https://doi.org/10.34024/prometeica.2024.29.16268

 

 


A INTERAÇÃO HOMEM-MÁQUINA NA PSICOTERAPIA

UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SOBRE O USO DE INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS NO CONTEXTO DA SAÚDE MENTAL


THE HUMAN-MACHINE INTERACTION IN PSYCHOTHERAPY

A systematic review on the use of artificial intelligences in the context of mental health


LA INTERACCIÓN HOMBRE-MÁQUINA EN PSICOTERAPIA

Una revisión sistemática sobre el uso de inteligencias artificiales en el contexto de la salud mental


Sérgio Alberto Nascimento Melo Junior

(Universidade da Amazônia - UNAMA, Brasil)

sergiomelojr.03@gmail.com


Caio Leite de Aguiar

(Faculdade Cathedral, Brasil)
caioleitebr@gmail.com


Larissa Kalyne Silva da Cunha
(Faculdade Cathedral, Brasil) larissakaly@gmail.com


Jean Carlos Rodrigues Brustolin
(Mestrado Profissional em Práticas Institucionais em Saúde Mental da Universidade Paulista – UNIP e
Universidade da Amazônia - UNAMA, Brasil)

jeanbrustolin@hotmail.com

Recebido: 30/01/2024
Aprovado: 30/01/2024

 


RESUMO

A implementação de tecnologias móveis de informação e comunicação no suporte à Saúde Mental tem atraído a atenção das autoridades. Com a ascensão das Inteligências Artificiais, esse movimento pode ser impulsionado de maneira exponencial. Nesse cenário, esta revisão tem como objetivos verificar a aplicabilidade das Inteligências Artificiais (IAs) na Saúde Mental e analisar os aspectos que favorecem a relação entre IAs e usuários. Para tanto, realizou-se uma revisão sistemática nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 25 de maio a 23 de junho de 2023. Selecionamos os 100 primeiros artigos mais relevantes com as palavras-chave: “Inteligência Artificial”, “Saúde Mental”, “Chatbots”, “Psicoterapia”, “Psicologia” e suas equivalentes em inglês. Os critérios de inclusão foram: acesso aberto, publicação a partir de 2018, em português ou inglês e menção à atuação de IAs no âmbito da Saúde Mental. Para reduzir o risco de viés, excluímos os estudos que não mensuraram o impacto das intervenções por meio de métodos experimentais ou quase-experimentais. Para a síntese dos dados, delimitaram-se alguns pontos específicos

de análise, como “Resultado da intervenção”, “Aspectos que favorecem a relação”, entre outros. Atenderam aos critérios de inclusão 24 estudos, dos quais 17 apresentaram resultados positivos em suas intervenções. O uso de IAs na Saúde Mental possui grande potencial de expansão e os resultados obtidos neste trabalho podem guiar a implementação dessas práticas e futuras pesquisas na área.

Palavras-chave: saúde mental. inteligência artificial. tecnologia. psicoterapia.


ABSTRACT

The implementation of mobile information and communication technologies to support mental health has attracted the attention of the authorities. With the rise of Artificial Intelligence, this movement could be boosted exponentially. In this scenario, this review aims to verify the applicability of Artificial Intelligences (AIs) in Mental Health and analyze the aspects that favor the relationship between AIs and users. To this end, a systematic review was carried out in the PubMed and Biblioteca Virtual em Saúde databases from May 25 to June 23, 2023. We selected the first 100 most relevant articles with the keywords: "Artificial Intelligence", "Mental Health", "Chatbots", "Psychotherapy", "Psychology" and their English equivalents. The inclusion criteria were: open access, publication from 2018 onwards, in Portuguese or English and mention of the use of AIs in the field of Mental Health. To reduce the risk of bias, we excluded studies that did not measure the impact of interventions using experimental or quasi-experimental methods. In order to synthesize the data, some specific points of analysis were delimited, such as "Outcome of the intervention", "Aspects that favor the relationship", among others. The inclusion criteria were met by 24 studies, of which 17 showed positive results in their interventions. The use of AIs in Mental Health has great potential for expansion and the results obtained in this work can guide the implementation of these practices and future research in the area.

Keywords: mental health. artificial intelligence. technology. psychotherapy.


RESUMEN

La aplicación de las tecnologías móviles de la información y la comunicación al apoyo de la salud mental ha atraído la atención de las autoridades. Con el auge de la Inteligencia Artificial, este movimiento podría potenciarse exponencialmente. En este contexto, esta revisión pretende comprobar la aplicabilidad de las Inteligencias Artificiales (IAs) en Salud Mental y analizar los aspectos que favorecen la relación entre las IAs y los usuarios. Para ello, se realizó una revisión sistemática en las bases de datos PubMed y Biblioteca Virtual em Saúde entre el 25 de mayo y el 23 de junio de 2023. Se seleccionaron los 100 primeros artículos más relevantes con las palabras clave: "Artificial Intelligence", "Mental Health", "Chatbots", "Psychotherapy", "Psychology" y sus equivalentes en inglés. Los criterios de inclusión fueron: acceso abierto, publicación a partir de 2018, en portugués o inglés y mención del uso de IAs en el campo de la Salud Mental. Para reducir el riesgo de sesgo, se excluyeron los estudios que no midieron el impacto de las intervenciones utilizando métodos experimentales o cuasi-experimentales. Para sintetizar los datos, se delimitaron algunos puntos específicos de análisis, como "Resultado de la intervención", "Aspectos que favorecen la relación", entre otros. Los criterios de inclusión fueron cumplidos por 24 estudios, 17 de los cuales presentaron resultados positivos en sus intervenciones. El uso de las IAs en Salud Mental tiene un gran potencial de expansión y los resultados obtenidos en este trabajo pueden orientar la implantación de estas prácticas y futuras investigaciones en el área.

Palabras clave: salud mental. inteligencia artificial. tecnología. psicoterapia.

Introdução

De acordo como o relatório de 2001 da Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de Saúde Mental inclui “bem-estar subjetivo”, “autoeficácia percebida”, “autonomia”, “competência”, “dependência intergeracional”, “autorrealização do próprio potencial intelectual e emocional”, entre outros. De uma perspectiva transcultural, é quase impossível definir a Saúde Mental de maneira abrangente. Sendo, no entanto, geralmente aceito que essa definição seja mais ampla que a simples ausência de transtornos mentais (World Health Organization, 2001). No mundo inteiro, são as pessoas mais desfavorecidas que correm maiores riscos de problemas relacionados à saúde mental e que também são as menos propensas a receber os serviços adequados, seja por inacessibilidade ou seja por questões paralelas, como uma discriminação relacionada à procura por serviços de Saúde Mental (World Health Organization, 2022).

Em 2005, durante a sua 58ª Assembleia, a OMS reconheceu o potencial das tecnologias de informação e comunicação na promoção da saúde. Foi nesse contexto que surgiu o termo “eHealth”, definido como “o uso eficiente e seguro de tecnologias de informação e comunicação no suporte à saúde e em áreas relacionadas, incluindo serviços de assistência médica, vigilância sanitária, literatura da saúde e educação, conhecimento e pesquisa em saúde” (World Health Organization, 2005, p. 109, tradução nossa). No cenário mundial atual, com os avanços e com a ampla disseminação das tecnologias móveis, destaca-se, dentro da eHealth, a chamada “Mobile Health” (ou mHealth), definida como a “prática médica e de saúde pública apoiada por dispositivos móveis, como telefones celulares, dispositivos de monitoramento de pacientes, assistentes digitais pessoais e outros dispositivos sem fio” (World Health Organization, 2011, p. 6, tradução nossa).

Um dos possíveis campos de atuação da mHealth é o da Saúde Mental. Em consonância com essa afirmação, a OMS, através do Plano de Ação sobre Saúde Mental para o período 2013-2020, recomenda a “promoção do autocuidado, por exemplo, por meio do uso de tecnologias eletrônicas móveis de saúde" (World Health Organization, 2013, p.14, tradução nossa). Dentre os diversos potenciais da conexão entre a mHealth e Saúde Mental, destaca-se a ampla abrangência das intervenções, permitindo alcançar populações de difícil acesso, com um custo-benefício favorável; e a possibilidade de monitoramento constante de informações sobre o “afeto, as cognições e os comportamentos” (Marzano, 2015, tradução nossa) do usuário.

Dentro desse contexto, a ascensão das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) está trazendo uma nova perspectiva para a eHealth e para a mHealth. Sichman (2021) esclarece que muito do entusiasmo relacionado às IAs se deve a três principais fatores: o barateamento das tecnologias; o surgimento de inovações, como redes neurais profundas; e uma imensa quantidade de dados disponíveis na internet, advindos do uso massivo de redes e mídias sociais. No entanto, em relação a essas tecnologias, algumas questões devem ser levantadas, como ressaltado por Virginia Dignum:

O desenvolvimento e o uso da IA levantam questões éticas fundamentais para a sociedade, que são de vital importância para o nosso futuro. Já existe muito debate sobre o impacto da IA no trabalho, interações sociais (incluindo cuidados de saúde), privacidade, justiça e segurança (incluindo iniciativas de paz e guerra). O impacto social e ético da IA abrange muitos domínios, por exemplo, os sistemas de classificação de máquinas levantam questões sobre privacidade e preconceitos e veículos autônomos levantam questões sobre segurança e responsabilidade (Dignum, 2019 apud Sichman, 2021 p. 167).


É importante ressaltar que, nesse contexto, a pesquisa em IA possui uma grande importância e uma provável influência em diferentes áreas, como a Saúde Mental. Fiske, Henningsen e Buyx (2019) apontam que diferentes inovações estão surgindo na área da psiquiatria, psicologia e psicoterapia, variando de psicoterapeutas virtuais, chatbots, até ferramentas de suporte à psicoterapia. Essas inovações carregam esperanças em melhorar a qualidade dos cuidados e a expansão do alcance da psicoterapia para populações que necessitam.

No entanto, quanto à implementação de IAs no âmbito da Saúde Mental, algumas questões acabam surgindo. Primeiramente, seriam essas tecnologias eficazes ao ponto de aumentar o bem-estar ou reduzir

o sofrimento dos usuários? Além disso, como explicitado por Norcross e Wampold (2011), a construção de uma relação terapêutica pode determinar os resultados do tratamento, teria um software a capacidade de construir esse vínculo com os usuários? Esta revisão busca evidenciar os achados da literatura recente acerca destas duas questões.


Método

A revisão sistemática da literatura foi realizada em 4 fases: 1) busca sistemática; 2) triagem dos resultados; 3) análise dos estudos incluídos; 4) síntese das evidências identificadas.

A busca foi realizada no período de 25 de maio a 23 de junho de 2023 na base de dados Pubmed e nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. Na Pubmed, todos os filtros foram removidos e os resultados foram ordenados por “Best match” (melhor correspondência). Na Biblioteca Virtual em Saúde, também removeram-se todos os filtros e os resultados foram ordenados por “Relevância”. Em ambos os buscadores, foram selecionados os 100 primeiros resultados por conjunto de palavras-chave.

Para a realização da busca, os autores dividiram as palavras-chave em dois conjuntos principais: Inteligência Artificial (em que foram inseridas as palavras-chave “Inteligência Artificial”; e “Chatbots”) e Saúde Mental (com as palavras-chave “Saúde Mental”; “Psicoterapia” e “Psicologia”). Além disso, também pesquisou-se a tradução dessas palavras-chave para a língua inglesa, ou seja, Inteligência Artificial (“Artificial Intelligence” e “Chatbots”) e Saúde Mental (“Mental Health”; “Psychotherapy” e “Psychology”). Portanto, buscou-se os seguintes conjuntos de palavras-chave em ambos os buscadores: (Inteligência Artificial Saúde Mental); (Inteligência Artificial Psicoterapia); (Inteligência Artificial Psicologia); (Chatbots Saúde Mental); (Chatbots Psicoterapia); (Chatbots Psicologia); (Artificial Intelligence Mental Health); (Artificial Intelligence Psychotherapy); (Artificial Intelligence Psychology); (Chatbots Mental Health); (Chatbots Psychotherapy) e (Chatbots Psychology).

Os critérios de inclusão foram: 1) Acesso aberto; 2) Publicação a partir de 2018; 3) Publicação em português ou inglês; 4) Menção à atuação de IAs no âmbito da Saúde Mental no título e no resumo; 5) Delineamento de estudo experimental ou quase-experimental.

As publicações encontradas foram dispostas em uma planilha na plataforma Notion, por onde ocorreu todo o processo de triagem e seleção das publicações elegíveis. Dentro da mesma plataforma, criou-se uma planilha específica para a extração e análise dos seguintes dados: Autores; Inteligência Artificial utilizada; Forma de atuação da IA; Demanda atendida pela IA; Instrumento de avaliação dos desfechos; Resultados do estudo; Pontos positivos da IA; Limitações da IA e Aspectos da IA que fortalecem a relação com o usuário. Cada publicação elegível teve seus dados extraídos e analisados por dois autores de forma independente. Discrepâncias quanto aos registros foram resolvidas por meio de discussão.


Resultados

A partir das buscas realizadas foram identificados 946 resultados, sendo 531 da PubMed e 415 da Biblioteca Virtual em Saúde. Após a retirada de 400 duplicatas, restaram 546 estudos, dos quais 119 não cumpriam com os critérios: Publicação a partir de 2018 (70); Publicação em português ou inglês (19) e Acesso Aberto (30), restando 427 publicações. Com a leitura dos títulos e resumos, foi possível excluir 260 publicações que não atendiam ao propósito da revisão, restando 167. Das publicações que restaram, 143 foram removidas, por não tratarem de IAs (9) ou não realizarem um delineamento de estudo experimental ou quase-experimental (134). Ao final, apenas 24 estudos cumpriram com todos os critérios de inclusão, dos quais, vale destacar, todos estavam escritos na língua inglesa.

Conforme indicado nas Tabelas 1, 2 e 3, a análise incluiu uma variedade de 23 softwares de Inteligência Artificial distintos. Ao identificarmos as características individuais de cada uma delas, nossa abordagem de análise priorizou a sistematização das informações expressas de maneira explícita em cada estudo.

A Tabela 1 retrata as principais demandas atendidas por essas IAs. “Depressão” foi mencionada em 8 dos estudos (33,3%); “Ansiedade” aparece em 6 deles (25%); 5 estudos não especificaram uma demanda atendida pelo software (20,8%); “Estresse” em 4 dos estudos (16,7%); e "Problemas de Sono", "Comprometimento Cognitivo", "Inatividade", "Adicção", "Déficit na comunicação", "Ostracismo", "Burnout", "Ideação Suicida", "Dor Crônica", "Preocupação quanto a Procedimentos Médicos" e "Hipocondria" foram mencionados uma vez cada (4,2%).

A Tabela 1 também demonstra que, entre as formas de atuação identificadas, algumas se destacam em termos de frequência e relevância. A característica "Conversação Livre" é a mais proeminente, mencionada em 16 dos 24 estudos (66,7% do total); "Psicoeducação" surge em 8 deles (33,3% do total); "Questionário" aparece em 5 (20,8% das análises); "Triagem" e "Técnicas de Mindfulness" em 4 artigos (16,7%); "Reestruturação Cognitiva" em 3 (12,5%); "Técnicas de Relaxamento" e "Ativação Comportamental" em 2 (8,3%); e "Supervisão para o Terapeuta" e "Fornecer Informações Médicas", em um estudo cada (4,2%).

A Tabela 2 apresenta os instrumentos utilizados para avaliar os impactos das intervenções e quais os resultados observados em cada estudo. Quanto aos instrumentos, pode-se realizar uma divisão em dois grupos: aqueles que avaliam os construtos alvos da intervenção e aqueles que avaliam a satisfação do usuário em relação ao software. Do primeiro grupo, destaca-se os questionários PHQ-9 e o GAD-7, que apareceram em 11 (45% do total) e 10 (41,6%) dos estudos, respectivamente. Também apareceram em mais de um estudo os questionários PANAS (4 estudos, 16,6%), DASS-21 (3 estudos, 12,5%), ISI (2

estudos, 8,3%), VAS (2 estudos, 8,3%) e PSS (2 estudos, 8,3%). Enquanto que os questionários Maslach Burnout Inventory, CAGE , CDS-5, RMDQ, NRS, Nine-item Desire Subscale, BPI, SF-12, PGIC, Need to Belong Scale, FFMQ, PROMIS, MoCA, UCLA Loneliness Scale, SSPA, SRS, PSYCHLOPS, ROC, IUS-12, SHAI-18, OSI, SCL-90-R, PHQ-2, PHQ-4, PHQ-8, WHODAS, ONS4, DAST-10, AUDIT-C e

WHO-5 apareceram em somente um estudo (4,1%) cada. Em relação ao grupo de questionários utilizados para avaliar a satisfação do usuário em relação ao software, o WAI-SR, o CSQ-8 e o SUS apareceram em dois estudos cada (8,3%), enquanto que o restante (MAUQ, AES, ETQ, WAQ, UMUX- LITE, AS, CSUQ, UES-SF, Social Connectedness Questionnaire, Godspeed Questionnaire, Anthropomorphism Questionnaire e URP-I) apareceram apenas uma vez cada (4,1%).

Quanto aos resultados das intervenções, também presentes na Tabela 2, mensurados por meio da comparação dos escores presentes no pré-teste e no pós-teste, 17 (70,8%) apresentaram resultados positivos, ou seja, após a intervenção, houve um decréscimo relevante dos sintomas aversivos mensurados pelo instrumento e um aumento do bem-estar dos sujeitos avaliados. Quanto ao restante dos estudos, 7 (29,2%) não apresentaram resultados significativos, ou seja, não foram observadas mudanças significativas entre os escores do pré-teste e do pós-teste.

Tabela 1. Autoria, IA utilizada, Demandas atendidas e Formas de atuação.

Autoria

IA

Demandas Atendidas

Formas de Atuação

Sabour et al.

2023.

Emohaa

(Não especificado)

Conversação Livre, Reestruturação Cognitiva

Goonesekera et al., 2022.

Otis

Hipocondria

Psicoeducação, Conversação Livre

Danieli et al., 2021.

TEO

Ansiedade; Estresse; Depressão

Conversação Livre, Supervisão para o terapeuta

Rathnayaka e t al., 2022.

Bunji

Inatividade

Conversação Livre, Questionário

Mauriello et al., 2021.

Popbots

Estresse

Conversação Livre

Prochaska et al., 2021.


Woebot


Adicção

Psicoeducação, Conversação Livre, Monitoramento De Adicções, Monitoramento Fisiológico, Técnicas de mindfulness

Mehta et al., 2021.

Youper

Ansiedade; Depressão

Conversação Livre, Questionário, Técnicas de relaxamento, Psicoeducação

Gaffney et al., 2020.

MYLO

(Não especificado)

Conversação Livre

Ali et al., 2020.

AEP

Déficit na comunicação

Fornece feedback ao usuário, Reconhecimento de expressão facial

Inkster et al., 2018.

Wysa

Depressão

Conversação Livre, Técnicas de mindfulness

Klos et al., 2021.

Tess

Depressão; Ansiedade

Conversação Livre, Psicoeducação

Christoforak os et al., 2021.


Replika


(Não especificado)


Conversação Livre

De Gennaro et

al., 2020.

Rose

Ostracismo

Conversação livre

Gabrielli et al., 2021.

Atena

Ansiedade, Estresse

Psicoeducação, Técnicas de Mindfulness

Nebot et al., 2022.

LONG-REMI

Comprometimento cognitivo

Reconhecimento de expressão facial, Terapia de reminiscência.

Bird et al., 2018.

MYLO

(Não especificado)

Conversação livre

He et al., 2022.

XiaoE

Depressão

Conversação livre,Triagem

Piette et al., 2022.

(Não especificado)

Dor crônica

Triagem

Daley et al., 2020

Vitalk

Ansiedade, Depressão, Estresse

Ativação comportamental, Psicoeducação, Reestruturação cognitiva, Técnicas de Relaxamento

Philip et al., 2020.


KANOPEE


Problemas de sono

Ativação comportamental, Monitoramento de Adicções, Monitoramento fisiológico, Psicoeducação, Questionário, Triagem

Bray et al., 2020.

Xploro DTx

Preocupação quanto a procedimentos hospitalares

Fornece informações médicas

Bennion et al., 2020.

MYLO, ELIZA

(Não especificado)

Conversação livre, Questionário

Liu et al., 2022.

XiaoNan

Depressão

Conversação livre

Anmella et al., 2023.


Vickybot

Ansiedade, Burnout, Depressão, Ideação Suicida

Entra em contato com a equipe de saúde, Psicoeducação, Questionário, Triagem, Técnicas de Mindfulness


Tabela 2. Autoria, IA utilizada, Instrumentos de avaliação e Resultados das intervenções


Autoria


IA


Instrumentos de Avaliação

Resultados das Intervenções

Sabour et al.

2023.

Emohaa

PHQ-9; GAD-7; PANAS; ISI

Resultados positivos

Goonesekera et al., 2022.


Otis


GAD-7; IUS-12; ONS4; WHO-5; SHAI-18

Sem resultados significativos

Danieli et al., 2021.

TEO

PSS; SCL-90-R; OSI

Resultados positivos

Rathnayaka e t al., 2022.

Bunji

PHQ-2; PHQ-9

Resultados positivos

Mauriello et al., 2021.

Popbots

PHQ-4

Resultados positivos

Prochaska et al., 2021.

Woebot

PHQ-8; GAD-7; DAST-10; AUDIT-C; CSQ-8; WAI-SR; URP-I

Resultados positivos

Mehta et al., 2021.

Youper

PHQ-9; GAD-7

Resultados positivos

Gaffney et al., 2020.


MYLO


PHQ-9; GAD-7; SRS; ROC; PSYCHLOPS

Sem resultados significativos

Ali et al., 2020.


AEP

PROMIS; WHODAS; MoCa; UCLA Loneliness Scale; SSPA; SUS

Sem resultados significativos

Inkster et al., 2018.

Wysa

PHQ-9

Resultados positivos

Klos et al., 2021.


Tess


PHQ-9; GAD-7

Sem resultados significativos

Christoforak os et al., 2021.


Replika

Social Connectedness Questionnaire; Godspeed Questionnaire; Anthropomorphism Questionnaire; Need to Belong Scale; Nine- item Desire Subscale

Sem resultados significativos

De Gennaro et

al., 2020.

Rose

PANAS

Resultados positivos

Gabrielli et al., 2021.

Atena

GAD-7; PSS; FFMQ; UES-SF

Resultados positivos

Nebot et al., 2022.

LONG-REMI

PANAS; VAS; CSUQ

Resultados positivos

Bird et al., 2018.


MYLO


DASS-21

Sem resultados significativos

He et al., 2022.

XiaoE

PHQ-9; WAQ; UMUX-LITE

Resultados positivos

Piette et al., 2022.

(Não especificado)

PHQ-9; SF-12; RMDQ; NRS; PGIC; BPI

Resultados positivos

Daley et al., 2020

Vitalk

PHQ-9; GAD-7; DASS-21

Resultados positivos

Philip et al., 2020.

KANOPEE

ISI; CAGE; CDS-5; AES

Resultados positivos

Bray et al., 2020.

Xploro DTx

VAS

Resultados positivos

Bennion et al., 2020.

MYLO, ELIZA

SUS; DASS-21

Sem resultados

significativos

Liu et al., 2022.

XiaoNan

PHQ-9; GAD-7; PANAS; CSQ-8 WAI-SR

Resultados positivos

Anmella et al., 2023.

Vickybot

PHQ-9; GAD-7; MAUQ; Maslach Burnout Inventory

Resultados positivos


A Tabela 3 indica os “Pontos Positivos”, as “Limitações” e os “Aspetos da IA que fortalecem a relação com o usuário”. Analisando os pontos positivos dos 24 estudos, o aumento da acessibilidade a serviços de saúde mental é um destaque entre as características apontadas pelos estudos, mencionada em 11 deles (45,8%); a individualização da interação aparece em nove (37,5%); seguida pela interação rápida que é mencionada em 7 estudos (29,2%); disponibilidade 24 horas por dia e 7 dias por semana aparece em 6 (25%); o aumento do engajamento dos pacientes é mencionado em 5 estudos (20,8%); anonimato faz 4 aparições (16,7%); a conexão social com a IA é citada 3 vezes (12,5%); 3 dos artigos não apontaram nenhum ponto positivo específico, sendo, portanto, classificados como “Não Especificado” (12,5%); aumento da efetividade no processo terapêutico é mencionado 2 vezes (8,3%); “Coleta de dados em tempo real”, “Complemento à terapia”, “Personalização do avatar”, “Uso de jogos e ferramentas gamificadas” e “Intervenções consistentes e padronizadas” aparecem em apenas 1 estudo cada (4,17%).

Por outro lado, os estudos também apresentam as limitações de cada IA, destacam-se, entre elas, a “Compreensão limitada”, mencionada em 7 dos estudos (29%); “Dificuldades tecnológicas” e “Falta de conexão humana”, citadas em 5 estudos (20,8%); “Repetitividade” em 4 (16,7%); “Falta de validade científica” e “Efeitos de longo prazo desconhecidos” em 2 estudos cada (8,3%); “Baixo engajamento”, “Falta de conexão humana”, “Inaptidão para lidar com situações de crise” e “Interação tediosa” são citados em 1 estudo cada (4,2%). Além disso, 6 dos estudos não especificaram limitações das IAs, sendo, portanto, classificados como “Não especificado” (25%).

Quanto aos aspectos que favorecem a relação do usuário com a IA, a individualização da interação com o usuário é mencionada em 7 estudos (29,2%); interatividade e empatia aparecem em 5 estudos cada

(20,8%); antropomorfismo, quantidade de conteúdo e amigabilidade em 4 cada (16,7%); linguagem natural e feedback constante em 3 estudos cada (12,5%); confiabilidade em 2 (8,3%); e transparência sobre ser um “robô”, o anonimato, a compreensão aumentada o sentimento de que a IA não se sobrecarrega com os problemas do usuário e o sentimento de controle sobre a conversa por parte do usuário aparecem em um estudo cada (4,2%). Além disso, 4 dos estudos não especificaram os aspectos das IAs que favorecem a relação com o usuário, sendo, portanto, classificados como “Não especificado” (16,7%).

Tabela 3. Autoria, IA utilizada, Pontos positivos, Limitações e Aspectos da IA que fortaleceram a relação

Autoria

IA

Pontos Positivos

Limitações

Aspectos da IA que fortalecerem a relação

Sabour et al.

2023.


Emohaa


(Não especificado)

Compreensão limitada e Dificuldades tecnológicas

Antropomorfismo, quantidade de conteúdo

Gooneseker

a et al., 2022.


Otis

Complemento à Terapia e Interação rápida

Dificuldades

tecnológicas e Interação tediosa


Interatividade


Danieli et al., 2021.


TEO

+Efetividade no Processo Terapêutico,

+Engajamento dos pacientes e Disponibilidade 24/7


(Não especificado)


Interatividade


Rathnayaka et al., 2022.


Bunji

Anonimato, Individualização e Intervenções consistentes e padronizadas


(Não especificado)


Amigável, Individualizado, Linguagem natural

Mauriello et al., 2021.


Popbots

+Engajamento dos pacientes, Disponibilidade 24/7

Compreensão limitada e Repetitividade

Confiabilidade, Não se sobrecarrega com os problemas do usuário

Prochaska et al., 2021.

Woebot

Acessibilidade

Inaptidão para lidar com situações de crise

Empatia

Mehta et al., 2021.

Youper

Acessibilidade

(Não especificado)

(Não especificado)

Gaffney et al., 2020.


MYLO

Anonimato, Individualização e Interação rápida

Compreensão limitada e Falta de conexão humana

Individualizado, Indivíduo no controle

Ali et al., 2020.


AEP

Acessibilidade, Anonimato e Interação rápida


Falta de conexão humana

Feedback, Interatividade, Linguagem natural


Inkster et al., 2018.


Wysa

Coleta de dados em tempo real, Disponibilidade 24/7 e Individualização


Compreensão limitada e Repetitividade


Feedback, Individualizado


Klos et al., 2021.


Tess

Acessibilidade, Disponibilidade 24/7, Individualização e Interação rápida

Compreensão limitada e Efeitos a longo prazo desconhecidos


Amigável, Empatia

Christoforak os et al.,

2021.

Replika

Conexão social

(Não especificado)

Antropomorfismo, Interatividade

De Gennaro et al., 2020.


Rose

Acessibilidade, Conexão social e Disponibilidade 24/7

Efeitos a longo prazo desconhecidos.

Empatia, Transparência (assume que é robô)

Gabrielli et al., 2021.


Atena

Acessibilidade, Complemento à Terapia e Interação rápida

Pouco engajamento dos pacientes e Compreensão limitada

Amigável, Individualizado, quantidade de conteúdo

Nebot et al., 2022.

LONG- REMI

Acessibilidade, Individualização, Interação rápida

Efeitos a longo prazo desconhecidos

Interatividade, quantidade de conteúdo

Bird et al., 2018.

MYLO

(Não especificado).

Pouco engajamento dos pacientes

(Não especificado)


He et al., 2022.


XiaoE

+ Engajamento dos pacientes, Acessibilidade, Complemento à Terapia e Individualização

Dificuldades tecnológicas e Repetitividade

Anonimato/Sem julgamento, Compreensão aumentada, Empatia, Individualizado, Linguagem natural, quantidade de conteúdo


Piette et al., 2022.


(Não especificado)

+Efetividade no Processo Terapêutico,

+Engajamento dos pacientes e

Complemento à Terapia


(Não especificado)


(Não especificado).


Daley et al., 2020


Vitalk

+Engajamento dos pacientes, Acessibilidade e Individualização


Falta de validade

Antropomorfismo, Feedback, Individualizado, quantidade de conteúdo

Philip et al., 2020.

KANOPEE

Acessibilidade, Individualização

Pouco engajamento dos pacientes

Confiabilidade, Empatia


Bray et al., 2020.


Xploro DTx

Individualização, Personalização do Avatar e Uso de jogos/Ferramentas gamificadas


(Não especificado)


Antropomorfismo

Bennion et al., 2020.

MYLO, ELIZA


(Não especificado)

Pouco engajamento dos

pacientes, Falta de validade


Individualizado


Liu et al., 2022.


XiaoNan


Acessibilidade e Interação rápida

Compreensão limitada, Dificuldades tecnológicas, Falta de conexão humana, Repetitividade


Amigável


Anmella et al., 2023.


Vickybot

Anonimato (não julgamento), Conexão social, Disponibilidade 24/7

Pouco engajamento dos pacientes, Dificuldades tecnológicas


(Não especificado)


Discussão

O panorama apresentado pelos dados desta revisão evidencia que diversos softwares de Inteligência Artificial voltados para a Saúde Mental encontram-se em desenvolvimento e em processo de validação, o que fornece uma perspectiva favorável em relação à aplicação dessas tecnologias dentro desse contexto. Como explicitado por Murray et al. (2012), a atual força de trabalho clínica é insuficiente para atender às necessidades em constante crescimento de pessoas que enfrentam condições de saúde mental, e essa disparidade entre a demanda atual e a oferta de cuidados de saúde mental exige soluções inovadoras. Portanto, a integração dos avanços tecnológicos a esses serviços é uma importante forma de enfrentamento a essa lacuna. Como demonstrado nesta revisão, demandas como “Depressão”, “Ansiedade”, “Estresse”, entre outros, já estão sendo alvos de variadas intervenções utilizadas por softwares de Inteligência Artificial voltados para a Saúde Mental.

Mesmo com um cenário favorável, essas tecnologias ainda exigem estudos de validação mais aprofundados, de modo a evidenciar os seus riscos em comparação com os benefícios, suas limitações em comparação com os pontos positivos, para que seja feita uma implementação segura e eficaz das IAs no campo da Saúde Mental. Entre os estudos incluídos nesta revisão, a maioria (70,8%) apresentou resultados satisfatórios, ou seja, as intervenções contribuíram de alguma forma com a Saúde Mental dos envolvidos. Diversos pontos positivos relacionados à implementação desse tipo de tecnologia nesse contexto também foram evidenciados entre os estudos, aumento da acessibilidade, interações individualizadas e interações breves são exemplos do que foi identificado e que contribuem para um aval favorável à aplicação dessas intervenções. No entanto, limitações também foram identificadas, a compreensão limitada da subjetividade humana, por exemplo, foi observada em mais de um estudo, o

que pode exigir uma comunicação mais direta, mais nivelada, por parte dos usuários, não refletindo a naturalidade das interações humanas e quebrando a ilusão estabelecida com a IA (Bickmore et al., 2010).

Outro ponto a ser evidenciado é o dos aspectos da IA que favorecem a construção de uma relação terapêutica sólida. Menezes et al. (2019) apontam que a capacidade dos chatbots de adotar uma abordagem conversacional, simulando a interação humana por meio de texto escrito, tem um impacto significativo no engajamento das pessoas, o que pode significar um aumento da Saúde Mental da população geral, uma redução de custos para isso, além de representar uma oportunidade para aqueles indivíduos que enfrentam barreiras como estigma e relutância em procurar aconselhamento de saúde mental tradicional. Conforme destacado nesta revisão, aspectos como a individualização da interação com o usuário, a capacidade de produzir demonstrações empáticas, antropomorfismo, entre outros, são características que favorecem a construção desse vínculo, evidenciando que há essa possibilidade de formação de algo análogo a uma relação terapêutica. Devido a importância da construção desse vínculo, a superação da percepção de “artificialidade” deve ser um importante objeto de estudo entre os desenvolvedores deste tipo de tecnologia, pequenas e sutis características linguísticas podem desempenhar um papel significativo na interação “homem-máquina” (Lucas et al., 2017).


Considerações Finais

Esta revisão buscou demonstrar o potencial de expansão significativo da Inteligências Artificiais no âmbito da Saúde Mental. Embora reconheçamos as limitações existentes em nossa pesquisa, como a ausência de estudos realizados na América do Sul, a falta de padronização quanto aos métodos avaliativos das intervenções e a não adequação a uma diretriz específica para revisões sistemáticas, buscamos demonstrar, de maneira geral, o que está sendo produzido na literatura recente, demonstrando, por exemplo, uma ausência de produções brasileiras sobre o assunto. Acreditamos que este trabalho possa ser um primeiro passo para desbravar esse campo e antecipamos que abrirá caminhos para pesquisas mais aprofundadas.

A análise cuidadosa da aplicabilidade das IAs neste contexto aponta para um horizonte promissor. A integração dessas tecnologias dentro do âmbito da Saúde Mental sugere um avanço significativo na promoção da acessibilidade às pessoas que necessitam de suporte psicológico. Ao mesmo tempo, deve- se reconhecer que essa integração requer uma abordagem responsável, acompanhada de estudos e avaliações rigorosas, de modo a estabelecer diretrizes claras que garantam o bem-estar dos usuários. Portanto, destaca-se a necessidade do incentivo à produção científica na área, a qual ainda está em seus passos iniciais.


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