A epidemia do “amor” uma etnografia por dentro do cuidado perigoso na Serra Leoa

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Denise Pimenta

Resumo

O presente ensaio é resultado de minha pesquisa de doutoramento em Antropologia Social que objetivou entender o porquê de mais mulheres do que homens terem morrido por conta do vírus ebola na Serra Leoa entre os anos de 2014 a 2016. Para tanto, por meio de uma descida ao cotidiano das serra-leonenses, pude observar que, apesar da grande espetacularização ao redor da epidemia, ela nada mais é do que uma doença do âmbito doméstico, afetando muito mais mulheres na medida em que são estas as responsáveis pelo trabalho do cuidado (amor) em relação aos familiares e às comunidades. Portanto, as redes de
afeto se tornaram as mesmas de transmissão do vírus, colocando em risco, principalmente, mulheres e suas crianças. Para pensar essa complexa trama, cunhei o termo “o cuidado perigoso”, o que, a despeito do que possa parecer, é algo ordinário na vida das mulheres e meninas, indo muito além do extraordinário momento da epidemia do ebola.

Detalhes do artigo

Seção

Crítica da Contemporaneidade

Biografia do Autor

Denise Pimenta, Universidade de São Paulo

Membro dos grupos de estudos CPAS-1/USP e GEMMTE-UFRGS, e pesquisadora junto ao Cidacs-Fiocruz/BA.

Como Citar

A epidemia do “amor”: uma etnografia por dentro do cuidado perigoso na Serra Leoa. EXILIUM Revista de Estudos da Contemporaneidade, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 69–107, 2021. DOI: 10.34024/exilium.v1i2.12214. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/exilium/article/view/12214. Acesso em: 5 dez. 2025.