Da sociologia pragmática à sociologia do trabalho

as gramáticas sociais e o processo de debate da reforma trabalhista de 2017 no Congresso Nacional brasileiro

Resumo

Este artigo analisa a dinâmica discursiva da relação capital-trabalho quando manifestada na esfera legislativa. Para analisar a dinâmica, o artigo se direciona à esfera legislativa brasileira, se concentrando nas audiências públicas sobre a reforma trabalhista de 2017, realizadas no Congresso Nacional. A partir do referencial teórico da teoria das justificações de Boltanski e Thévenot, e do conceito de “gramática social”, problematiza-se como a dinâmica discursiva entre capital e trabalho se desenvolve quando no debate público dentro da esfera legislativa. Para esse fim, esta pesquisa se desenvolve com base na análise das notas taquigráficas das audiências públicas desdobradas no Congresso Nacional, e o método de análise foi a análise do discurso e análise de conteúdo. Como resultados, identificaram-se duas gramáticas: a gramática social da “modernização” e a gramática social da “cidadania”. A dinâmica discursiva da relação capital-trabalho se mostrou conflituosa e marcada por críticas, justificações e estratégias discursivas antagônicas. A dinâmica discursiva apresentada durante as audiências públicas foi reveladora em relação ao modo de relação capital-trabalho do capitalismo brasileiro contemporâneo. Conclusivamente, aponta-se que a sociologia do trabalho se beneficiaria de complementações de abordagens que sublinhassem características morais dos discursos e dos objetos de estudo que operam no capitalismo brasileiro.