História, memória e ficção em textos e contextos africanos: notas sobre Moçambique
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Resumo
O presente artigo tem como objetivo discutir a relação entre História, memória e ficção em textos e contextos africanos. Levando em conta que, sobretudo em países identificados com a pressão colonial, o apelo ao testemunho e a diversas formas de narrativa possibilita assomarem-se vozes até então silenciadas, questionar a impenetrabilidade do debate informado pelos autores da dominação e sua conservação do monopólio do discurso e do direcionamento de análise, bem como o poder indiscutível dos documentos como fonte de verdade. Daí a importância da integração de outras narrativas cujos procedimentos são associados ao território da memória e dos seus campos de subjetividade, sem desconsiderar os riscos desse recurso. Portanto, devido ao itinerário histórico de alguns países, a exemplo de Moçambique e Angola, precisam-se de outros modos de lidar com as linhas da memória. O papel da ficção expressa-se como recurso a um instrumento de análise diferente daqueles com que lidamos com
mais frequência. Nesse sentido, estabelece-se, a partir da literatura, um papel no processo de formação da identidade nacional, de interpretação do país, interferindo no coro que canta a grande narrativa e fornecendo instrumentos que permitem olhá-lo mais profundamente.
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