https://doi.org/10.34024/prometeica.2024.30.18865
ESPAÇO DO CINECLUBE DA MORTE PARA O ACOLHIMENTO DA SAÚDE MENTAL DA COMUNIDADE ACADÊMICA
SPACE OF THE CINECLUB OF DEATH TO CREATE MENTAL HEALTH IN THE ACADEMIC COMMUNITY
ESPACIO DEL CINECLUB DE LA MUERTE PARA CREAR SALUD MENTAL EN LA COMUNIDAD ACADÉMICA
(Universidade Federal Fluminense, Brasil)
(Mestrado Profissional em Práticas Institucionais em Saúde Mental
Universidade Paulista – UNIP, Brasil) ana.castanho@docente.unip.br
(Secretaria de Saúde de Nova Friburgo/RJ, Brasil)
(Mestrado Profissional em Práticas Institucionais em Saúde Mental
Universidade Paulista – UNIP, Brasil) lilian.junqueira@docente.unip.br
(Universidade Federal Fluminense, Brasil)
(Universidade Federal Fluminense, Brasil)
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil)
(Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Recebido: 14/06/2024
Aprovado: 14/06/2024
RESUMO
O filme é uma expressão artística que possibilita estudantes a entrar em contato com temas sensíveis, como a morte, o luto e cuidados paliativos. Este Projeto de Extensão objetiva descrever a experiência da comunidade acadêmica de uma Universidade Federal do Rio de Janeiro com o Cineclube da Morte. Tem como proposta metodológica produzir processos de aprendizagem com a finalidade de disseminar e elucidar temáticas relacionadas à finitude humana e todo assunto que permeia a morte para os acadêmicos, ajudando-os no constructo desse conhecimento, acolhendo-os na saúde mental e amparando-os das dores advindas de temas difíceis sobre morte, perdas, que perpassam a vida cotidiana. O Projeto realiza encontros mensais promovendo a exibição de filmes e a reflexão destes, além de espaço para as vivências pessoais, onde o público é dividido em pequenos grupos para discussão, histórias pessoais são compartilhadas, conceitos são introduzidos, e as professoras de enfermagem e psicologia amparam e encaminham os casos de maior complexidade, todo esse processo dura em média 3h30. Ao final dos encontros é disponibilizado por e-mail, um Google Forms com as questões: Qual ponto da discussão te chamou a atenção? O que você aprendeu com esse encontro? Por meio dessas respostas um banco de dados está sendo construído, para que haja um aperfeiçoamento. A cada reunião novas experiências são vivenciadas, novas histórias compartilhadas, e temas tabus como a “morte” passam a ser discutidos e desmistificados, possibilitando novas formas de manejo e cuidado humanizado frente aos pacientes em cuidados paliativos e os diversos lutos vivenciados.
Palavras-chave: saúde mental. cuidados paliativos. luto. filmes cinematográficos. enfermagem.
ABSTRACT
The film is an artistic expression that allows students to come into contact with sensitive topics, such as death, grief and palliative care. This Extension Project aims to describe the experience of the academic community of a Federal University of Rio de Janeiro with the Cineclube da Morte. Its methodological proposal is to produce learning processes with the purpose of disseminating and elucidating themes related to human finitude and any subject that permeates death for academics, helping them in the construction of this knowledge, welcoming them to mental health and supporting them from pain arising from difficult topics about death and loss, which permeate everyday life. The Project holds monthly meetings promoting the screening of films and their reflection, as well as space for personal experiences, where the public is divided into small groups for discussion, personal stories are shared, concepts are introduced, and nursing and psychology teachers They support and forward more complex cases, this entire process takes an average of 3h30. At the end of the meetings, a Google Form is made available via email with the questions: Which point in the discussion caught your attention? What did you learn from this meeting? Through these responses, a database is being built, so that there can be improvement. At each meeting, new experiences are experienced, new stories shared, and taboo topics such as “death” begin to be discussed and demystified, enabling new forms of management and humanized care for patients in palliative care and the various bereavements experienced.
Keywords: mental health. palliative care. grief. cinematographic films. nursing.
RESUMEN
La película es una expresión artística que permite a los estudiantes entrar en contacto con temas sensibles, como la muerte, el duelo y los cuidados paliativos. Este Proyecto de Extensión tiene como objetivo describir la experiencia de la comunidad académica de una Universidad Federal de Río de Janeiro con el Cineclube da Morte. Su propuesta
metodológica es producir procesos de aprendizaje con el propósito de difundir y dilucidar temas relacionados con la finitud humana y cualquier tema que permea la muerte para los académicos, ayudándolos en la construcción de ese conocimiento, acogiéndolos a la salud mental y apoyándolos en el dolor derivado de la muerte. Temas difíciles sobre la muerte y la pérdida, que impregnan la vida cotidiana. El Proyecto realiza encuentros mensuales promoviendo la proyección de películas y su reflexión, así como espacios de experiencias personales, donde el público se divide en pequeños grupos de discusión, se comparten historias personales, se introducen conceptos y docentes de enfermería y psicología apoyan y Para casos más complejos, todo este proceso dura una media de 3h30. Al final de las reuniones, se pone a disposición vía correo electrónico un formulario de Google con las preguntas: ¿Qué punto de la discusión te llamó la atención? ¿Qué aprendiste de esta reunión? A través de estas respuestas se está construyendo una base de datos para que pueda haber mejoras. En cada encuentro se viven nuevas experiencias, se comparten nuevas historias y se comienzan a discutir y desmitificar temas tabú como la “muerte”, posibilitando nuevas formas de gestión y atención humanizada de los pacientes en cuidados paliativos y de los distintos duelos vividos.
Palabras clave: salud mental. cuidados paliativos. dolor. películas cinematográficas. enfermería.
A docência nos dias atuais vem sofrendo grandes mudanças, pois os discentes já não são mais pessoas fadadas a educação que Paulo Freire chamava de “educação bancária”, verticalizada, ou seja, de depósito, onde o professor era o detentor do saber e os alunos apenas vasos vazios sedentos de conhecimento externo (Freire, 2011). Atualmente, a informação, o conhecimento, a forma de interagir com todo esse conteúdo mudou, deixando espaço para esse docente ser um orientador, encorajador e condutor da construção do aprendizado com os acadêmicos.
Com o intento de ensinar e compor reflexão com os alunos de temas tão peculiares, buscou-se as metodologias ativas que se destacam no desenvolvimento do pensamento, autonomia e do protagonismo do discente estimulando sua conscientização e participação no processo de ensino-aprendizagem, enquanto o corpo docente são grandes facilitadores, introduzindo os alunos na construção do saber.
O conhecimento compartilhado e construído é um grande desafio quando se trata de disciplinas que contemplam temas como; a finitude, a morte, cuidados paliativos, pois os estudantes objetivam auxiliar no “processo de cura” e temas como a morte atravessam estas expectativas, e ligam os mesmos com sentimento de impotência e fragilidade (Flauzino, 2019).
Desse modo, as metodologias ativas podem ser uma excelente ferramenta para as disciplinas que ultrapassam o manejo e as técnicas, precisa-se desenvolver nos estudantes uma visão holística da saúde e levar os mesmos a reflexão sobre as dores e os processos que vão além dos cuidados físicos (Lima et al., 2018). Para tal empreitada, iniciou-se o Cineclube da Morte que usa o filme como uma expressão artística possibilitando aos estudantes entrar em contato com temas sensíveis como o luto, a finitude humana, cuidados paliativos e todos os assuntos que permeiam a morte.
Grande problemática desde os primórdios da humanidade é a aceitação da morte como processo de finitude, e isso não seria diferente nos dias atuais, contudo, ao se falar dos profissionais da saúde, entende-se que estes “deveriam” desenvolver habilidades que contemplassem o manejo do paciente e de situações que envolvessem a morte e o morrer.
A dificuldade que o profissional da saúde tem em lidar com o paciente em situação de terminalidade é resultado da falta de preparo nos cursos de graduação da área da saúde, da obrigação imposta pela
sociedade de “salvar vidas”, sem muitas vezes, ter condições ou ferramentas para abordar o processo de morte e morrer, o qual consideram como inimigo a ser vencido (Santos et al., 2021).
A Enfermagem é uma área profissional que está presente nos cuidados de saúde durante o ciclo vital inteiro, vivendo uma dualidade entre os cuidados para a vida, desde antes do nascimento, nos acompanhamentos pré-natais até os cuidados e acompanhamento com a terceira idade, quando se “deveria” findar o ciclo, mas, este ciclo pode ser atravessado por um acidente, uma enfermidade, e o processo de morrer se apresenta, tornando-se um complicador para a família, e é nesse momento que alguns profissionais da enfermagem entram em contato direto com sua impotência, precisando se redescobrir no cuidado com o paciente e nas suas atribuições para com a família.
Trotte et al., (2023) em seu estudo, afirma que há veemente necessidade de aprofundamento dessas discussões durante a formação e o exercício da enfermagem. Abordar a temática supracitada é necessário para que acadêmicos da saúde identifiquem e entrem em contato com suas limitações, medos e angústias ao cuidar de quem está partindo; esta vivência tem a possibilidade de ser trabalhada por meio dos estudos da tanatologia, da filosofia e dos cuidados paliativos. Essas são disciplinas que impulsionam o preparo profissional e ético para cuidar do processo de morte e morrer, dado que o evento se trata de um curso inalienável.
O Cineclube da Morte é inspirado nos “death cafés” que são reuniões para conversar sobre a morte com o intuito de aumentar a consciência sobre a finitude da vida (Agra et al., 2022), teve como precursores no Brasil Ana Claudia Quintana Arantes (Médica Paliativista, autora do livro “A morte é um dia que vale a pena viver”) e Tom Almeida (Fundador do movimento inFINITO, especialista em Luto pelo Instituto Quatro Estações de Psicologia, Diretor do Death Over Dinner Brazil), que em parceria com o Cine Belas Artes em São Paulo fizeram os primeiros encontros. Ao perceberem o efeito de fomentar conversas profundas sobre a morte, expandiram os encontros para Salvador e mais tarde para todo o Brasil. Assim, construíram o projeto “inFINITO e Além” e passaram a convidar embaixadores para esse projeto, cujo objetivo é ter conversas profundas e sinceras sobre a morte (Almeida, 2022).
Nesse itinerário, duas professoras de uma Universidade Federal da região litorânea do Rio de Janeiro, uma da Enfermagem e uma da Psicologia, resolveram abraçar o projeto tornando-se embaixadoras do Cineclube da Morte, convidando uma outra docente de Enfermagem da Universidade Estadual desse mesmo estado. Juntas elas constroem a partir do projeto embrião do “inFINITO e Além”, o Projeto de Extensão “Cineclube da Morte: conversas reflexivas e sinceras”.
Os parágrafos susoditos justificam a construção desse projeto de extensão interprofissional, contemplando os diferentes olhares dessa parcela acadêmica, construindo reflexão e autoconhecimento ao buscar de forma leve a naturalização do decurso de morrer, além de acolher a saúde mental dos discentes ampliando o entendimento também sobre o luto.
O objetivo deste trabalho é relatar a experiência do desenvolvimento do Projeto de Extensão Cineclube da Morte: conversas reflexivas e sinceras, no acolhimento da saúde mental da comunidade acadêmica.
Descrição de relato de experiência do desenvolvimento do Projeto de Extensão Cineclube da Morte: conversas reflexivas e sinceras, realizado de forma híbrida, em uma Universidade Federal da região litorânea do Rio de Janeiro, com a finalidade de disseminar e elucidar temáticas sobre luto, cuidados paliativos, finitude humana e todo assunto que permeia a morte para a comunidade acadêmica, ajudando- os no constructo desse conhecimento e acolhendo-os na saúde mental desses acadêmicos, amparando- os das dores advindas de temas difíceis sobre morte, perdas, que perpassam a vida cotidiana. O grupo que executa os encontros é formado por uma professora coordenadora, uma professora colaboradora interna e outra externa, sete alunos do curso de graduação em Enfermagem e três alunos de graduação da Psicologia.
O projeto de extensão do Cineclube da Morte realiza encontros pré-agendados na última sexta-feira de cada mês, de forma híbrida, com a exposição de filmes sobre todos os assuntos que permeiam a morte. Esse está sendo desenvolvido como projeto de extensão, desde março de 2023, o público-alvo é a comunidade acadêmica de todos os cursos, que queiram participar, pois segue a sapiência das diretrizes dos Cuidados Paliativos, ao qual engloba equipe interprofissional.
Utiliza-se como mídia de interação e divulgação dos eventos mensais, o Instagram com o domínio @cineclubedamorte.uff. Após a exibição do filme, são realizadas profundas e sinceras discussões sobre as vivências e entendimentos dos participantes do encontro, no dia e horário marcado de forma híbrida.
Conforme Eckert (2009), o caminho de relatar uma experiência é uma proposta metodológica que consiste na reflexão crítica de uma experiência concreta, visando produzir processos de aprendizagem.
Para relatar essa vivência, utilizou-se o processo de sistematização de experiência proposto por Oscar Jara Holliday (2006) que aponta cinco tempos: ponto de partida, perguntas iniciais, recuperação do processo vivido, reflexão de fundo e pontos de chegada.
Para Holliday (2006), o ponto de partida é a recuperação da história vivenciada pelos participantes, como foi mobilizado a construir essa ação. As perguntas iniciais são para estruturar o relato de experiência, como por exemplo: Para que queremos fazer esta sistematização? Que experiências queremos sistematizar? Quais aspectos centrais dessa experiência nos interessa sistematizar? A recuperação do processo vivido serve para reconstruir a história, classificar e organizar a informação, o quê, quando, como e onde aconteceu. A reflexão de fundo destina-se a explicar o porquê aconteceu, o que aconteceu e localizar os aprendizados, as tensões ou contradições que marcaram o processo vivido e assim realizar a síntese, a última etapa são os pontos de chegada que servem para formular conclusões e comunicar a aprendizagem da maneira mais clara possível.
Por se tratar de aprofundamento dos conhecimentos científicos adquiridos durante os encontros e exposição de filmes, e se tratar de situações vivenciadas que despontaram espontaneamente da práxis extensionista, não se fez necessário o envio para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) tendo em vista a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 510 de 07 de abril de 2016, manteve-se o anonimato dos participantes e a confidencialidade das informações individuais.
A coordenadora desse projeto de extensão foi o ponto de partida, pois desde 2008 movimenta-se na direção de estudar, refletir e compartilhar questões sobre o processo de morte e morrer, cuidados paliativos, bioética nas questões da morte. Nessa caminhada, construiu alguns projetos, como por exemplo: “O processo de morte e morrer: pensando a tanatologia coletivamente sob a ótica da enfermagem no contexto acadêmico” realizado em 2019, “Analisando o processo de Morte e Morrer na pluralidade do desenvolvimento humano” realizado desde 2020 que resultaram na disciplina optativa no segundo semestre de 2020 intitulada “A Tanatologia os Cuidados Paliativos na Pluralidade do Ser Humano”, que na pandemia foi ministrada de forma síncrona, todos com cunho para divulgar, disseminar, refletir e levar temáticas sobre luto, cuidados paliativos, finitude humana e os assuntos que permeiam a morte, para o aluno de forma reflexiva.
Pelo engajamento na temática por longa data e conhecendo pessoas mobilizadas no mesmo interesse, juntamente com os demais professores componentes desse projeto, descobriram que Tom Almeida e Ana Claudia Quintana Arantes, desenvolvem um projeto chamado o Cineclube da Morte implantado desde 2017 em São Paulo, e em tempos de pandemia foi realizado de forma on-line, do qual alguns
componentes deste atual grupo de trabalho, participavam dos encontros, sendo espectadores da grande visibilidade e resultados ditosos que esse movimento obtém ao falar da morte.
Então, em 2022, os precursores do Cineclube da Morte, percebem a importância de expandir para todo o Brasil esse movimento, surgindo então o movimento “inFINITO e Além”, o qual busca embaixadores para o projeto, compartilhando toda sua trajetória, seus conteúdos e passo a passo como fazer os encontros. Contudo deixam total abertura para cada grupo construir a sua história com o “Cineclube da Morte”, porém sem perder a essência, ter conversas sinceras e reflexivas sobre as questões da morte através da expressão artística que é possibilitado mediante o uso de filmes para introduzir temas difíceis e desafiadores.
Destarte, as professoras tornam-se embaixadoras e começam a construção juntamente com alunos simpatizantes sobre a temática deste projeto de extensão.
A sistematização desse relato de experiência vem ao encontro da obtenção de divulgação do projeto de extensão “Cineclube da Morte: conversas reflexivas e sinceras”. As experiências que se ambiciona organizar estão relacionadas desde a idealização desse projeto até os dias atuais que acontecem os encontros, a exposição dos filmes, interação e acolhimento do público-alvo.
Finalizando os aspectos centrais que se deseja evidenciar são: o acolhimento da saúde mental da comunidade acadêmica, as conversas reflexivas sobre toda temática supracitada e o processo de aprendizagem que os acadêmicos estão construindo com a oportunidade de uma formação na saúde mais sensibilizada com finitude humana.
O “Cineclube da Morte” iniciou-se em agosto de 2022, quando a Coordenadora preencheu os documentos para se tornar embaixadora no movimento “inFINITO e Além”, indo ao encontro de parcerias na universidade, sempre entendendo a importância da interdisciplinaridade.
No Campus do interior desta Universidade Federal, existem os cursos de graduação em Enfermagem, Psicologia, Serviço Social e Produção Cultural. Apenas a docente de Psicologia se interessou, abraçando o desafio da implantação deste projeto.
Foi realizado o primeiro encontro do Cineclube da Morte no dia 20 de outubro de 2022, com o filme “Antes de partir”, no qual um bilionário – Edward Cole – e um mecânico – Carter Chambers – são dois pacientes terminais em um mesmo quarto de hospital. Quando se conhecem, resolvem escrever uma lista das coisas que desejam fazer antes de morrerem (The Bucket List) e fogem do hospital para realizá-las. O filme aborda brilhantemente as fases do processo de morrer, a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.
A divulgação do encontro, ocorreu pelo WhatsApp, Instagram particular, e a arte para propagação das informações foi produzida por uma aluna simpatizante com a temática. Estava tudo organizado, auditório reservado, aparelhagem checada, pois os encontros desde o início do projeto foram estruturados para ter o formato híbrido, no dia anterior teve uma tempestade na cidade, caíram árvores, danificando o gerador que fornecia luz para o campus, estando tudo desligado ficou sem possibilidade de o encontro acontecer presencialmente.
Entrou-se em contato com todas as pessoas, e a reunião aconteceu no formato on-line, apenas uma pessoa não verificou o e-mail alertando o ocorrido, e se deslocou para a Universidade, hoje essa pessoa faz parte do grupo de trabalho do projeto.
O segundo encontro aconteceu dia 22 de novembro de 2022 com o curta “Se algo acontecer… te amo”, no qual um casal enfrenta o vazio emocional e o luto pela morte da filha em um tiroteio na escola. Esse filme aprofunda as questões do luto e a importância de visitar as dores, elaborando-as, não apenas negando-as, pois dessa forma se consegue ressignificar e viver com a falta que o ente querido faz.
Este foi realizado de forma híbrida, a arte também foi produzida pela mesma aluna e a divulgação se fez pelos mesmos meios de comunicação, ocorreu no auditório da universidade, a aparelhagem apresentou defeito 30 minutos antes de iniciar a transmissão ao vivo, tanto on-line, como presencial, então buscou- se um projetor e notebook pessoal para acontecer o evento.
Chega o recesso universitário, o que fazer? Inquietações surgiram, o grupo de trabalho teria que se expandir, a máquina existia, poucas pessoas, muitas certezas e expectativas.
Ao iniciar 2023, em reuniões optou-se por transformar o Cineclube da Morte em um projeto de extensão, com engajamento de alunos da psicologia e da enfermagem, então construiu-se o projeto escrito, sempre deixando em evidência como surgiu e os seus precursores. Foi inserido na plataforma da Universidade, e reuniões semanais aconteceram para imprimir as características desse grupo de trabalho na roupagem do projeto.
Os alunos pensaram em usar o logo do movimento “inFINITO e Além”, mas também construir um próprio, partindo da premissa que existe um tabu e “censura” sobre o assunto “morte/luto”, mediante a heranças culturais. Por essa representação ainda arcaica sobre o tema, optou-se por inserir como “marca” da logo do projeto a borboleta, já que tem como simbologia mudança, renovação, transformação, alma etc. Transferindo significado e ressignificando toda essa temática, com o propósito de metamorfosear a comunidade acadêmica.
Um e-mail foi ativado para o projeto cineclubedamorte.uff@gmail.com, e um domínio no Instagram @cineclubedamorte.uff, que se descreve com as informações apresentadas até o dia 13 de outubro de 2023, expondo um total de 20 publicações e 383 seguidores. Por meio deste, se faz a divulgação dos encontros e é postado diferentes conteúdos sobre assuntos que envolvem a morte, como por exemplo: “doulas da morte”, “o luto gestacional”, “tipos de morte”, “ritos fúnebres”, “tanatologia”, “death café”, entre outros conteúdos importantes sobre o processo de morte, luto, cuidados paliativos. Além de transferirmos estes conhecimentos ainda pouco conhecidos.
Enfatiza-se que para aquisição das referências científicas que foram utilizadas na construção dos posts do Instagram e também nas discussões no grupo, para subsidiar a explanação após projeção dos filmes, buscou-se embasamento principalmente em livros do acervo pessoal das professoras e artigos nos recursos informacionais (PubMed, LILACS, ScIELO, Cochrane Libary, Scopus).
Com a implementação do projeto realiza-se encontros mensais promovendo a exibição de filmes e a reflexão destes, além de espaço para as vivências pessoais. Após o término do filme, o público é dividido em pequenos grupos para discussão, depois todos se unem e trazem temas para o grupo maior. Histórias pessoais são compartilhadas e conceitos são introduzidos, todo esse processo dura em média 3h30, os participantes fazem um compromisso ético de sigilo, e não julgamento, havendo a construção do respeito mútuo e ambiente seguro para o compartilhamento. Quando necessário as professoras de Enfermagem e de Psicologia amparam os alunos e encaminham os casos de maior complexidade para o serviço de Psicologia Aplicada.
Ao final dos encontros é disponibilizado por e-mail, um Google Forms com as questões: Qual ponto da discussão te chamou a atenção? O que você aprendeu com esse encontro? Por meio dessas respostas um banco de dados está sendo construído, para que haja um aperfeiçoamento dos encontros posteriores.
No primeiro encontro de 2023, foi projetado o filme “O caderno de Tomy”, que expõe uma mãe lutando contra um câncer terminal, que deixa um caderno cheio de reflexões sobre a vida, a morte e o amor, para o filho se lembrar dela. Retrata o luto antecipatório, cuidados paliativos ativos, o processo de morte e
morrer vivido por essa mãe que deixaria seu amado filho pequeno. É um filme comovente que tem grande potencial didático para reflexões e assuntos pouco discutidos no meio acadêmico.
O próximo filme que Cineclube da Morte projetou, foi: “Uma prova de amor”, com direção e roteiro de Nick Cassavetes, longa-metragem aborda a modificação genética do feto para a construção de um ser compatível, que pudesse suprir todas as necessidades da irmã Kate que em tenra idade foi diagnosticada com leucemia e tem poucos anos de vida. O médico sugere aos pais que tentem um procedimento médico ortodoxo, gerando um filho de proveta que seja um doador compatível com Kate. Dispostos a tudo para salvar a filha, eles aceitam a proposta. Assim, nasce Anna, que logo ao nascer doa sangue de seu cordão umbilical para a irmã. Anos depois, os médicos decidem fazer um transplante de medula de Anna para Kate. Ao atingir 11 anos, Anna precisa doar um rim para a irmã. Que está cansada dos procedimentos médicos aos quais é submetida. Então, ela decide enfrentar os pais e lutar na justiça por emancipação médica, de forma que tenha direito a decidir o que fazer com seu próprio corpo. E como desfecho fortuito descobre-se que não é a Anna que não quer doar, e sim Kate que está cansada da obstinação da mãe em mantê-la viva, negando a ela cuidados paliativos, e tudo que fale sobre a perda dessa filha querida.
No dia 30 de junho de 2023 houve a projeção do filme “Como eu era antes de você”, que aborda um tema não aceito juridicamente pelo Brasil; fala de um homem rico e bem-sucedido, Will, que leva uma vida repleta de conquistas, viagens e esportes radicais até ser atingido por uma moto; o acidente o torna tetraplégico obrigando-o a permanecer em uma cadeira de rodas, a situação o torna depressivo e extremamente cínico, deixando seus pais preocupados, e é neste contexto que Louisa Clark é contratada para cuidar de Will. Louisa Clark de origem modesta, com dificuldades financeiras e sem grandes aspirações na vida, faz o possível para melhorar o estado de espírito de Will e, aos poucos, acaba se envolvendo com ele. Will já tinha decidido pelo suicídio assistido, os pais fazem de tudo e até apostam que a jovem Louisa vai movê-lo de seu intento, porém a decisão é levada até o final. Pode-se abordar com a exibição deste filme, questões bioéticas extremamente polêmicas e todas as questões culturais que a permeiam.
Seguindo o calendário acadêmico não foi realizado o encontro de julho, pois os discentes tinham provas, trabalhos e tem o recesso acadêmico. Retornou-se com as reuniões no segundo semestre de 2023, com a projeção do longa-metragem “Intocáveis”, que discorre sobre um milionário tetraplégico que contrata um homem da periferia para ser o seu acompanhante, apesar de sua aparente falta de preparo. No entanto, a relação que antes era profissional cresce e se torna em uma amizade que mudará a vida dos dois. Esse filme não aborda a morte física, mas sim a morte da autonomia, a reconstrução da visão de si, e também demonstra que o ser humano pode perder a fé naqueles que os cercam, tendo que buscar na simplicidade do outro em não ter mais o que perder, para se encontrar com um propósito para viver.
Destarte, começamos o segundo semestre com uma discussão mais filosófica do ser inserido no mundo, com suas relações, desconstruindo e se reconstruindo em si, suas perdas e ganhos quando se permite ver novas possibilidades.
O próximo filme, projetado em 29 de setembro de 2023, foi uma sugestão dos participantes acatada pelo grupo de trabalho. No filme “Mar adentro”, o personagem Rámon sofreu um acidente que o deixou paralisado e preso a uma cama por boa parte de sua vida, 28 anos de dores e perda total da autonomia. Cansado, família com condições financeiras precárias e grande impacto na vida de todos, principalmente Manoela, sua cunhada, ele luta pelo direito de dar fim à sua existência e entra em conflito com a sociedade, a Igreja e sua família. Esse filme tem uma abordagem parecida com o filme “Como eu era antes de você”, o que difere é que Will era um jovem milionário e podia deslocar-se para outro país e executar o suicídio assistido, porém Rámon precisou ir contra tudo e todos e congeminar um plano para que seu intento fosse concluído sem implicar juridicamente quem o ajudou.
Em todas as preparações anteriores ao encontro com o público-alvo realizou-se reuniões com discussões prévias sobre o filme com a equipe de alunos do grupo de trabalho, instrumentalizando-os e oferecendo autonomia, embasamento teórico-científico para abordar as temáticas na linguagem mais acessível aos
discentes que foram assistir aos filmes, com isso utiliza-se a coparticipação dos alunos no constructo do saber.
Refletir trouxe a importância da teletransmissão desse projeto, pois com a utilização desta ferramenta foi possível pactuar junto à comunidade acadêmica momentos de liberdade expressiva para elucubração, trazer histórias pessoais, chorar, sorrir, reconhecer e validar as dores e as perdas de amores. Desta maneira foi possível acolher e promover a saúde mental dessa comunidade, e em casos de grande necessidade, poder-se-ia encaminhá-los para o Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade, o que não foi necessário até o presente momento; também foi possível com as reflexões coletivas, enriquecer o projeto com novas perspectivas e visões sociais, culturais e espirituais em relação à finitude da vida.
Limitações logísticas aconteceram, falta de comunicação, e as dificuldades peculiares advindas do serviço público, porém o material humano encontrado nesses ambientes supera qualquer problema, como é o caso do nosso técnico de laboratório de informática que sempre está pronto a nos ajudar, mesmo fora do horário de trabalho.
Apesar de todos os percalços do primeiro encontro, a discussão aprofundou-se, o público-alvo foi instigado com as informações, que expôs sobre as fases do processo de morrer, o qual é abordado prodigiosamente no filme “Antes de partir”, utilizado como base científica o livro da Kubler-Ross (2017) “Sobre a morte e o morrer”. Houve vários elogios que exaltaram a possibilidade de ter um espaço para falar e refletir sobre a morte, depois de tantas dificuldades vividas com as mortes próximas e até as que invadiram as residências, pelas telas da televisão, mídias e todo meio de comunicação, experienciado no momento pandêmico. Nesse encontro, que foi síncrono, teve um total de 20 pessoas on-line até o final da reunião.
No segundo encontro apareceu um público pequeno, presencial apenas três pessoas e cinco pessoas on- line, podendo ser pela proximidade das provas finais, e toda agenda institucional. Esse curta-metragem de animação é impactante apesar de não ter diálogo, apenas imagem e música suave, cala fundo a alma, suscita dores, lutos, e como refere Martins (2021) no site Papo de Cinemateca com a reflexão exposta ‘Os arquétipos do luto em ‘Se algo acontecer… te amo’ 2020’, “Não existe qualquer processo terapêutico que se incline à obtenção de sucesso sem que o indivíduo seja levado a enfrentar sua própria sombra”, ou seja, temos que refletir, visitar as dores, e os amores que já não existem mais em vida ao nosso lado. Usou-se também como referências científicas Parkes (2009) “Amor e perda: as raízes do luto e suas complicações” e Bowlby (2021) “Apego e perda: Apego – A natureza do vínculo”, com esses dois autores aprofundou-se a discussão sobre luto e a importância de validar e olhar para cada perda vivida, entendendo que se vivencia lutos por mudanças de fase na vida, por situações diversas cotidianas, e não somente por perdas físicas.
Dessarte o mais importante que ficou em evidência é que o luto é um processo natural humano, e que precisa ser cuidado, observado, para não comprometer a saúde mental a posteriori.
Ao retornar em 2023 buscou-se um filme que abordasse outro tipo de luto e identificou-se que uma parcela do público presente não tinha familiaridade ou facilidade para abordar a temática, ou seja, o luto antecipatório, situação que destaca o projeto como ação necessária a ser realizada, pois trazemos reflexões profundas sobre o processo de morte e morrer, além de temáticas pouco conhecidas e abordadas, contribuindo para uma melhor percepção dos tópicos tratados. Assim, o Cineclube da Morte analisa as limitações dos participantes, sana as dúvidas com literatura pertinente aos temas abordados, e instiga a busca de aprofundamento de conhecimento, bem como acolhe e naturaliza o processo de morte, discorrendo que se trata de uma evolução natural e inevitável.
No encontro de maio o filme trouxe o tema desafiador com a mudança genética, nos impulsionando a busca do artigo de Furtado (2019) “Edição genética: riscos e benefícios da modificação do DNA
humano”, para poder entender e aprofundar a discussão sobre essa temática. Também foi levantado a questão do desconhecimento dos benefícios dos cuidados paliativos, no qual a adolescente com câncer terminal iria se beneficiar e a mãe por medo da perda negava, então, elencou-se o livro da paliativista Arantes (2019) “A morte é um dia que vale à pena viver” além do capítulo de livro de Santos et al. (2021) “Percepção dos médicos de uma sala de emergência sobre a assistência ao paciente fora de possibilidade de cura” aprofundando as questões da distanásia, ortotanásia que foram abordadas na discussão do encontro.
Uma situação importante que não pode deixar de ser relatada, são as profundas e acaloradas discussões sobre questões bioéticas que os filmes “Como eu era antes de você” e “Mar adentro” trouxeram, pois falar de suicídio assistido, de eutanásia, de autonomia sobre o próprio processo de morte e morrer, não é fácil, visto que entra em voga todo conhecimento cultural, religioso, os preconceitos e as questões pessoais. Portanto, conduziu-se a discussão com o embasamento científico, dos seguintes artigos, Brandalise et al. (2018) “Suicídio assistido e eutanásia na perspectiva de profissionais e acadêmicos de um hospital universitário”, o artigo de Magalhães (2020) “Morte Indigna: quando o Estado e a Religião afrontam o direito e a sacralidade da vida”, Coutinho e Martinez (2020) “Suicídio assistido e eutanásia: uma análise histórico-evolucionista, sob a ótica da dignidade humana” e por último, mas não menos importante Camara e Bassani (2019) “Estudos em psicologia sobre morte, luto, religião e espiritualidade: uma revisão da literatura brasileira”, trazendo uma reflexão mais profunda sobre o que a literatura traz e o autoconhecimento do que é viável para cada pessoa presente na reunião.
A cada encontro novas experiências são vivenciadas, novas histórias compartilhadas, e temas tabus como a “morte” passam a ser discutidos e desmistificados, possibilitando novas formas de manejo e cuidado humanizado frente a formação de futuros profissionais da saúde com sensibilidade aguçada, e respeito pelo ser humano que irão cuidar, também mais instrumentalizados cientificamente para acolher a finitude humana.
Em relação às respostas advindas dos questionamentos realizados, ao final de cada encontro, “Qual ponto da discussão te chamou a atenção?” e “O que você aprendeu com esse encontro?”, pode-se afirmar, por meio da opinião de quem participou e respondeu essas perguntas, que a finalidade do projeto de extensão “Cineclube da Morte: conversas sinceras e reflexivas” está sendo alcançada, com altos e baixos na adesão, com pequenas dificuldades logísticas, mas com empenho integral do grupo de trabalho, pois todos que dele fazem parte, são enamorados pelo projeto e se empenham em levar uma discussão e construção de conhecimento conjunta.
Desde outubro de 2022 até outubro de 2023 foram sete filmes assistidos coletivamente com a comunidade acadêmica, com um total de duzentos e quinze inscritos, com aprofundamento de dez temas que permeiam as questões da morte, e com a utilização de cinco livros e seis artigos que ajudaram a aprimorar conhecimento. Essas literaturas também foram disponibilizadas para os participantes.
Os encontros on-line atingiram as seguintes cidades: Santa Maria/Rio Grande do Sul, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto/São Paulo, Macaé, Niterói e Petrópolis/Rio de Janeiro, e discentes das Universidades: UFSM-RS, UFF-RJ, UERJ, USP, Unipê-PB, UNESA estiveram presentes. Os cursos de Enfermagem, Psicologia compareceram em grande maioria, também tivemos alunos de Serviço Social, Relações Internacionais, Comunicação Social – Relações Públicas, Artes Visuais e Teatro.
A maior participação se deu na sessão do dia 28 de abril de 2023 com 38 participantes no filme “O caderno de Tomy”, e a maior participação nas discussões se deu nos dias 30 de junho e 29 de setembro com os filmes que falavam de suicídio assistido, trazendo à tona questionamentos no que se refere ao direito do estado, da família, da religião acerca da vida do outro, de impedir a autonomia para decidir sobre sua vida/morte sendo utilizada literaturas científicas para embasar a discussão.
Este tipo de metodologia educativa proporcionou um amplo debate com relação ao processo de morte, morrer, finitude humana, tanatologia, questões bioéticas como suicídio assistido, eutanásia, cacotanásia, distanásia, ortotanásia e kalotanásia, os diversos tipos de luto, cuidados paliativos, sedação paliativa. Levando os participantes a discussões aprofundadas sobre a temática, oportunizando também a troca de saberes, o acolhimento das histórias e da saúde mental dos alunos, tão impactados com perdas e lutos, durante a vida e principalmente no período de pandemia o qual todos vivenciaram.
O profissional da saúde ao se deparar com a situação de terminalidade traz sentimentos de fracasso, pois não conseguiu salvar vidas e esta realidade se faz presente quando cuida de um paciente ou tem algum familiar em processo de morte/morrer.
Percebe-se que os longos anos de formação acadêmica não trazem um preparo psicológico sobre a morte e o morrer durante a graduação repercutindo tensões que incidem na prática profissional.Como decorrência da falta de preparo, afloram dificuldades e sofrimentos vivenciados pelos profissionais e estudantes de enfermagem que, muitas vezes, acabam tendo que recorrer a soluções solitárias no enfrentamento das questões vivenciadas.
Por isso se faz necessário que durante o período acadêmico os estudantes de enfermagem aprimorem seus conhecimentos sobre os estágios do luto para melhor entender a morte e o morrer, sendo fundamental o desenvolvimento de estratégias que possibilitem a eles, desenvolverem o autoconhecimento e intervenções que auxiliem assistir o paciente e os familiares diante do processo de morte/morrer, minimizando seu sofrimento psíquico.
Para tal empreitada, iniciou-se o Cineclube da Morte que usa o filme como uma expressão artística possibilitando aos estudantes entrar em contato com temas sensíveis como o luto, a finitude humana, cuidados paliativos e todos os assuntos que permeiam a morte.
Foram discutidos conceitos de morte que emergiram nos encontros, observou-se que, frente a esta multiplicidade de significados, os acadêmicos em enfermagem e os professores tiveram a oportunidade de trocar informações, construir e transformar o conhecimento acerca do processo de morte e morrer.
Esse relato de experiência demonstrou por meio das vivências dos participantes uma experiência vivida dos seus relatos conduzindo a um comportamento com base em suas ações e relações, ou seja, um modo de pensar, que orienta o indivíduo no seu cotidiano para ser e estar com o outro nessa fase da vida, isto é, envolve a compreensão a partir do momento em que ouvimos o outro, conseguimos captar suas necessidades, ansiedades, desconhecimentos e preocupações.
Ao relatar a experiência do desenvolvimento do projeto de extensão Cineclube da Morte no acolhimento para cuidar da saúde mental da comunidade acadêmica, pode-se afirmar que foram desencadeadas inúmeras reflexões profundas acerca das temáticas discutidas, conhecimentos específicos se desmistificaram, conteúdos desconhecidos foram desvelados e se tornaram parte das discussões, trazendo à tona diversas emoções que os participantes puderam exteriorizar por meio dos seus depoimentos, possibilitando analisar as situações apresentadas com um enfoque empático.
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