MDMA no tratamento de Transtornos Depressivos: revisão sistemática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34024/rnc.2025.v33.20177

Palavras-chave:

MDMA, Transtorno Depressivo, Psicodélicos, Terapia Assistida

Resumo

Introdução. Este trabalho investiga o potencial terapêutico do MDMA (N-Metil-3,4-Metilenodioxianfetamina) no tratamento do Transtorno Depressivo, condição psiquiátrica caracterizada por humor deprimido persistente e anedonia. A pesquisa parte da limitação dos tratamentos tradicionais, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), que apresentam resposta lenta, podendo levar semanas para aliviar os sintomas. Nesse contexto, o MDMA, um psicodélico atípico, surge como alternativa promissora por atuar em múltiplos neurotransmissores e proporcionar alívio mais rápido. Objetivo. Avaliar a eficácia, segurança e mecanismos de ação do MDMA no Transtorno Depressivo e em condições relacionadas, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Método. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura em bases como PubMed, SciELO, LILACS e Periódicos da CAPES, utilizando descritores específicos para identificar ensaios clínicos publicados entre 2018 e 2024. Resultados. Foram selecionados sete artigos para análise. Os estudos indicam que o MDMA, administrado em doses controladas (75mg a 180mg) em sessões supervisionadas, promove redução significativa dos sintomas depressivos, mesmo em casos resistentes a tratamentos convencionais. Os efeitos terapêuticos incluem melhora rápida do humor, aumento da empatia e redução do isolamento emocional, com benefícios sustentados por meses. Eventos adversos, como taquicardia e náusea, foram leves e transitórios. Conclusão. Os achados sugerem que o MDMA é uma alternativa viável para o tratamento do Transtorno Depressivo, especialmente em casos refratários. No entanto, são necessários mais estudos para validar sua eficácia, segurança e viabilidade clínica, além de superar desafios regulatórios e logísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

1.Mônego BG, Fonseca RP, Teixeira AL, Barbosa IG, Souza LC, Bandeira DR. Major Depressive Disorder: A Comparative Study on Social-Emotional Cognition and Executive Functions. Psicol Teoria Pesq 2022;38:e38217. https://doi.org/10.1590/0102.3772e38217.en

2.Dean J, Keshavan M. The neurobiology of depression: An integrated view. Asian J Psychiatr 2017;27:101-11. https://doi.org/10.1016/j.ajp.2017.01.025

3.Moncrieff J, Cooper RE, Stockmann T, Amendola S, Hengartner MP, Horowitz MA. The serotonin theory of depression: a systematic umbrella review of the evidence. Mol Psychiatry 2023;28:3243-56. https://doi.org/10.1038/s41380-022-01661-0

4.Uchida S, Yamagata H, Seki T, Watanabe Y. Epigenetic mechanisms of major depression: Targeting neuronal plasticity. Psychiatry Clin Neurosci 2018;72:212-27. https://doi.org/10.1111/pcn.12621

5.Flint J, Kendler KS. The Genetics of Major Depression. Neuron 2014;81:484-503. https://doi.org/10.1016/j.neuron.2014.01.027

6.Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Depressão (Internet). Washington DC: OPAS (acessado em: 06/02/2025). Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/depressao

7.Brasil. Ministério da Saúde. Depressão (Internet). Brasília: Ministério da Saúde (acessado em 06/02/2025). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/depressao

8.Dubreucq J, Plasse J, Franck N. Self-stigma in Serious Mental Illness: A Systematic Review of Frequency, Correlates, and Consequences. Schizophr Bull 2021;47:1261-87. https://doi.org/10.1093/schbul/sbaa181

9.Hosanagar A, Cusimano J, Radhakrishnan R. Therapeutic Potential of Psychedelics in the Treatment of Psychiatric Disorders, Part 1. J Clin Psychiatry 2021;82:20ac13786. https://doi.org/10.4088/JCP.20ac13786

10.Bosch OG, Halm S, Seifritz E. Psychedelics in the treatment of unipolar and bipolar depression. Int J Bipolar Disord 2022;10:18. https://doi.org/10.1186/s40345-022-00265-5

11.Reiff CM, Richman EE, Nemeroff CB, Carpenter LL, Widge AS, Rodriguez CI, et al. Psychedelics and Psychedelic-Assisted Psychotherapy. Am J Psychiatry 2020;177:391-410. https://doi.org/10.1176/appi.ajp.2019.19010035

12.Raj P, Rauniyar S, Sapkale B. Psychedelic Drugs or Hallucinogens: Exploring Their Medicinal Potential. Cureus 2023;15:e48719. https://doi.org/10.7759/cureus.48719

13.Patel R, Titheradge D. MDMA for the treatment of mood disorder: all talk no substance? Ther Adv Psychopharmacol 2015;5:179-88. https://doi.org/10.1177/2045125315583786

14.Frazer A, Benmansour S. Delayed pharmacological effects of antidepressants. Mol Psychiatry 2002;7(Suppl 1):S23-8. https://doi.org/10.1038/sj.mp.4001015

15.Xavier CAC, Lobo PLD, Fonteles MMDF, De Vasconcelos SMM, Viana GSDB, De Sousa FCF. Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de ação e abordagem clínica. Arc Clin Psychiatr 2008;35:96-103. https://doi.org/10.1590/S0101-60832008000300002

16.Thorarinsdottir H, Gudmundsdottir B, Sigurdsson E. MDMA-assisted therapy for PTSD. Laeknabladid 2024;110:254-61. https://doi.org/10.17992/lbl.2024.05.793

17.Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Marco legal sobre drogas no Brasil (Internet). Brasília: UNODC (acessado em: 06/02/2025). Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html

18.Drug Enforcement Administration (DEA). Drug scheduling (Internet). Washington, DC: DEA (acessado em 06/02/2025). Disponível em: https://www.dea.gov/drug-information/drug-scheduling

19.U.S. Food and Drug Administration (FDA). Drugs (Internet). Silver Spring: FDA (acessado em 06/02/2025). Disponível em: https://www.fda.gov/drugs

20.Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Lista de substâncias controladas (Internet). Brasília: ANVISA (acessado em 06/02/2025). Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/controlados/lista-substancias

21.Schmid Y, Gasser P, Oehen P, Liechti ME. Acute subjective effects in LSD- and MDMA-assisted psychotherapy. J Psychopharmacol 2021;35:362-74. https://doi.org/10.1177/0269881120959604

22.Jones GM, Nock MK. Lifetime use of MDMA/ecstasy and psilocybin is associated with reduced odds of major depressive episodes. J Psychopharmacol 2022;36:57-65. https://doi.org/10.1177/02698811211066714

23.Wolfson PE, Andries J, Feduccia AA, Jerome L, Wang JB, Williams E, et al. MDMA-assisted psychotherapy for treatment of anxiety and other psychological distress related to life-threatening illnesses: a randomized pilot study. Sci Rep 2020;10:20442. https://doi.org/10.1038/s41598-020-75706-1

24.Yang KH, Han BH, Palamar JJ. Past-year hallucinogen use in relation to psychological distress, depression, and suicidality among US adults. Addict Behav 2022;132:107343. https://doi.org/10.1016/j.addbeh.2022.107343

25.Jones GM. Race and ethnicity moderate the associations between lifetime psychedelic use (MDMA/ecstasy and psilocybin) and major depressive episodes. J Psychopharmacol 2023;37:61-9. https://doi.org/10.1177/02698811221127304

26.Jerome L, Feduccia AA, Wang JB, Hamilton S, Yazar-Klosinski B, Emerson A, et al. Long-term follow-up outcomes of MDMA-assisted psychotherapy for treatment of PTSD: a longitudinal pooled analysis of six phase 2 trials. Psychopharmacology (Berl) 2020;237:2485-97. https://doi.org/10.1007/s00213-020-05548-2

27.Mitchell JM, Bogenschutz M, Lilienstein A, Harrison C, Kleiman S, Parker-Guilbert K, et al. MDMA-Assisted Therapy for Severe PTSD: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Phase 3 Study. Focus (Am Psychiatr Publ) 2023;21:315-28. https://doi.org/10.1176/appi.focus.23021011

Downloads

Publicado

2025-09-25

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Como Citar

1.
Nascimento Cavalcante da Silva V, Coelho Racca de Freitas G, Martins de Lima Moscatelli J, Rangel Maciel Cardoso R, Alves V de O, Mota Ortiz SR. MDMA no tratamento de Transtornos Depressivos: revisão sistemática. Rev Neurocienc [Internet]. 25º de setembro de 2025 [citado 17º de dezembro de 2025];33:1-23. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/neurociencias/article/view/20177