A recepção da Antiguidade Egípcia no filme "Gharam fi al-Karnak" faraonismo e nacionalismo egípcio durante o governo de Gamal Abdel Nasser
Contenido principal del artículo
Resumen
O presente trabalho analisa a recepção da antiguidade egípcia no filme ġharām fī āl-karnak (Amor em Karnak) escrito e dirigido por Ali Reda e lançado em 1967. Sendo um clássico do cinema egípcio, este musical estrela bailarinos e coreógrafos da Trupe Reda, uma companhia de danças folclóricas egípcias criada em 1959 e estatizada pelo governo do então presidente Gamal Abdel Nasser em 1961. As coreografias da trupe de dança folclórica inserem-se no cenário de consolidação da República Egípcia enquanto um Estado Nacional independente. Neste momento de construção de uma identidade nacional republicana, também estão em disputa discursos e apropriações políticas do passado antigo, visto ora como glorioso, monumental, símbolo de poder e civilização, ora como sinônimo de paganismo, despotismo e tirania. Assim, o filme, ao se passar no sítio arqueológico de Karnak, exalta tanto os monumentais templos do Egito Antigo, quanto as belezas naturais, culturais e turísticas do país, valorizando tradições regionais representadas nas coreografias. O presente trabalho, ao analisar as coreografias encenadas no filme, assim como as cenas que remetem à antiguidade, insere-se no campo de estudos políticos do passado a fim de entender como a antiguidade faraônica é mobilizada nesta produção e sua relação com as ideologias nacionalistas da Era Nasser.
Detalles del artículo
Sección

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação, sob a licença Creative Commons-NonCommercial-NoDerivs Attribution 2.0 Generic.
Os autores se responsabilizam pelo teor do texto, considerando que a revista adota ferramentas de verificação anti-plágio e segue as diretrizes éticas do Committee on Publication Ethics (COPE), do Code of Ethics American Educational Research Association (AERA), do Código de Boas Práticas Científicas – FAPESP e do Council of Science Editors (CSE) em relação a publicação.
Em caso de artigo traduzido ou em outros idiomas, entrar em contato com os editores responsáveis para evitar conflitos de política de direitos autorais relativa à publicação do material.
Cómo citar
Referencias
Akinsanya, A. (1980). The Afro-Arab alliance: A dream or reality? Journal of the Historical Society of Nigeria, 10(2), 87–104. https://www.jstor.org/stable/41857216.
Alvarado, G. A. N. (2018). África deve se unir? A formação da teorética da unidade e a imaginação da África nos marcos epistêmicos pan-negristas e pan-africanos (séculos XVIII-XIX) [Tese de doutorado, Universidade Federal da Bahia]. https://repositorio.ufba.br/handle/ri/25971.
Anderson, B. (1991). Imagined communities: Reflections on the origin and spread of nationalism (Revised and extended). Verso.
Arif, M. (2017). Constructing the national past: History-writing and nation-building in Nasser’s Egypt. Bibliotheca Alexandrina, Futuristic Studies Unit. https://www.bibalex.org/Attachments/Publications/Files/2017121114173047484_ShorofatEnglish1.pdf.
Chatterjee, P. (2000). Comunidade imaginada por quem? In G. Balakrishnan (Ed.), Um mapa da questão nacional (pp. 227–238). Contraponto.
Crabbs, J. (1975). Politics, history, and culture in Nasser’s Egypt. International Journal of Middle East Studies, 6(4), 386–420. http://www.jstor.org/stable/162751.
El-Messiri, S. (1978). Ibn al-Balad: A concept of Egyptian identity (2nd ed.). Brill Press.
Fahmy, F. (2015). The founding of the Reda Troupe: An historical overview. In Farida Fahmy: The art of Egyptian dance and culture. http://www.faridafahmy.com/history.html.
Gaffney, J. (1987). The Egyptian cinema: Industry and art in a changing society. Arab Studies Quarterly, 9(1), 53–75. https://www.jstor.org/stable/41857918.
Hobsbawm, E. (1991). Nações e Nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Paz e Terra.
Hobsbawm, E. (2008). A invenção das tradições (6th ed.). Paz e Terra.
Khachab, W. E. (2017). The cinema of the Pharaohs: Film, archeology, and sub-imperialism. In M. Volait & E. Perrin (Eds.), Dialogues artistiques avec les passés de l’Égypte. Publications de l’Institut national d’histoire de l’art. https://books.openedition.org/inha/7196?lang=en.
M’Bokolo, E. (2009). África negra: História e civilizações. EDUFBA; Casa das Áfricas.
McClintock, A. (2010). Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Editora da Unicamp.
Nasser, G. A. (1963). The philosophy of the revolution: Book 1. Mondiale Press.
Nieuwkerk, K. V. (1995). "A trade like any other": Female singers and dancers in Egypt. University of Texas Press.
Paiva, F. (2019). Continente negro, habitante mouro: Gamal Abdel Nasser e a identidade africana. AbeÁfrica: Revista da Associação Brasileira de Estudos Africanos, 1(1), 87–102. https://revistas.ufrj.br/index.php/abeafrica/article/view/19443.
Paschoal, N., Assunção, N. M. R. G. de., & Lelis, F. (2022). O desfile dourado dos faraós: Múmias, museus e identidade nacional egípcia. Revista Espacialidades, 18(2), 206–231. https://periodicos.ufrn.br/espacialidades/article/view/28192.
Roushdy, N. (2010). Baladi as performance: Gender and dance in modern Egypt. Surfacing: An Interdisciplinary Journal for Gender in the Global South, 3(1), 71–99. https://www.academia.edu/4915081/Gender_and_Dance_in_Modern_Egypt.
Roushdy, N. (2013). What is baladi about al-Raqs al Baladi? On the survival of belly dance in Egypt. In C. E. McDonald & B. Sellers-Young (Eds.), Belly dance around the world: New communities, performance and identity (pp. 63–80). McFarland & Company, Inc. Publishers.
Saad, R. (2018). Reconciling pan-Arabism and pan-Africanism: The North African leadership dilemma. Leadership and Developing Societies, 3(1), 1–32. https://www.researchgate.net/publication/345456929_Reconciling_Pan-Arabism_and_Pan-Africanism_The_North_African_Leadership_Dilemma.
Said, E. (2007). Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente. Companhia das Letras.
Samak, Q. (1977). The politics of Egyptian cinema. MERIP Reports (56), 12–15. https://www.jstor.org/stable/3011811.
Shay, A. (1999). Parallel traditions: State folk dance ensembles and folk dance in "the field". Dance Research Journal, 31(1), 29–56. https://www.jstor.org/stable/1478309.
Shay, A. (2002). Choreographic politics: State folk dance companies, representation and power. Wesleyan University Press.
Silva, G. J. da, Funari, P. P., & Garraffoni, R. S. (2020). Recepções da Antiguidade e usos do passado: Estabelecimento dos campos e sua presença na realidade brasileira. Revista Brasileira de História, 40(84), 43–66. https://www.scielo.br/j/rbh/a/NxWFCCdfrjjxYXzmQB98NPt/.
Takriti, A., & Safieddine, H. (2022). Arab socialism. In M. van der Linden (Ed.), The Cambridge history of socialism (pp. 474–516). Cambridge University Press.
Thornhill, M. T. (2010). Informal empire, independent Egypt and the accession of King Farouk. The Journal of Imperial and Commonwealth History, 38(2), 279–302. https://doi.org/10.1080/03086531003743981.
Vermeyden, A. (2017). The Reda folkloric dance troupe and Egyptian state support during the Nasser period. Dance Research Journal, 49(3), 24–37. https://doi.org/10.1017/S014976771700033X.
Ward, H. D. (2018). Egyptian belly dance in transition: The Raqṣ Sharqī revolution, 1890-1930 (Kindle Edition). McFarland & Company, Inc., Publishers.
Wood, M. (1998). The use of the Pharaonic past in modern Egyptian nationalism. Journal of the American Research Center in Egypt, 35, 179–196. https://www.jstor.org/stable/40000469.
Wynn, L. (2007). Pyramids & nightclubs: A travel ethnography of Arab and Western imaginations of Egypt, from King Tut and a colony of Atlantis to rumors of sex orgies, urban legends about a marauding prince, and blonde belly dancers. University of Texas Press. https://www.jstor.org/stable/10.7560/717015.