SOBRE A LETRA DO ESPÍRITO:

HIPÓTESES SEMIÓTICAS PARA UMA FILOSOFIA DA LITERATURA

Autores

  • Nazareno Eduardo de Almeida É professor Adjunto II de Metafísica no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina.

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2016.v3.9244

Palavras-chave:

Semiótica, filosofia, literatura, discurso, criatividade

Resumo

Este ensaio apresenta um conjunto de hipóteses em prol de uma concepção semiótica da filosofia da literatura. Na primeira parte, após descrever a concepção estética da literatura, argumento em favor de sua dissolução em um horizonte semiótico mais amplo de compreensão da relação pensamento-linguagem-mundo, a partir do qual uma filosofia da literatura tem de ser concebida como uma filosofia do discurso. Na segunda parte, após mostrar que literatura é um conceito polissêmico aberto e analógico, exponho sumariamente como a gênese deste conceito extrapola o modelo estético tradicional. Na terceira parte, mostro como a polissemia do conceito de literatura pode ser abordada de modo não circular a partir da análise do conceito de literário. Como possível aspecto de todo discurso, de um lado, o literário como narrativa se revela mais básico do que a asserção, e, de outro, deve ser visto como a singularização do discurso, relacionando-se com os conceitos de desempenho, mutação semântica e criatividade linguística.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES. Poética; trad., introd., notas: Eudoro de Souza. Lisboa: INCM, 2010.

BIRUS, H. “Goethes Idee der Weltliteratur: eine historische Vergegenwärtigung”. In SCHMELING, M. (org.) Weltliteratur heute: Konzepte und Perspektiven. Würzburg: Königshausen & Neumann, 1995, p. 5-28.

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renasciment: o contexto de Rabelais; trad. Yara F. Vieira. São Paulo/Brasília: Hucitec/UnB, 1987.

BRANT, S. A nau dos insensatos; trad.: Karin Volobuef. São Paulo: Octavo, 2010

CAPELLA, M. Le nozze di Filologia e Mercurio (latim-italiano); trad., introd., notas: Ilaria Ramelli. Milão: Bompiani, 2004.

CARR, D. Time, narrative, and history. Bloomington/Indianapolis: Indiana UP, 1991.

CHOMSKY, N. Aspects of the theory of syntax. Cambridge: MIT Press, 1965.

CURRIE, M. The unexpected: narrative temporality and the philosophy of surprise. Edimburgo: Edinburgh UP, 2013.

CURTIUS, E. R. European literature and the latin Middle Ages; trad.: Willard R. Trask. Princeton: Princeton UP, 1990.DAMROSCH, D. What is world literature? Princeton: Princeton UP, 2003.

DAVIDSON, D. “The method of truth in metaphysics”. In DAVIDSON, D. Inquiries into truth and interpretation. Oxford: Oxford UP, 1991, p. 199-214.

__________. “Locating literary language”. In DAVIDSON, D. Truth, language, and history: philosophical essays. Oxford: Oxford UP, 2005, p. 167-181.

DeJEAN, J. Antigos contra modernos: as guerras culturais e a construção de um fin de siècle; trad.: Zaila Maldonado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

DESCARTES, R. Meditações de filosofia primeira; trad., introd.: Fausto Castilho. Campinas: Unicamp, 2004.

DE ALMEIDA, N. E. Insignuações: ensaios sobre filosofia da arte e da literatura. Florianópolis: Oficinas de Arte/Bernúncia, 2007.

EISENSTEIN, E. The printing press as an agent of change. Cambridge: Cambridge UP, 1980.

EMISON, P. A. Creating the “divine” artist: from Dante to Michelangelo. Leiden/Boston: Brill, 2004.

FAVAREAU, D. (ed.) Esssential readings in biosemiotics. Dordrecht: Springer, 2010.

FEBVRE, L., MARTIN, H.-J. The coming of the book. The impact of printing: 1450-1800. Londres: NLB, 1976.

FINOCCHIARO, M. A. Galileo and the art of reasoning: rhetorical foundations of logic and scientific method. Dordrecht/Boston: Reidel, 1980.

FOUCAULT, M. Linguagem e literatura. In MACHADO, R. Foucault, filosofia e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 2005, p. 139-174.

GADAMER, H.-G. Verdade e método I; trad.: Flávio P. Meurer. Petrópolis: Vozes, 2012.

GILSON, E. A filosofia na Idade Média; trad.: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

GOODMAN, D. The Republic of Letters. A cultural history of the French Enlightenment. Londres/Ítaca: Cornell UP, 1994.

HAGBERG, G. L., JOST, W. (eds.) A companion to the philosophy of literature. Malden/Oxford: Wiley-Blackwell, 2010.

HALL, C. Galileo’s Reading. Cambridge: Cambridge UP, 2013.

HAUSER, A. História social da arte e da literatura; trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

HEGEL, G. W. F. Cursos de estética, 4 vols; trad.: Marco A. Werle et alii. São Paulo: Edusp, 2001-2004.

HEINICH, N. De l’apparition de l’“artiste” a l’invention des “beux-arts”, In Revue d’Histoire Moderne et Contemporaine, v. 37, n. 1, p. 3-35, 1990.

HIGHET, G. The anatomy of satire. Princeton: Princeton UP, 1962.

__________. La tradición clássica, 2 vols; trad.: Antonio Alatorre. México: Fondo de Cultura, 1996.

HÜHN, P. et alii. (eds.) Handbook of narratology. Berlim/Nova Iorque: De Gruyter, 2009.

HUSSERL, E. Investigações lógicas; trad.: Pedro M. S. Alves, Carlos A. Morujão. Rio de Janeiro: Gen/Forense, 2012.

ITEN, C. Linguistic meaning, truth conditions and relevance: the case of concessives. Nova Iorque: Palgrave, 2005.

KRISTELLER, P. Early florentine woodcuts. Londres: Kegan Paul, 1897.

KRISTELLER, P. O. “The modern system of arts: a study in the history of aesthetics (I)”. In Journal of the History of Ideas, v. 12, n. 4, 1951, p. 496-527.

__________. “The modern system of arts: a study in the history of aesthetics (II)”. In Journal of the History of Ideas, v. 13, n. 41, 1952, p. 496-527, p. 17-46.

LANG, B. The anatomy of philosophical style: literary philosophy and philosophy of literature. Cambridge: Blackwell, 1990.

LEVIN, S. B. The ancient quarrel between philosophy and poetry revisited: Plato and the Greek literary tradition. Oxford: Oxford UP, 2001.

LOTMAN, J. “On the semiosphere”. In Sign systems Studies, v. 33, n. 1, 2005, trad. Wilma Clark, p. 205-229.

MAcCOY, M. Platão e a retórica dos filósofos e sofistas; trad.: Lívia Oushiro. São Paulo: Madras, 2010.

MORENO, R. E. V. Creativity and convention: the pragmatics of everyday figurative speech. Filadélfia/Amsterdam: John Benjamins, 2007.

NEW, C. Philosophy of literature – an introduction. Londres/Nova Iorque: Routledge, 1999.

NUCHELMANS, G. “Philologia et son mariage avec Mercure jusqu’à la fin du XIIe siècle”. In

NUCHELMANS, G. Studies in the history of logic and semantics, 12th-17th centuries. Aldershot: Ashgate, 1996, p. 1-24.

PEIRCE, C. S. Semiótica; trad.: José T. C. Neto. São Paulo: Perspectiva, 2000.PERKINS, M. A. “Romantic theories of national literature and language in Germany,

England, and France”. In SONDRUP, S. P., NEMOIANU, V. (eds.) Nonfictional romantic prose: expanding borders. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2004, p. 97-106.

PIZER, J. “Goethe’s ‘World literature’ paradigm and contemporary cultural globalization”. In Comparative literature, v. 52, n. 3, 2000, p. 213-227.

POLLARD, A. W. Early illustrated books. Londres: Kegan Paul, 1893.

RICOEUR, P. O si-mesmo como um outro; trad.: Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

ROSSI, P. Os filósofos e as máquinas; trad.: Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

SANDYS, J. E. A history of classical scholarship: from de sixth century B. C. to the end of Middle Ages. Cambridge: Cambridge UP, 1903.

SEARLE, J. R. “O estatuto lógico do discurso ficcional”. In SEARLE, J. R. Expressão e significado: estudos da teoria dos atos de fala; trad. Ana C. G. A. Camargo, Ana

L. M. Garcia. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 95-119.

SCHELLING, F. W. J. Filosofia da arte; trad.: Márcio Suzuki. São Paulo: Edusp, 2001.

SCHLEGEL, A. W. Doutrina da arte; trad.: Marco A. Werle. São Paulo: Edusp, 2014.

SHORT, T. L. Peirce’s theory of signs. Cambridge: Cambridge UP, 2007.

TODOROV, T. Teorias do símbolo; trad. Roberto L. Ferreira. São Paulo: Unesp, 2014.

VOLTAIRE. Dizionario filosofico integrale (francês-italiano); trad., introd., notas: Riccardo Campi, Domenico Felice. Milão: Bompiani, 2013.

WORRINGER, W. Die altedeutsche Buchillustration. Munique: R. Piper, 1921.

YORAN, H. Between utopia and dystopia. Erasmus, Thomas More, and the humanist Republic of Letters. Lanham/Plymouth: Lexington Books, 2010.

Downloads

Publicado

2019-03-24

Como Citar

Almeida, N. E. de. (2019). SOBRE A LETRA DO ESPÍRITO:: HIPÓTESES SEMIÓTICAS PARA UMA FILOSOFIA DA LITERATURA. Revista Limiar, 3(5), 15–66. https://doi.org/10.34024/limiar.2016.v3.9244