As Representações Sociais e o Conhecimento do Cotidiano: uma crítica metodológica a partir da Filosofia da Linguagem. Revista Neurociências, 13(3), 145–151. https://doi.org/10.4181/RNC.2005.13.145

Edição

Seção

Artigos de Revisão
Recebido: 2019-02-06
Publicado: 2005-09-30

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