Uma filósofa em tempos de emergência Olgária Matos e o Estado de Exceção

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André Luiz Barbosa da Silva

Resumo

O ensaio visa expor as reflexões de Olgária Matos sobre o estado de exceção. A partir disso, inicia seu percurso discorrendo sobre a origem do conceito de modernidade, cunhado pela primeira vez por Charles Baudelaire, e como este explicita a emergência da sociedade burguesa e as relações socias no capitalismo nascente. Nesse ínterim, verifica-se o lado sombrio do primeiro protótipo da modernidade, o Esclarecimento, representado pela imagem das luzes. Nesse aspecto, o sentido secundário (militar) do conceito de esclarecimento, como “reconhecimento do inimigo”, nos proporciona alcançar os resquícios do passado tidos como barbárico e superados pelo próprio processo civilizacional realizado pela modernidade. O arbítrio do rei no absolutismo é superado pelo conceito abstrato de soberania e do estado de exceção. Num processo próprio da modernidade, o que era concreto se desfaz em pura abstração, mas abstração esta capaz de produzir resultados concretos ainda piores dos que perpetrados antes pelos mandos e desmandos do rei. A modernidade compreendida como estado de exceção em permanência redunda na luta acirrada de um capitalismo de rapina, em que os indivíduos se digladiam pelo botim e despojos da carnificina. Eis o estado de exceção geral da sociedade, que, na verdade, conforme Benjamin, não passa da regra. Resta-nos como saída a recordação dos momentos em que o verdadeiro Estado de exceção começou a ser deflagrado, pois através da recordação se reativa a esperança de se instaurar um verdadeiro Estado de exceção, o qual se constitui nas palavras de Olgária, a sociedade sem classes.

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Seção

Vária

Biografia do Autor

André Luiz Barbosa da Silva, Universidade Federal de São Paulo

É formado em Direito pela Universidade São Judas Tadeu e mestrando em Filosofia Social e Política pela Universidade Federal de São Paulo. É editor da Revista eletrônica Zero à Esquerda.

Como Citar

Uma filósofa em tempos de emergência: Olgária Matos e o Estado de Exceção. EXILIUM Revista de Estudos da Contemporaneidade, [S. l.], v. 5, n. 8, p. 151–161, 2024. DOI: 10.34024/exilium.v5i8.16355. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/16355. Acesso em: 5 dez. 2025.