Sentado no chão, imerso num vazio profundo: um desenho existencialista de um menino de Clarice Lispector

Autores

  • Juliana Oliva Universidade Federal do ABC (UFABC)

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2024.v11.19883

Resumo

Este artigo tem como propósito apresentar uma leitura filosófica do conto “Menino a bico de pena” (1971), de Clarice Lispector, fundamentada na perspectiva filosófica existencialista de Simone de Beauvoir. Considerando as linguagens filosófica e literária em suas especificidades, bem como a possibilidade de estabelecermos uma relação de complementaridade, mas nunca de subordinação entre os dois gêneros, este trabalho sugere um diálogo entre a irrupção da imagem do bebê, personagem do conto de Lispector, um menino que percebe a realização de sua existência em seu corpo na relação com o mundo e com o outro, e a descrição fenomenológico existencial beauvoiriana da infância como estado passageiro de privilégio metafísico no qual a relação com o outro é fundamental para que a criança possa, no futuro, se reconhecer e se afirmar como liberdade.

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Publicado

2024-12-22

Como Citar

Sentado no chão, imerso num vazio profundo: um desenho existencialista de um menino de Clarice Lispector. (2024). Revista Limiar, 11(21), 126-144. https://doi.org/10.34024/limiar.2024.v11.19883