Derivas parisienses em negativo: revelações de um espaço-tempo perdido reencontrado

Autores

  • Aléxia Bretas Professora doutora adjunta da Universidade Federal do ABC.

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2018.v5.9496

Palavras-chave:

Walter Benjamin, Fotografia, Surrealismo, Aura, Reprodução

Resumo

Chamada por Walter Benjamin de capital do século XIX, a cidade de Paris é retratada por Eugène Atget (1857-1927) como uma metrópole em constante movimento construída sobre as ruínas da antiga Lutécia. A missão do fotógrafo é precisamente registrar os vestígios da Velha Paris fadada a desaparecer sob os auspícios da reforma urbana capitaneada pelo barão Haussmann. Segundo Benjamin, suas fotografias prenunciam o surrealismo, já que tornam possível a exploração das energias revolucionárias que transparecem no antiquado, nos objetos abandonados pela moda, nas profissões tornadas obsoletas e/ou nos becos e vielas tortuosas que fazem de seus enquadramentos o cenário perfeito de um crime. Na condição de último refúgio da aura, seus retratos marcam o período mesmo em que o valor de culto começa a ser superado pelo valor de exibição, o que confere aos dias atuais o desafio de ler suas imagens – a um só tempo, mágicas e técnicas – como o próprio epitáfio de uma época.

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Publicado

2018-12-20

Como Citar

Bretas, A. (2018). Derivas parisienses em negativo: revelações de um espaço-tempo perdido reencontrado. Revista Limiar, 5(10), 150–165. https://doi.org/10.34024/limiar.2018.v5.9496