Memória, ditadura e desaparecimento

o congelamento dos processos de subjetivação

Autores

  • Edson Teles Unifesp

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2020.v7.11471

Palavras-chave:

Memória; Corpo; Subjetividade; Michel Foucault; Vala de Perus

Resumo

O artigo tem como objetivo problematizar a conceituação dos processos de subjetivação por meio da análise das políticas públicas de memória. Argumentar-se-á que tais políticas, como têm sido praticadas nas democracias contemporâneas herdeiras de regimes autoritários, a saber, por meio de uma lógica de cálculos e estratégias utilizadas para conduzir a ação dos indivíduos, configuram regimes de congelamento do agir. Utilizar-se-á como objeto central do caso da Vala Clandestina de Perus. A proposição central é a de que, ao mesmo passo em que trazem alguma diminuição para o sofrimento dos atingidos, essas políticas produzem um regime de rarefação da criação de novos processos de subjetivação.

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Publicado

2021-04-28

Como Citar

Teles, E. (2021). Memória, ditadura e desaparecimento: o congelamento dos processos de subjetivação. Revista Limiar, 7(14), 278–294. https://doi.org/10.34024/limiar.2020.v7.11471