Brasil e Itália, nações diaspóricas 150 anos de caminhos cruzados

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Felipe Sales Magaldi

Résumé

Este ensaio analisa a construção da memória da imigração italiana no Brasil e do posterior retorno de ítalo-brasileiros à pátria originária nos últimos 150 anos. Os deslocamentos entre os dois países são apresentados em três cenários históricos: a grande imigração do século XIX e a chegada ao Brasil durante o declínio do império e da escravidão; a ditadura militar brasileira (1964-1985), que levou ao exílio de brasileiros e ítalo-brasileiros em solo italiano; e a emigração brasileira para a Itália contemporânea, motivada principalmente pelo reconhecimento da cidadania italiana por descendência. O argumento é guiado por revisão bibliográfica e memórias familiares e pessoais do autor na pesquisa e militância com e sobre exilados e refugiados. A primeira parte do texto questiona o entendimento socioeconômico da imigração italiana a partir da inscrição política do exílio. A segunda expõe a recepção e integração dos italianos na sociedade brasileira na conjuntura do branqueamento racial, a despeito dos apagamentos linguísticos do Estado Novo (1937-1945). A terceira chama a atenção para as implicações culturais e políticas da presença de (ítalo)brasileiros reconhecidos como exilados na Itália dos anos 1970. A quarta aborda a tensão atual entre os princípios de jus sanguinis e jus solis, protagonizada por descendentes de italianos e italianos sem cidadania, além de movimentos sociais e partidos políticos. A quinta sugere um reavivamento étnico e o estabelecimento da memória da imigração italiana no Brasil contemporâneo. Por fim, questiona-se o reconhecimento dessa memória em detrimento daquelas não brancas e europeias.

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Rubrique

Crítica da Contemporaneidade

Biographie de l'auteur

Felipe Sales Magaldi, Universidade Federal de São Paulo / Università degli studi Roma Tre

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012), mestrado em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (2014) e doutorado em Antropologia Social pelo PPGAS/Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2018). Concluiu pós-doutorados na Universidad Nacional de Córdoba/CONICET, Argentina (2018-2020) e no PPGAS/Museu Nacional, em parceria com a Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ (2020-2021). Desde 2021, desenvolve pós-doutorado no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo e na Università degli studi Roma Tre, Itália, com apoio da FAPESP. Entre outros trabalhos, é autor de "Mania de Liberdade: Nise da Silveira e a humanização da saúde mental no Brasil" (Ed. FIOCRUZ, 2020), livro produto da tese vencedora do Prêmio CAPES de Teses, Área Antropologia/Arqueologia (2019), e co-organizador de "Memória, Movimentos Sociais e Direitos Humanos (Ed. UFRJ, 2024). É pesquisador do Núcleo de Memória e Direitos Humanos (UFRJ) e do Corpo e Violência: formas de expressão (UNIFESP), cadastrados do CNPq. É colunista do site de divulgação científica História da Ditadura e pesquisador colaborador da Fondazione Basso (Roma, Itália). Tem interesse na antropologia das práticas de cura, da saúde mental, das formas expressivas (literatura, artes visuais, cinema documentário), da memória social, dos eventos críticos e dos movimentos sociais de direitos humanos, sobretudo em contextos urbanos latino-americanos e europeus do segundo pós-guerra.

Comment citer

Brasil e Itália, nações diaspóricas: 150 anos de caminhos cruzados. EXILIUM Revue d’Études de la Contemporanéité, [S. l.], v. 5, n. 9, p. 38–51, 2024. DOI: 10.34024/exilium.v5i9.16621. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/16621. Acesso em: 5 déc. 2025.