O real estado de exceção de Walter Benjamin contra o “estado de exceção” de Carl Schmitt

Autores

  • Bruno Cardoni Ruffier UFRGS
  • Gerson Tadeu Astolfi Vivan Filho UFRGS
  • Rodrigo Luz Peixoto UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2022.v9.13465

Palavras-chave:

Walter Benjamin, Carl Schmitt, estado de exceção, teologia política, Direito, Violência

Resumo

Neste estudo, propomos uma interpretação da oposição entre “estado de exceção” e real estado de exceção na oitava tese Sobre o Conceito de História de Walter Benjamin, levando em conta o contexto político em que o fragmento foi escrito. A teoria benjaminiana da história, quanto à relação entre exceção e norma, pode ser lida como resposta prática e concreta à crise política da República de Weimar. A partir dessa contextualização da escrita de Benjamin, sugerimos uma relação entre o real estado de exceção e a violência revolucionária de Para uma Crítica da Violência como uma resposta à teoria fascista do estado de exceção defendida por Carl Schmitt. É nosso argumento que a teorização da exceção por Benjamin e Schmitt podem ser entendidas como um espelhamento de oposições mútuas, expresso na forma de uma batalha teológico-política sobre a violência, o direito e o Estado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estado de Exceção. trad. Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.

BARSALINI, Glauco. Direito e Política na Obra de Giorgio Agamben: soberania e estado de exceção permanente. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2013.

BECK, H. The moment of rupture: historical consciousness in interwar German thought. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2019.

BENDERSKY, J. W. Carl Schmitt: Theorist for the Reich. New Jersey: Princeton University Press, 1983.

BENJAMIN, Walter. “Para a Crítica da Violência”. In: Escritos sobre Mito e Linguagem. trad. Ernani Chaves. In: Escritos sobre Mito e Linguagem. org. Jeanne Marie Gagnebin. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades, Editora 34, 2013a.

_______________. “Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem do homem”. trad. Susana Kampff Lages. In: Escritos sobre Mito e Linguagem. org. Jeanne Marie Gagnebin. 2ª ed. São Paulo: Duas Cidades, Editora 34, 2013b.

_______________. “Teorias do fascismo alemão”. In: Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 61-72.

_______________. Origem do drama trágico alemão. Trad. João Barrento. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020a.

_______________. Rua de mão única. trad. João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica, 2020b.

_______________. O direito de usar a violência*. Trad. Juliana Serôa da Motta Lugão. Revista Direito e Práxis. Rio de Janeiro, v.11, n.3, 2020c, p. 2090-2098.

_______________. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Benjamin e a obra de arte. Trad. Marijane Lisboa e Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

_______________. “Sobre o Conceito de História”. trad. Jeanne Marie Gagnebin e Marcos Lutz Müller. In: LOWY, Michel. Walter Benjamin: Aviso de Incêndio, uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. São Paulo, Boitempo, 2005.

_______________. “Fragmento teológico-político”. In: O anjo da História. trad. João Barrento. Belo Horizonte, Autêntica, 2019.

_______________. Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. Trad. José Martins Barbosa, Hemerson Alves Baptista. 3a. ed. São Paulo: Brasiliense, 1997.

______________. A tarefa do Tradutor. In: A Tarefa do Tradutor, de Walter Benjamin: quatro traduções para o português. trad. João Barrento. Belo Horizonte: Viva Voz (UFMG), 2009.

BOHRER, K. H. Suddenness : on the moment of aesthetic appearance. [S. l.]: New York : Columbia University Press, 1994. E-book. Disponível em: http://archive.org/details/suddennessonmome0000bohr. Acesso em: 28 jan. 2022.

BREDEKAMP, Horst. “From Walter Benjamin to Carl Schmitt, via Thomas Hobbes”. In: Critical Inquiry, Vol. 25, No. 2, "Angelus Novus": Perspectives on Walter Benjamin, 1999, pp. 247-266.

BUENO, R. Uma interpretação conservadora-revolucionária de Carl Schmitt. Madrid: Dykinson, 2018.

CALDWELL, P. Popular Sovereignty and the Crisis of German Constitutional Law: The Theory and Practice of Weimar Constitutionalism. London: Duke University Press, 1997.

DYMETMAN, Annie. Uma arquitetura da indiferença: a República de Weimar. São Paulo: Perspectiva, 2002. (Estudos).

DYZENHAUS, D. Legality and legitimacy: Carl Schmitt, Hans Kelsen and Hermann Heller in Weimar. Reproduction 2003ed. Oxford: Clarendon Press, 1997.

GROSS, R. Carl Schmitt et les Juifs. 1. ed. Paris: Presse Universitaire de Paris, 2005.

HERF, J. O Modernismo Reacionário: Tecnologia, Cultura e Política na República de Weimar e no 3o Reich. Campinas: Editora Ensaio, 1993.

KELSEN, Hans. A democracia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

____________. A paz pelo direito. 1a edição. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

____________. “Quem deve ser o guardião da Constituição?”. In: Jurisdição Constitucional. 3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013, p. 237–299.

____________. Autobiografia de Hans Kelsen. Trad. Gabriel Nogueira Dias & José Ignácio Coelho Mendes Neto. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

____________. Teoria Pura do Direito. Trad. João Baptista Machado. São Paulo, Martins Fontes, 2006.

KERVÉGAN, J.-F. Hegel, Carl Schmitt: o político entre a especulação e a positividade. Barueri, SP: Manole, 2006.

LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio, uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2005.

LÖWY, Michael. Redenção e utopia: o judaísmo libertário na Europa Central (um estudo de afinidade eletiva). 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2020.

MCCORMICK, J. P. Carl Schmitt’s Critique of Liberalism: Against Politics as Technology. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

MOSSE, G. L. The Crisis of German Ideology: The Intellectual Origins of the Third Reich. New York: Schocken Books, 1981.

RAMIRO, C. H. L. Heurística do poder e perspectivas críticas ao estado de direito: uma leitura a partir de Walter Benjamin. [S. l.], 2013. Artigo. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/496963. Acesso em: 31 jan. 2022.

SCHMITT, Carl A crise da democracia Parlamentar. São Paulo: Página Aberta, 1996a.

_____________. Carl Schmitt’s early legal-theoretical writings: Statute and judgment and the Value of the state and the significance of the individual. Cambridge, United Kingdom ; New York, NY: Cambridge University Press, 2021.

_____________. “La Constitution de la liberté”. In: Un Détail Nazi sur la Pensée de Carl Schmitt. Paris: Presse Universitaire de France, 2005a. p. 53–58.

_____________. O conceito do político. trad: Alexandre Franco de Sá. Lisboa: Ed. 70, 2015a.

_____________. “O Führer protege o direito”. trad. Peter Naumann In: Carl Schmitt e a Fundamentação do Direito. São Paulo: Max Limonad, 2001. p. 219–225.

_____________. Political Theology: Four Chapters on the Concept of Sovereignty. Chicago and London: The University of Chicago Press, 2005b.

_____________. “Prussia contra Reich: Schmitt’s closing statement in Leipzig”. In: The Guardian of the Constitution: Hans Kelsen and Carl Schmitt on the Limits of Constitutional Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2015b. p. 222–228.

_____________. Roman Catholicism and Politic Form. Westport: Greenwood Press, 1996b.

_____________. “Sobre os três tipos de pensamento jurídico”. trad. Peter Naumann. In: In: Carl Schmitt e a Fundamentação do Direito. São Paulo: Max Limonad, 2001b.

_____________. “The Age of Neutralizations and Depoliticizations”. In: The Concept of the Political: Expanded Edition. Chicago: The University of Chicago Press, 2007a. p. 80–97.

_____________. The Concept of the Political. London: The University of Chicago Press, 1996c.

_____________. “The Guardian of the Constitution: Schmitt on pluralism and the president as the guardian of the constitution”. The Guardian of the Constitution: Hans Kelsen and Carl Schmitt on the Limits of Constitutional Law. Cambridge: Cambridge University Press, 2015c. p. 125–173.

____________. The Leviathan in the state theory of Thomas Hobbes: meaning and failure of a political symbol. Westpor: Greenwood Press, 1996d.

____________. The nomos of the earth in the international law of the Jus Publicum Europaeum. trad. G. L. Ulmen. 1. ed. New York: Telos Press, 2006.

____________. La Dictadura. Madri: Alianza Editoral, 1999.

SONTHEIMER, K. Anti-Democratic Thought in the Weimar Republic. New York: Meridian, 1958.

SPENGLER, Oswald. The decline of the west. [S. l.: s. n.], 2013.

STRAUSS, Leo. “German Nihilism”. In: Interpretation, v. 26, p. 353–378, 1999.

STRAUSS, Leo. “Notes on the Concept of the Political”. In: The Concept of the Political. Chicago: The University of Chicago Press, 2007. p. 92–122.

VINX, L. The Guardian of the Constitution: Hans Kelsen and Carl Schmitt on the Limits of Constitutional Law. United Kingdom: Cambridge University Press, 2015.

WOLIN, R. “Carl Schmitt, Political Existentialism, and the Total State”. In: Theory and Society, [s. l.], v. 19, n. 4, p. 389–416, 1990.

WOLIN, R. “Carl Schmitt: The Conservative Revolutionary Habitus and the Aesthetics of Horror”. In: Political Theory, [s. l.], v. 20, n. 3, p. 424–447, 1992.

ZARKA, Y. C. Un détail nazi dans la pensée de Carl Schmitt. Paris: Presse Universitaire de France, 2005.

Downloads

Publicado

2022-08-16

Como Citar

Cardoni Ruffier, B., Astolfi Vivan Filho, G. T., & Luz Peixoto, R. (2022). O real estado de exceção de Walter Benjamin contra o “estado de exceção” de Carl Schmitt. Revista Limiar, 9(17), 28–70. https://doi.org/10.34024/limiar.2022.v9.13465