Entre a pistis e o logos

Jâmblico e o (re)encontro da Filosofia com a religião

Autores

  • Gilvan Ventura da Silva Universidade Federal do Espírito Santo

DOI:

https://doi.org/10.34024/herodoto.2021.v6.13911

Palavras-chave:

Império Romano, Antiguidade Tardia, Filosofia, Religião, Jâmblico

Resumo

Neste artigo, temos por objetivo refletir sobre a aproximação entre a pistis (crença) e o logos (razão) que começa a se aprofundar na época imperial, em boa parte devido ao trabalho de autores como Fílon de Alexandria e Nigídio Fígulo, quando ambos passam a colocar a filosofia a serviço da religião, tendência que se afirmará no decorrer dos séculos posteriores até encontrar a sua forma mais bem acabada em Jâmblico, um filósofo neoplatônico que se notabilizará não apenas  como filósofo, mas também como hierofante e, mais que isso, como teurgo, ou seja, feiticeiro.  Por esse motivo, talvez não seja exagero afirmar que, no pensamento de Jâmblico, filosofia e religião praticamente se confundem, num momento em que os deuses ancestrais de gregos, romanos, egípcios, fenícios e tantos outros povos eram alvo de severos ataques desferidos pelos cristãos, que buscavam instaurar um novo mundo depurado da “impiedade” pagã.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gilvan Ventura da Silva, Universidade Federal do Espírito Santo

Gilvan Ventura da Silva é doutor em História pela Universidade de São Paulo (Usp), mestre em História Antiga e Medieval, bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Professor Titular de História Antiga da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É editor de Romanitas, Revista de Estudos Grecolatinos e membro dos seguintes grupos de pesquisa: Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (Usp); Arqueologia Histórica (Unicamp); Núcleo de Estudos Mediterrânicos (UFPR); Cultura escrita e oralidade na Antiguidade e no Medievo (Uece); Estudos de gênero, discursos, religiosidades e uso e costumes do passado da Antiguidade Clássica à Tardia (UFPA) e ATRIVM - Espaço Aberto de Estudos Clássicos (UFRJ). É coordenador da seção ES do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (Leir), desenvolvendo projetos de investigação acerca dos vínculos entre espaço, identidade, religião e poder na Antiguidade. Em 2014, cumpriu estágio técnico-científico na Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, no âmbito do Projeto de Cooperação Internacional Ufes/UMinho. Em 2017, atuou como Professor Visitante junto à Università Ca'Foscari (Veneza) no âmbito do Programa Erasmus Plus de mobilidade acadêmica. Entre 2016 e 2018, coordenou o Projeto de Cooperação Internacional Cotidiano, sociabilidades e usos do espaço no Império Romano, em parceria com a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, no âmbito do Programa Capes/FCT. Entre 2017 e 2019 coordenou o Programa de Pós-Graduação em História da Ufes. (Texto informado pelo autor)

http://lattes.cnpq.br/0104906936908227

Referências

Documentação textual

DIÔGENES LAÊRTIOS. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução do grego, introdução e notas por Mário da Gama Kury. Brasília: Editora UnB, 2008, p. 240.

IAMBLICHUS. De Mysteriis. Translated with an introduction and notes by John M. Dillon and Jackson P. Hershbell. Atlanta: The Society of Biblical Literature, 2003.

JÁMBLICO. Sobre los misterios egipcios. Introducción, traducción y notas de Enrique Ángel Ramos Jurado. Madrid: Gredos, 1997.

Obras de Apoio

ADDEY, C. Divination and theurgy in Neoplatonism. London: Routledge, 2014

ANDERSON, G. Sage, saint and sophist. London: Routledge, 1994.

BAZÁN, F. G. Aspectos incomuns do sagrado. São Paulo: Paulus, 2002.

BETZ, H. D. The Greek magical papyri in translation. Chicago: The University of Chicago Press, 1996. v. 1.

BIDEZ, J. Le philosophe Jamblique et son école. Révue des Études Grecques, t. 32, fasc. 146-150, p. 29-40, 1919.

CLARKE, E. C. Iamblichus’ De Mysteriis: a manifesto of the miraculous. Aldershot: Ashgate, 2001.

DES PLACES, E. Introduction. In: Oracles chaldäiques avec un choix de commentaires anciennes. Texte établi e traduit par E. des Places. Paris: Les Belles Lettres, 1989.

DES PLACES, E. Notice. In: JAMBLIQUE. Les mysteriis d’Egypte. Texte établi et traduit par Édouard Des Places. Paris: Les Belles Lettres, 1966, p. 5-37.

DILLON, J. Iamblichus of Chalcis (c. 240-325 AD). Aufstieg und Niedergang der römischen, v. 2, 16.2, p. 863-909, 1987.

DODDS, E. R. Os gregos e o irracional. São Paulo: Escuta, 2002.

DODDS, E. R. Paganos y cristianos en una época di angustia. Madrid: Cristiandad, 1975.

DUMONT, J. P. A filosofia antiga. Lisboa: Edições 70, 1986.

HORNBLOWER, S.; SPAWFORTH, A.; EIDINOW, E. (ed.). The Oxford Classical dictionary. Oxford: Oxford University Press, 2012.

KINGSLEY, P. Ancient philosophy, mystery, and magic: Empedocles and Pythagorean tradition. Oxford: Oxford Clarendon Press, 1995.

MONTERO, P. Magia e pensamento mágico. São Paulo: Ática, 1990.

MONTERO, S. Diccionario de adivinos, magos y astrólogos de la Antigüedad. Madrid: Trotta, 1997

MOST, G. W. Philosophy and religion. In: SEDLEY, D. (ed.). The Cambridge companion to Greek and Roman philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 2016, p. 300-322.

MUELLER, G. E. Plato and the gods. The Philosophical Review, v. 45, n. 5, p. 457-472, 1936.

PETROVIC, A.; PETROVIC, I. Inner purity and pollution in Greek religion. Oxford: Oxford University Press, 2016.

POTTER, D. Prophets and emperors: human and divine authority from Augustus to Theodosius. Cambridge: Harvard University Press, 1994.

RAMOS JURADO, E. A. Introducción. In: JÁMBLICO. Sobre los misterios egipcios. Introducción, traducción y notas de Enrique Ángel Ramos Jurado. Madrid: Gredos, 1997, p. 7-37.

REALE, G. História da filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1994a, v. III.

REALE, G. História da filosofia antiga. São Paulo; Loyola, 1994b, p. 219. v. IV.

ROMANO, F. Il neoplatonismo. Roma: Carocci, 1998.

SHAW, G. Theurgy and the soul: The Neoplatonism of Iamblichus. Pennsylvania: The Pennsylvania States University Press, 1995.

SILVA, G. V. Reis, santos e feiticeiros: Constâncio II e os fundamentos místicos da ‘basileia’ (337-361). Vitória: Edufes, 2003.

SMITH, A. Iamblichus, the first philosopher of religion? Habis, n. 31, p. 345-353, 2000.

TANASEANU-DÖBLER. Theurgy in Late Antiquity: The invention of a ritual. Göttingen: Vanderhoeck & Ruprecht, 2013.

VERNANT, J. P. Mito e pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

VEYNE, P. Acreditavam os gregos em seus mitos? Lisboa: Edições 70, 1987.

https://www.phil-fak.uni-duesseldorf.de/philo/galerie/antike/jamblich.html

Publicado

2022-05-22

Como Citar

Silva, G. V. da. (2022). Entre a pistis e o logos : Jâmblico e o (re)encontro da Filosofia com a religião. Heródoto: Revista Do Grupo De Estudos E Pesquisas Sobre a Antiguidade Clássica E Suas Conexões Afro-asiáticas, 6(2), 49–76. https://doi.org/10.34024/herodoto.2021.v6.13911