Eficácia da cirurgia intrauterina no tratamento da mielomeningocele

Resumo

Introdução. A mielomeningocele (MMC) é a forma mais grave da espinha bífida, malformação congênita do tubo neural que causa exposição da medula espinhal e danos neurológicos irreversíveis. Tradicionalmente, o tratamento é cirúrgico e realizado após o nascimento, mas essa abordagem está associada a complicações como a síndrome da medula ancorada. A cirurgia intrauterina tem sido proposta como alternativa com potencial neuroprotetor, promovendo o fechamento precoce da lesão e redução do dano neural. Objetivo. Avaliar a eficácia da cirurgia intrauterina no tratamento da mielomeningocele no feto Método. Foi realizada uma revisão de escopo conforme as diretrizes do PRISMA-ScR. As buscas ocorreram nas bases PubMed, Cochrane e Clinical Trials, utilizando descritores MeSH e considerou ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas publicadas a partir de janeiro de 2020. Seis estudos foram incluídos. Resultados. Os estudos apontam que a cirurgia intrauterina está associada a melhores desfechos motores e neurofuncionais, menor necessidade de derivação liquórica e maior reversão de herniação do rombencéfalo. Técnicas menos invasivas, como mini-histerotomia e microneurocirurgia, reduziram complicações como parto prematuro e ruptura de membranas, especialmente em centros especializados com maior experiência. Conclusão. A cirurgia intrauterina para MMC demonstra eficácia superior ao reparo pós-natal em diversos desfechos, mas exige maior padronização da técnica, estudos multicêntricos mais robustos, com maior espaço amostral, bem como políticas que ampliem o acesso seguro e equitativo a essa abordagem.