A escrita da História Antiga escolar nos anos de 1820-1830
o caso de Précis de l'Histoire Ancienne e a narrativa acerca dos gregos de Auguste Poirson
DOI:
https://doi.org/10.34024/herodoto.2021.v6.13776Palavras-chave:
História antiga Escolar, Livros didáticos, Gregos antigos, EurocentrismoResumo
A História enquanto disciplina escolar tornou-se cada vez mais presente ao longo do processo de escolarização desencadeado pelos debates iluministas e a Revolução Francesa, ainda que com contornos muito distintos daquilo que nos é familiar atualmente e formata nossos livros didáticos. A coleção de Précis de l’Histoire se apresenta como um artefato especial para a análise desse processo: composta por cinco volumes e cuja publicação aparece completa em 1830, sendo prescrita desde então para os collèges parisienses como um curso de história, na acepção moderna do termo. O artigo objetiva analisar a construção narrativa, feita por Auguste Poirson, acerca dos gregos e sua origem presente nas segunda e terceira edições (1828; 1831) do Précis de l’Histoire Ancienne para demonstrar: a datada indefinição de fronteiras para a escrita de um compêndio destinado ao uso escolar; e também, nos termos da nascente historiografia profissionalizada, o debate entre inteligibilidades antigas e modernas. Ao mesmo tempo, propõe reflexões acerca da escrita da história Antiga escolar tendo como horizonte o escopo temporal entre o início e o fim do século XIX e o início do século XX.
Downloads
Métricas
Referências
BARNABÉ, L. E. A História Antiga em compêndios franceses e brasileiros no Imperial Colégio de Pedro II ou o caso Justiniano José da Rocha: História, disciplina escolar e impressos (1820-1865). 2019. 222 f. Tese – UNESP, Assis, 2019.
BERNAL, Martin. A Imagem da Grécia Antiga como uma Ferramenta para o Colonialismo e para a Hegemonia Europeia. In: FUNARI, Pedro Paulo. Repensando o Mundo Antigo. Textos Didáticos. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2005.
BERNAL, Martin. Atenea Negra: Las Raíces Afroasiáticas de la Civilización Clásica. V. I: La invención de La Antigua Grecia, 1785-1985. Traducción castellana de Teófilo de Lozoya. Barcelona: Crítica -Grupo Grijalbo-Mondadori, 1993.
BETHENCOURT, Francisco. Racismos. Das Cruzadas ao Século XX. São Paulo: Cia das Letras, 2018.
BITTENCOURT, Circe Fernandes. Reflexões sobre o ensino de História. Estud. av., São Paulo, v. 32, n. 93, p. 127-149, Ago. 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142018000200127&lng=en&nrm=iso>. Acesso: 28 Abr. 2021. https://doi.org/10.5935/0103-4014.20180035.
BOULOS, Alfredo. História – Sociedade e cidadania. 6º ano. São Paulo: FTD, 2018.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNC C_20dez_site.pdf . Acesso em: 06 de fevereiro de 2020.
BRUTER, Annie. L’Histoire Enseignée au Grand Siècle – Naissance d’une pédagogie. Paris: Benin, 1997.
BRUTER, Annie. Les créations successives de l'enseignement de l'histoire au cours du premier XIX ͤ siècle. In: CASPARD P.,LUC J.N., SAVOIE, P. (dir.), Lycées, lycéens, lycéennes, deux siècles d'histoire. Paris: Institut National de Recherche Pédagogique, 2005. p. 177-197. (Bibliothèque de l'Histoire de l'Education, 28). Disponível em: http://www.persee.fr/doc/inrp_0000-0000_2005_act_28_1_9250. Acesso em: 12 set. 2017.
BRUTER, Annie. L’enseignement de l’histoire nationale à école primaire avant a la III République. Histoire de L’Education. p. 11-32, avril, 2010. Disponível em: http://histoire-education.revues.org/2147. Acesso em: 16 nov. 2017.
BRUTER, Annie. Um exemplo de pesquisa sobre a história de uma disciplina escolar: A História Ensinada no século XVII. História da Educação. ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, n. 18, p. 7-21, set. 2005.
BUSTAMANTE, R. M. Para além do atenocentrismo: um desafio para a história ensinada. In: ROCHA, H., REZNIK, L., MAGALHÃES, M. (org.). Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas. Rio de Janeiro: FGV Editora. 2017, p.288.
CAYX, Charles; POIRSON, Auguste. Précis de l'histoire ancienne. 2. ed. Paris: Ed. Louis Colas, 1828.
CAYX, Charles; POIRSON, Auguste. Précis de l'histoire ancienne. 3. ed. Paris: Ed. Louis Colas, 1831.
CHERVEL, André. História das disciplinas escolares: Reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, Porto Alegre, v. 2, p. 177-229, 1990.
CHERVEL, André; COMPÈRE, Marie-Madeleine. As humanidades no ensino. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 149-170jul./dez. 1999.
CHOPPIN, Alain. O Manual Escolar: Uma Falsa Evidência Histórica. Tradução de Maria Helena C. Bastos. História da Educação. ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v. 13, n. 27, p. 9-75, jan./abr. 2009. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/asphe/article/view/29026. Acesso em: 13 dez. 2015.
DELACROIX, Christian; DOSSE, François; GARCIA, Patrick. Correntes Históricas na França: Séculos XIX e XX. São Paulo: Ed. Unesp; Rio de Janeiro: Ed. FVG: 2012.
FILLAFER, Franz Leander. A world connecting? From the unity of History to Global History. History and Theory, Middletown, v. 56, n. 1, p. 3-37, mar. 2017. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/hith.12000. Acesso em: 18 mar. 2017.
FREITAS, Itamar. A História Universal de José Estácio Correia de Sá e Benevides (1890/1903). In: FREITAS, Itamar. Histórias do Ensino de História no Brasil. São Cristovão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2006. p. 127-182.
FUNARI, Pedro Paulo. A Renovação da História Antiga. In: KARNAL, Leandro. História na sala de aula: Conceitos, práticas e propostas. São Paulo : Editora Contexto, 2003. p.95-108.
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.
HARTOG, François. Regimes de Historicidade: Presentismo e Experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.
HEEREN, Arnold Hermann Ludwig. Manuel de l’histoire ancienne. 2. ed. Paris: Chez Firmin Didot - Pére et Fils, 1827.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos Históricos. Rio de Janeiro: Contra ponto, 2006.
LIVERANI, Mario. Antigo Oriente: História, sociedade, economia. 1. ed. São Paulo: Edusp, 2016.
MORALES, Fábio Augusto; SILVA, Uiran Gebara da. História Antiga e História Global: afluentes e confluências Artigos. Revista Brasileira de História, vol. 40, n. 83, p. 125-150, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-93472020v40n83-06
POIRSON, Auguste. Histoire des Grecs depuis les temps les plus anciens, jusqu’à la guerre médique. – La Grèce dans l’etat sauvage et dans les temps de première civilisation. In : CAYX, Charles; POIRSON, Auguste. Précis de l'histoire ancienne. 3. ed. Paris: Ed. Louis Colas, 1831a. p. i – xix.
POIRSON, Auguste. Introduction de La Histoire de La Grèce. In : CAYX, Charles; POIRSON, Auguste. Précis de l'histoire ancienne. 3. ed. Paris: Ed. Louis Colas, 1831b. p. 110-152.
POIRSON, Auguste.État social et politique de la Grèce vers le temps de la guerre de Troie. In : CAYX, Charles; POIRSON, Auguste. Précis de l'histoire ancienne. 3. ed. Paris: Ed. Louis Colas, 1831c. p. 180-231.
SEIGNOBOS, C. Compendio de História da Civilisação. Trad. de D.A. Cohen. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1914.
SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI. Reinaldo. Inspire história. 6º ano: ensino fundamental. 1.ed. São Paulo: FTD, 2018.
SILVA, Gilvan Ventura; GONÇALVES, Ana Teresa Marques. Algumas reflexões sobre os conteúdos de História Antiga nos livros didáticos brasileiros. História & Ensino. Londrina, v. 7, 2001. p.123-142. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/view/12313 . Acesso em: 30 jun. 2014.
VLASSOPOULOS, Kostas. Unthinking the Greek Polis: Ancient Greek History beyond Eurocentrism. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
VIDAL-NAQUET, Pierre. Os Gregos, os Historiadores e a Democracia: O grande desvio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Heródoto: Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob aLicença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).