Dizer sem poder dizer

o “paradoxo de Levi” segundo a interpretação de Giorgio Agamben

Autores

  • Felipe Alves da Silva Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.34024/limiar.2020.v7.11297

Palavras-chave:

Primo Levi, Memória, Testemunho

Resumo

A partir de textos de Primo Levi e da argumentação apresentada por Giorgio Agamben de que o testemunho seria um paradoxo, busca-se investigar os limites da linguagem autoral, discutindo a respeito de como se daria o testemunho daqueles que no campo de concentração pereceram, ou melhor, para usar um conceito de Levi, como o não-homem (non-uomini) falaria através do homem. O estudo pretende demonstrar a importância da literatura de testemunho, pois seria por intermédio dela que o sobrevivente exerce o imperativo de narrar sua experiência em nome de outro. Objetiva-se tratar sobre as limitações da linguagem, de modo que auxilie a fundamentar ainda mais a autenticidade dos sobreviventes em poder falar em nome de um não-poder dizer, um falar no lugar do outro.

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Biografia do Autor

Felipe Alves da Silva, Universidade de São Paulo

Mestrando em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Bolsista CNPq. E-mail para contato: felipealves_silva@yahoo.com.

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Publicado

2021-04-28

Como Citar

da Silva, F. A. (2021). Dizer sem poder dizer: o “paradoxo de Levi” segundo a interpretação de Giorgio Agamben. Revista Limiar, 7(14), 210–250. https://doi.org/10.34024/limiar.2020.v7.11297