Realização e esgotamento em Molloy

Autores

  • Gustavo de Almeida Nogueira

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2021.v8.12763

Palavras-chave:

Deleuze, Esgotado, Beckett, Molloy

Resumo

Partindo das definições de “cansado”, “esgotado” e de “combinatória exaustiva” do ensaio O Esgotado (1992), de Gilles Deleuze, o artigo busca tatear o alcance de tais conceitos em uma análise da dupla de narradores-narrados Molloy e Moran, do romance beckettiano Molloy (1951). Em chave expansiva, lemos as considerações de Gontarski a respeito das enumerações de possibilidades inesgotáveis como um salto para além da “combinatória exaustiva” do “esgotado”, estabelecendo pontos de contato com o conceito deleuziano de “virtualidade”. Na outra ponta da distinção entre “cansado” e “esgotado”, propomos uma leitura do “hábito”, conforme exposto no ensaio Proust (1931), de Beckett, como um mecanismo refreador do cansaço e orientador das realizações do possível, cujo esfacelamento acarreta uma abolição das hierarquias temáticas de Moran. Como conclusão, discorremos sobre a indiferença própria do “esgotado” de Molloy como uma postura narrativa que ocupa um lugar singular na literatura do pós-guerra.

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Publicado

2021-10-05

Como Citar

Gustavo de Almeida Nogueira. (2021). Realização e esgotamento em Molloy. Revista Limiar, 8(16), 39–55. https://doi.org/10.34024/limiar.2021.v8.12763