O PROBLEMA DA CAUSALIDADE EM BERGSON:
DUAS INTERPRETAÇÕES BRASILEIRAS
DOI:
https://doi.org/10.34024/limiar.2015.v2.9258Palavras-chave:
Causalidade, Princípio de Identidade, Criação, Criação artística, Bergsonismo no BrasilResumo
A fi m de realizar uma contribuição pontual à história do bergsonismo no Brasil, propomonos compreender a evolução da interpretação do problema da causalidade na fi losofi a de Bergson a partir de duas interpretações de reconhecida relevância. Trata-se de revisitar as obras Presença e campo transcendental, de Bento Prado Jr., e Bergson: intuição e discurso fi losófi co, de Franklin Leopoldo e Silva, à luz do problema da causalidade. Como ambos os autores compreenderam este problema, sua importância e suas consequências fi losófi cas; quais foram os modos pelos quais o colocaram e a ele responderam à medida que interpretavam a obra bergsoniana; como suas alternativas interpretativas distinguem-se e, ao mesmo tempo, complementam-se: tais são as principais questões que animam este trabalho. Bento Prado Jr. revela como Bergson tende a identifi car a causalidade ao determinismo, e como a realocação da causalidade em sua apropriada “região da realidade” exige uma releitura da primeira crítica de Kant. Por sua vez, Franklin Leopoldo e Silva faz valer a constatação de Bento Prado Jr., cujas consequências são estendidas até a conclusão de que a causalidade, na fi losofi a de Bergson, é precisamente substituída pelo conceito de criação na “região da realidade” do tempo. Segundo Franklin Leopoldo e Silva, ao passo que a causalidade simboliza adequadamente o tempo na ciência, a criação é o conceito que exprime a temporalidade da consciência e a especifi cidade da arte.
Downloads
Referências
AZOUVI, F. La gloire de Bergson : essai sur le magistère philosophique. N.RF. Paris: Gallimard, 2007.
BENRUBI, I. Souvenirs sur Henri Bergson. Neuchâtel, Paris: Delachaux et Niestlé, 1942.
BERGSON, H. Écrits Philosophiques. Édition critique sous la direction de Frédéric Worms. Paris: Puf, 2011.
____. [1889] Essai sur les données immédiates de la conscience. Édition critique sous la direction de Frédéric Worms. Paris: Puf, 2011.
____. [1934] La pensée et le mouvant. Édition critique sous la direction de Frédéric Worms. Paris: Puf, 2009.
____. [1907] L’évolution créatrice. Édition critique sous la direction de Frédéric Worms. Paris: Puf, 2009.
____. Mélanges. Textes publiés et annotés par André Robinet. Paris: Puf, 1972.
GOUHIER, H. Bergson dans l’histoire de la pensée occidentale. Paris: Vrin, 1989.
____. Bergson et le Christ des Évangiles. Paris: Fayard, 1961.
____. Étienne Gilson. Trois essais: Bergson, La philosophie chrétienne, L’art. Paris: Vrin, 1993.
JOHANSON, I. Arte e intuição: a questão estética em Bergson. São Paulo: Humanitas e Fapesp, 2005.
____. Bergson: Pensamento e Invenção. São Paulo: Editora da Unifesp, 2014.
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 7ª ed. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.
____. Princípios metafísicos da ciência da natureza. Trad. de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1990.
LACHELIER, J. [1871] Le fondement de l’induction suivi de Psychologie et Métaphysique. 2e éd. Paris : Félix Alcan, 1896.
LEOPOLDO E SILVA, F. “A constituição das existências lógicas (Bergson leitor de Aristóteles)”. In: Discurso, 18, São Paulo, 1990, p. 143-160.
____. Bergson: Intuição e discurso fi losófi co. São Paulo: Loyola, 1994.____. Ética e literatura em Sartre: ensaios introdutórios. São Paulo: Unesp, 2004.
PAIVA, R. Subjetividade e Imagem: a literatura como horizonte na fi losofi a em Henri Bergson. São Paulo: Humanitas, Fapesp, 2005.
PRADO Jr., B. Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na obra de Bergson. São Paulo: Edusp, 1989.
SOREL, G. Réfl exions sur la violence. Paris : Pages Libres, 1908.
SOUZA, T. M. Sartre e a literatura engajada: espelho crítico e consciência infeliz. São Paulo: Edusp, 2008.
VUILLEMIN, J. [1955] Physique et métaphysique kantiennes. 2e éd. Paris : Puf, 1987.