A História da recepção da Antiguidade em tempos de decolonização

Autores

  • Anderson Zalewsky Vargas Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.34024/herodoto.2023.v8.20107

Palavras-chave:

Decolonização, Recepção da Antiguidade, Eurocentrismo, Anátema

Resumo

Neste artigo, reflito sobre a situação dos estudos de Recepção da Antiguidade neste tempos em que, certa apropriação do pensamento decolonial conduz ao questionamento geral, especialmente nos ambientes acadêmicos, da propriedade dos estudos da Antiguidade Greco-Romana no Brasil. Primeiramente, mostro que há certos elementos que podem ajudar a entender desejos de depuração intelectual. Contudo, a leitura de alguns textos de intelectuais de destaque da teoria decolonial mostra, com certa facilidade, que a superação do eurocentrismo não transforma em anátema o passado greco-latino, muito menos seu estudo e investigação. Por fim, trato da pertinência da História da Recepção da Antiguidade na realização dos desideratos decoloniais.

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Biografia do Autor

  • Anderson Zalewsky Vargas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    É licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1986), mestre em História do Rio Grande do Sul pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992) e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (2001), com tese sobre a obra de Tucídides. Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Departamento e no Programa de Pós-graduação em História. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Grécia Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: Recepção da Antiguidade, Recepção e Retórica; relação entre história e retórica nos mundos antigo e contemporâneo, historiografia antiga, mito e razão. (Texto informado pelo autor)

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Publicado

2025-02-13

Como Citar

A História da recepção da Antiguidade em tempos de decolonização. (2025). Heródoto: Revista Do Grupo De Estudos E Pesquisas Sobre a Antiguidade Clássica E Suas Conexões Afro-asiáticas, 8(2), 156-175. https://doi.org/10.34024/herodoto.2023.v8.20107