Configurações de policiamento e desorganização econômica-sociodemográfica para alta taxa de homicídio

Brasil e macrorregiões (1991-2010)

Resumo

A natureza complexa da criminalidade, envolvendo vítima-criminoso, autoridades públicas e efeitos em nível individual, familiar, comunitário e ecológico, abriu espaço a uma diversidade de explicações para as diferenças nas taxas de crimes entre diferentes regiões e distintos períodos temporais. A Teoria da Desorganização Social vincula elevada criminalidade a comunidades socialmente desorganizadas (em níveis familiar, pessoal, comunitário, econômico). A busca de combinações de condições causais como necessárias/suficientes para altas taxas de crime, via abordagem configuracional, subsidiaria o debate público a respeito do desenho de políticas criminais preventivas territorial e temporalmente diferenciadas. Empregando-se a Abordagem Qualitativa Comparativa, propõe-se identificar e explorar a causação complexa de níveis de policiamento e desorganização econômica-sociodemográfica para alto homicídio. Evidencia-se que os municípios brasileiros têm uma diversidade limitada de caminhos consistentes para alto homicídio; que “altas desorganizações familiar e pessoal” se mostram recorrentemente necessárias para alto homicídio, mas “alta desorganização econômica” e desequilíbrio demográfico, não necessariamente.