Chamadas em aberto para dossiês: "fontes para a história da alimentação no mundo atlântico" e “Paratextos na Época Moderna: limiares metodológicos e questões documentais”

2025-04-05

Chamada de dossiê "fontes para a história da alimentação no mundo atlântico"

Organizadores: René Lommez Gomes (Universidade Federal de Minas Gerais), Jacqueline Sarmiento (Universidad Nacional de La Plata) e Jaime Rodrigues (Universidade Federal de São Paulo)

Cadernos e livros de receitas, listas de compras, recibos de venda, inventários, relatos de viagem, textos memorialísticos ou literários, imagens – existem inúmeras tipologias de registro do passado que podem servir de fontes para o estudo da História da Alimentação. Existe, também, uma ampla gama de possibilidades de uso destas fontes, em face das informações buscadas para atender uma ou outra das várias vertentes da História da Alimentação, seja na perspectiva da produção de insumos ou do abastecimento, das práticas alimentares e regras de comensalidade, das tradições culinárias e sua regulação social, da cultura material da cozinha ou da produção do saber técnico. Contudo, ainda que a História da Alimentação esteja se consolidando como um importante e multifacetado campo de investigação, poucos esforços foram envidados para se pensar a constituição das corpora documentais que a informam e as melhores metodologias para o seu tratamento, especialmente com foco nos trânsitos geográficos das práticas alimentares e dos encontros culturais.

Este dossiê da Revista de fontes, intitulado “Fontes para a História da Alimentação no mundo Atlântico”, reunirá trabalhos sobre a alimentação desde o período pré-colombiano até hoje. A proposta é refletir sobre diferentes tipos de documentos e métodos de uso das fontes para a História da Alimentação, incentivando pesquisadores a explorar novos materiais ou revisitar os conhecidos estabelecidos sob novas perspectivas. Data limite para submissão de textos: 27 de julho de 2025.

https://periodicos.unifesp.br/index.php/fontes/about/submissions

 

Chamada de dossiê “Paratextos na Época Moderna: limiares metodológicos e questões documentais”

Organizadoras: Andréa Doré (Universidade Federal do Paraná) e Verônica Calsoni Lima (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)

Títulos, prefácios, informações sobre o impressor, bem como notas, índices, comentários, epígrafes, dedicatórias, entre muitos outros, são exemplos daquilo que se conhece como paratextos, termo empregado pela primeira vez de maneira sistemática pelo teórico literário e semiólogo francês Gérard Genette na década de 1980. O programa do teórico francês foi elaborado para lidar com um campo empírico específico, a saber, a figura autoral do romance ocidental e o mercado editorial configurado sobretudo entre os séculos XIX e XX. É possível falar de paratextos na Época Moderna, quando “autor”, “editor” e até “leitor” eram termos mal definidos?

A pergunta desse dossiê é se faz sentido buscar em outros “textos” (não importando a mídia, o gênero, o suporte) de outro recorte temporal (séculos XV-XVIII), elementos que desempenhem papéis análogos aos dos paratextos no material analisado pelo autor francês. Essa problematização voltada ao regime de produção documental do Antigo Regime ganha relevo, pois, na passagem das obras manuscritas para a forma impressa e seu consequente estatuto de livro-mercadoria atendendo a um público anônimo, há uma “explosão prefacial”, verificada na profusão de páginas de título, frontispícios, licenças, privilégios de publicação, poemas, dedicatórias, cartas ao leitor, etc. A redução do custo de produção, ocasionada pela inovação técnica, permitiu a inclusão de páginas suplementares, que por sua vez também respondiam à crescente necessidade de atrair os leitores para a compra de livros e à preocupação dos autores de apaziguar sua ansiedade diante da perda de controle de suas obras. Se verificamos empiricamente a presença e centralidade desses elementos na composição dos impressos modernos, muitos autores e autoras questionam, entretanto, se podem ser classificados como paratextos, pois responderiam a outras lógicas de produção, circulação e consumo daqueles discursos e artefatos materiais.

Este dossiê busca contribuições que discutam o rendimento analítico do paratexto a partir de estudos de fontes documentais da Época Moderna. Estamos interessados em artigos que tensionem os limites da definição genettiana, podendo operar tanto com as categorias descritivas de paratextos mais conhecidas quanto com tipologias documentais que extrapolem o recorte das fontes textuais ou impressas. Aceitamos contribuições que trabalhem com fontes produzidas entre os séculos XV e XVIII, mas serão particularmente bem-vindas aquelas que operarem com recortes geográficos variados e amplos, não restritas ao mundo europeu ou ocidental para o qual a categoria de paratextos foi originalmente pensada.

Organizadoras: Andréa Doré (UFPR) e Verônica Calsoni Lima (UFTM)

As propostas de artigo devem ser enviadas até 31 de julho pelo sistema da Revista de fontes, respeitando suas normas editoriais:

https://periodicos.unifesp.br/index.php/fontes/about/submissions