Artículos Dosier
https://doi.org/10.34024/prometeica.2024.29.16245
A PERCEPÇÃO DAS MULHERES SOBRE A MATERNIDADE NA CONTEMPORANEIDADE
WOMEN’S PERCEPTION OF MOTHERHOOD IN CONTEMPORARY
LA PERCEPCIÓN DE LA MATERNIDAD EN LAS MUJERES EN LA ÉPOCA CONTEMPORÁNEA
(Mestrado Profissional em Práticas Institucionais em Saúde Mental e
Graduação em Psicologia da Universidade Paulista – UNIP, Brasil)
(Universidade Paulista – UNIP, Brasil)
(Universidade Paulista – UNIP, Brasil)
Recebido: 29/01/2024
Aprovado: 29/01/2024
RESUMO
Este artigo teve por objetivo identificar e compreender como as mulheres representam a maternidade. Para isso, foram realizadas, através de ligação telefônica, 15 entrevistas com mulheres entre 31 e 40 anos, que têm pelo menos um filho e inseridas no mercado de trabalho, utilizando para isto, um roteiro semiestruturado criado pelos pesquisadores. Através dos dados coletados, foi realizada uma análise qualitativa estruturada em duas categorias, a saber: o sentimento das participantes em relação à maternidade e a percepção da maternidade em meio à outras funções, como esposa e profissional. A partir da articulação entre os relatos das entrevistas com a literatura científica utilizada, foi possível verificar que as mulheres identificam a maternidade como uma grande responsabilidade, que muitas vezes, as fazem abdicar de outras funções também importantes como esposa, profissional, ou a si mesmas enquanto pessoa. Por outro lado, também foi possível averiguar que algumas mulheres, além de representarem a maternidade como uma responsabilidade, também a entronizam como realização, expressando um sentimento de mudanças positivas em suas
vidas. A partir do estudo foi possível ratificar o quanto a maternidade é valorizada pelas mulheres com filho, sendo necessário realizar mais estudos que relacionem a saúde mental de mães, com a sobrecarga e o sentimento de culpa citado por elas.
Palavras-chave: mulher. maternidade. responsabilidade materna.
ABSTRACT
This article aimed to identify and understand how women represent motherhood. To this end, 15 interviews were carried out via telephone with women between 31 and 40 years old, who have at least one child and are in the job market, using a semi-structured script created by the researchers. Using the data collected, a qualitative analysis was carried out structured into two categories, namely: the participants' feelings regarding motherhood and the perception of motherhood in the midst of other roles, such as wife and professional. From the articulation between the interview reports and the scientific literature used, it was possible to verify that women identify motherhood as a great responsibility, which often makes them give up other equally important roles such as wife, professional, or themselves as a person. On the other hand, it was also possible to ascertain that some women, in addition to representing motherhood as a responsibility, also enthrone it as an achievement, expressing a feeling of positive changes in their lives. From the study, it was possible to ratify how much motherhood is valued by women with children, making it necessary to carry out more studies that relate the mental health of mothers, with the overload and the feeling of guilt mentioned by them.
Keywords: woman. maternity. maternal responsibility.
RESUMEM
Este artículo tuvo como objetivo identificar y comprender cómo las mujeres representan la maternidad. Para ello, se realizaron 15 entrevistas telefónicas a mujeres entre 31 y 40 años, que tienen al menos un hijo y se encuentran en el mercado laboral, utilizando un guion semiestructurado elaborado por los investigadores. A partir de los datos recolectados, se realizó un análisis cualitativo estructurado en dos categorías, a saber: los sentimientos de las participantes frente a la maternidad y la percepción de la maternidad en medio de otros roles, como esposa y profesional. A partir de la articulación entre los relatos de las entrevistas y la literatura científica utilizada, se pudo verificar que las mujeres identifican la maternidad como una gran responsabilidad, lo que muchas veces las lleva a renunciar a otros roles igualmente importantes como el de esposa, profesional o de sí mismas como persona. Por otro lado, también se pudo constatar que algunas mujeres, además de representar la maternidad como una responsabilidad, también la entronizan como un logro, expresando un sentimiento de cambios positivos en sus vidas. A partir del estudio se pudo constatar cuánto valoran la maternidad las mujeres con hijos, siendo necesario realizar más estudios que relacionen la salud mental de las madres, con la sobrecarga y el sentimiento de culpa mencionados por ellas.
Palabras clave: mujer. maternidad. responsabilidad materna.
A maternidade é uma vivência que foi sendo modificada ao longo do tempo concomitante às mudanças referentes a importância da criança na sociedade (Ariès, 1981). Gradvohl, Osis e Makuch (2014) e Iaconelli (2023) realizam uma reflexão da maternidade e da maternagem desde a Idade Média até os tempos atuais, lançando um olhar sobre a história da maternidade e da mulher e as funções exercidas
pelas mães. Ao valorizar a maternidade com a visão focada na mulher, enquanto organismo, a sociedade entende a mãe biológica como a única responsável pelo cuidado e amamentação de seus filhos, enaltecendo esta posição, que acabou por culminar na associação entre ser mulher e ser mãe.
Giordani et al. (2018) relataram que a interação social, a maternidade e a amamentação são parte de um processo interacional que vai se estruturando socialmente, conforme os papéis que as mães desempenham no percurso das interações. Essa multiplicidade de papéis assumidos por uma única pessoa, fará com que um seja enfatizado em detrimento a outro, e de acordo com o momento e a necessidade, haverá alternância de predominância entre os papéis, ora de mãe-mulher, ora de mulher- mãe, por exemplo.
Somado a estes fatores socioculturais, Rosseti e Gutierrez (2020) trouxeram que as concepções do pensamento médico uniram o biológico e o cultural para criar uma distinção entre homens e mulheres, inclusive quanto aos seus corpos. Assim, o corpo da mulher, como o responsável pela concepção da vida, passou a ser visto como aquele que tem a função de mãe.
A necessidade de ser mãe é uma construção social e histórica que foi vista como algo instintivo, conforme questionado por Badinter (1985). A valorização do instinto materno fez com que as mulheres sentissem a necessidade de “ter que” ser mãe. Lemos e Kind (2017) estudaram sobre a constituição da subjetividade na maternagem e observaram que a responsabilidade exclusiva feminina pela maternagem são baseadas em cobranças permeadas por aspectos biológicos. Enquanto o movimento radical queria mudar essa imagem da mulher relacionada à maternidade, o movimento maternalista trazia que a maternagem – essencial à vida feminina – deveria ser remunerada como trabalho, pois era uma atividade social (Gradvohl, Osis, & Makuch, 2014).
Campos (2020) nota que, baseado em aspectos sociais e históricos, a visão das mulheres participantes de seu estudo sobre a abnegação irrestrita da mãe, resultou em culpas, frustrações e sentimentos de inadequação por não atingirem o ideal da mãe. Este movimento fez com que as mulheres vivenciassem sentimentos ambivalentes, já que ocorre uma busca pelo “ser uma mãe boa” e ter as qualidades perfeitas para serem aceitas e valorizadas socialmente. O mito da boa mãe, que é abnegada e perfeita, permanece até a contemporaneidade (Martins, Abreu, & Figueiredo, 2014).
Segundo Mendes (2017) o papel de mãe como abnegada e perfeita, dificulta às mulheres chegarem a cargos de liderança, já que socialmente é pensado que a prioridade é o cuidado dos filhos e da família e não a vida profissional. Esta visão está pautada no neoliberalismo, no qual o funcionário deve produzir para poder permanecer e se desenvolver profissionalmente em seu local de trabalho. A maternidade ou mesmo a possibilidade da maternidade aparece com uma ameaça sobre a carreira da mulher ocidental, a qual acumulou as atividades de cuidado com os filhos e família com a vida profissional (Iaconelli, 2023).
Garcia e Viecili (2018) descrevem que o compartilhamento das tarefas domésticas, ou relacionadas aos filhos, em conjunto com a ascensão profissional e socioeconômica, quando ocorre de maneira desigual pode contribuir para que exista um sentimento de insatisfação nas mulheres.
Para Behar (2018), as mães abdicam das próprias vontades, ou questões pessoais, para atenderem aos interesses da família e dos filhos, em diferentes situações econômicas ou em uma diversidade de contextos, afirmando a existência de relatos sobre conciliação de papéis, que desencadeia o cansaço e o estresse.
Associado a estes fatores, que vem sendo discutidos desde a entrada da mulher no mercado de trabalho formal no início do século XX, já que anterior a este período muitas mulheres já realizavam trabalhos como babás, lavadeiras, cozinheiras, dentre outros, em março de 2020 viveu-se o isolamento social devido a pandemia da COVID-19. Segundo Silva et al. (2020), a pandemia influenciou a maternidade e afetou a relação mãe e filho através das mudanças nas reações emocionais e comportamentais, tanto nos adultos quanto nas crianças. A autora descreveu que esse abalo emocional proporcionado pela pandemia, aumentou o estresse devido à sobrecarga das demandas familiares e profissionais, gerando assim,
dificuldade de tolerância para lidar com as reações comportamentais e emocionais dos filhos. Da mesma forma, a perda do emprego ou redução da renda familiar auxiliam para a emergência destes conflitos na relação. Tem sido constatado durante a crise sanitária da COVID-19 a desigualdade de gênero na divisão do trabalho, com as mulheres destacando-se como o principal grupo, que em virtude da conciliação da educação em casa, tarefas domésticas e atividades laborais, correm um particular risco de agravos em sua saúde mental (Silva et al., 2020).
Através do que foi apontado é possível questionar como a maternidade é percebida e vivenciada pelas mulheres na contemporaneidade, e se a forma como cada mulher vivencia a maternidade pode influenciar ou não no manejo que a mesma faz em outros espaços sociais. Sendo assim este artigo busca:
compreender como as mulheres percebem a maternidade; b) identificar o que elas consideram como sendo as funções de mãe; c) analisar, a partir da percepção das mulheres-mães, como a maternidade se inter-relaciona com as demais atividades exercidas (profissional, esposa e mulher em si).
A coleta de dados foi realizada no período entre abril a junho de 2020, após aprovação do comitê de ética em pesquisa, tendo sido realizadas 15 entrevistas através de contato telefônico. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi lido e consentido pelas participantes via voz e gravado. A metodologia utilizada para a realização desse estudo foi a qualitativa (Minayo, 2012). Foram participantes deste estudo 15 mulheres (identificadas com o código M seguido do número em ordem de entrevista), com idades entre 31 e 40 anos, casadas ou amasiadas, mães de pelo menos um filho e inseridas no mercado de trabalho.
A técnica utilizada para a coleta de dados foi a da entrevista semiestruturada, pois ela permite liberdade “ao entrevistado falar daquilo que lhe é de significado central, mas em uma estrutura flexível que assegure ao entrevistador que os tópicos considerados cruciais para o estudo sejam cobertos” (Nunes, 2005). O roteiro de entrevista, criado pelos autores do estudo, continha 22 perguntas abordando a relação da mulher com a maternidade, com o casamento e com a vida profissional e com a conciliação dos três papeis e durou em média 20 minutos cada uma.
A análise dos dados coletados foi feita com base nas leituras de referência sendo criadas categorias a posteriori, para interpretação dos dados e comparação desses com a leitura científica realizada anteriormente. A análise de conteúdo, teve como crivo as orientações de Minayo (2012) que é realizada baseada em conceitos, hipóteses, métodos e técnicas que se constroem junto do autor e foi realizada posteriormente à coleta de dados.
Os dados foram agrupados em duas categorias: o sentimento das participantes em relação à maternidade e a percepção das participantes da maternidade em meio às outras funções como esposa e profissional.
Ao investigar a percepção que as mulheres têm a respeito da maternidade, chegamos a duas categorias de análise:
o sentimento das participantes em relação à maternidade, subdividida em maternidade como responsabilidade (a maternidade vista, principalmente, como uma responsabilidade na vida das mulheres participantes), e maternidade como responsabilidade e realização (a maternidade é vista como uma responsabilidade, mas também como uma realização ao ser exercida);
a percepção das participantes, comparando-se a maternidade às outras funções como esposa e profissional, com dados a respeito da percepção das mulheres sobre a conciliação do papel de mãe em consonância com seus outros papeis exercidos: esposa e profissional.
Na categoria do papel de mãe como responsabilidade, podemos observar que em quase todos os relatos, as mulheres apresentam falas sobre dedicarem-se em tempo integral aos filhos, pois mesmo quando estão desempenhando outros papeis como, por exemplo, a vida profissional, o pensamento muitas vezes está nos filhos. Em alguns relatos ficou nítida a percepção de que essas mulheres entendem a maternidade como uma ‘obrigação de tempo integral’, priorizando o ser mãe em detrimento às outras funções, em especial, o cuidado de si mesmas enquanto pessoa.
O que demanda mais do meu tempo hoje, eu te falo que é o de mãe, hoje é o de mãe, porque mesmo que eu esteja na loja trabalhando minha cabeça tá matutando, tá pensando no que eu vou ter que fazer para o meu filho (M1).
[...] Como mãe eu tive que provavelmente assim, praticamente abandonar um pouquinho meu lado como pessoa pra ser mãe [...] (M14).
Podemos compreender esse pensamento através do contexto histórico que envolve as mulheres e a maternidade. Resende (2017) resgata o tema do amor materno divinizando a maternidade como algo natural às mulheres, como traz Badinter (1985, p. 179), no século XIX “o bebê e a criança transformaram-se nos objetos privilegiados da atenção materna”. A partir disso, a mulher passou a sacrificar-se, visando o bem-estar do filho junto a ela. Até este momento, o bebê normalmente era cuidado por outras pessoas e chegava até viver fisicamente distante de sua mãe biológica. Mas, chancelada pela necessidade de cuidados maternos para que pudessem sobreviver, as mulheres burguesas ocuparam o lugar de cuidadoras e passaram a se dedicar ao cuidado dos filhos, sendo, inclusive, muito valorizadas por esta atividade, tornando-as inviabilizadas no âmbito social e profissional, uma vez que elas estavam ganhando visibilidade a partir do Iluminismo (Mendes, 2017; Iaconelli, 2023).
Devido a esse mesmo contexto sócio-histórico-cultural da mulher com a maternidade, segundo Resende (2017), a mulher sofreu uma pressão ideológica, fazendo com que até mesmo as mulheres que não queriam ser mãe tivessem filhos, sendo esta afirmação corroborada pelo que foi encontrado nos relatos das participantes, como citado pela participante M6.
[...] Por exemplo, tudo segue, o lado profissional segue se você não tiver ali, o V (marido) também vai seguir se eu não tiver ali. Agora, a maternidade não, você é responsável, lógico junto com seu parceiro, mas aí eu saio dividindo as coisas, eu acho que a maternidade e a paternidade também, acho que muda muito a sua vida porque você tem a responsabilidade da vida de um outro serzinho, né, não tem... não tem como (M6).
A ideologia da maternidade está presente nas representações sociais que as mulheres fazem da maternidade na atualidade, enfatizando o cuidado com a prole, já que elas eram as únicas capazes de gerar os herdeiros, o que fez com que tivessem que viver de forma privada, o que supostamente, garantiria a paternidade dos filhos (Mendes, 2017). Assim, as mulheres passaram a ficar restritas ao ambiente doméstico e posteriormente ao papel de mãe, e ao se perceber em outros papéis podem ser condenadas e condenarem-se moralmente tanto pelas pessoas (externo) como por si mesmas (interno). A condenação moral interna faz com que o sentimento de responsabilidade se transforme em culpa (Badinter, 1985; Resende, 2017).
[...] Ser mãe e ‘ser’ uma profissão porque eu chego de manhã, fico um pouquinho com elas, aí eu vou trabalhar, volto no almoço e fico um pouquinho com elas, aí volto a trabalhar e a noite fico de novo com elas, eu não sou aquela mãe que não vê a criança, dorme e, vê a noite, não, eu sou a mãe que estou sempre presente, mas graças a Deus eu tive essa oportunidade maravilhosa de ter minha sogra na minha vida (M12).
Pesce e Lopes (2020) trazem o perigo de naturalizar a maternidade como algo inato ao sexo feminino, pois assim, esperar-se-ia que todas as mães desenvolvessem de forma natural um amor incondicional pelos filhos, mas ao entrar em contato com a maternagem, as mulheres entram em um conflito sentindo- se relapsas e irresponsáveis, já que o ideal de mãe é daquela que vive em prol dos filhos, o que é algo que habita no imaginário, pois hoje a grande maioria das mulheres realiza outras atividades além da maternidade. Desta forma, é possível encontrar nos discursos de mulheres o sentimento de culpa e medo
ao não corresponderem ao que é esperado socialmente das mães (Pesce & Lopes, 2020) e internalizado por elas.
Para Francisco et al. (2007), existe a idealização de mães sobre a maternidade não correspondida, mesmo que a vivência dessa maternidade possa ser gratificante. A vivência da maternidade gera angústias por não conseguirem perceber facilmente as necessidades de sua criança, assim como haviam idealizado. Elas passam a considerar que podem prejudicar a criança por não serem boas mães e com isso, são acometidas por sentimento de culpa. Sentimento esse que vai conduzindo para um investimento na relação com esta criança para compensar os primeiros momentos de alguma indisponibilidade. Sendo assim, observa-se no relato das participantes um possível investimento na relação com os filhos, quando relatam sobre a maternidade como a sua ocupação principal e abdicação das demais dimensões de preocupações.
Principalmente de, é... Principalmente o papel de mulher, de esposa. É o que mais a gente deixa de lado, o marido na maternidade, depois que você é mãe ele fica praticamente de lado [...] (M1).
[...] sempre deixo meu papel de esposa para ser mãe (M2).
Pode-se perceber que mesmo executando outras tarefas a participante M1 está pensando no filho, desempenhando mais tempo a essa atividade e M2 sugere um investimento maior na relação com a criança do que com o marido. E por fim M13 no trecho [...] ser mãe é desde a hora, desde você acorda até na hora que vai dormir [...]” aponta para um possível investimento intenso com o filho. Todas essas falas demonstram a percepção que elas têm da maternidade como responsabilidade, sendo condizentes com a subcategoria maternidade como responsabilidade.
Já na subcategoria maternidade como responsabilidade e realização é possível perceber a abdicação e o investimento na relação mãe-filhos, assim como uma realização.
Nossa! Ser mãe, sem dúvida nenhuma! Mãe me transformou em outra pessoa, a melhor mudança da minha vida, a mais sofrida, maternidade é extremamente sofrida. Filho assim, é maravilhoso, mas a gente tem muito sofrimento né, é muito difícil você educar, é a gente abdica muito da vida da gente, é mãe 24 horas por dia né, é um papel bem cansativo, mas muito prazeroso ao mesmo tempo também (M9).
Nota-se que na parte da fala de M9 [...] é mãe 24 horas por dia [...] está implícito o investimento intenso na relação mãe e filho, assim como também é possível perceber um sentimento de realização relacionado à maternidade como no trecho da mesma participante [...] Mãe me transformou em outra pessoa, a melhor mudança da minha vida [...]. Esta realização mostra sinais associados ao ideal de mãe, ao mesmo tempo que abdica de outras funções e se sente realizada pelo investimento com o filho. Tal fala mostra que as mães, ainda, estão presas à valorização desse papel, e encobre a realização que pode ocorrer em outros espaços que elas também se sintam valorizadas, e isso, pode contribuir para a sobrecarga de atividades, levando ao adoecimento mental da mulher (Iaconelli, 2023).
Assim como na subcategoria maternidade como responsabilidade, é perceptível nestes relatos o sentimento de responsabilidade das participantes em exercer a maternidade, porém, se diferenciando dos relatos apresentados anteriormente, pela verbalização do sentimento de realização na fala das participantes.
Sobre o aspecto do sentimento de responsabilidade que aparece em ambas as subcategorias, as mulheres sentem a necessidade de mostrar o quanto o papel de mãe exige delas. Na visão de Halasi (2018), existe um dilema entre a mulher que precisa descansar e ao mesmo tempo precisa se dedicar à criança. Esse conflito foi percebido no relato da maioria das entrevistadas, principalmente, pela intensidade da dedicação relatada por elas. O autor, ainda afirma que, um ideal materno constituído pelo papel de mãe que a mulher exerce transcendendo todos os outros, produz maternidades falsas para essas mulheres, ou o sentimento de culpa, que em seu auge, as deprimem, uma vez que elas percebem a maternidade como uma atividade de maior relevância social e que não estão conseguindo realizar como gostariam ou como são cobradas para tal.
Nos relatos das entrevistadas, a maternidade está em uma perspectiva intensa de responsabilidade, uma tarefa que quando assumida, faz com que a mulher precise se dividir entre suas diferentes atividades, porém, sempre priorizando a maternidade, pois essa é colocada como a função principal em sua vida.
[...] mas eu acredito que ser mãe ocupa mais o tempo, porque o trabalho você vai você tem um horário pra entrar, pra sair, ser mãe é desde a hora, desde você acorda até na hora que vai dormir, eu acho que o papel de mãe ocupa mais, maior tempo (M13).
O que se observa nos relatos das participantes na categoria o sentimento das participantes em relação à maternidade é que a maternidade trouxe sentimentos de abdicação de seu lado pessoal, em detrimento de exercer a maternagem. Mesmo os relatos que trazem em conjunto os sentimentos de responsabilidade com realização, segundo estudo de Campos (2020), podem significar uma ambivalência das experiências subjetivas maternas, assim como a abdicação de outras atividades que não a maternidade.
Segundo Giordani et al. (2018), a interação social produz alternância na multiplicidade dos papéis assumidos pela mulher, ora se sobressaindo um mais que o outro e vice-versa. De acordo com as falas das entrevistas, o papel de mãe aparenta se sobressair ao demais, fazendo-as abdicar de muitos outros papéis em prol dos filhos. Segundo Behar (2018) a abdicação em prol dos filhos ocorre com muitas mulheres em diferentes contextos, onde abdicam do “eu” e de suas vontades, ao passo que persiste uma cobrança social para que assumam vários papéis, em especial o materno; com isso, a dedicação a atividades dentro e fora de casa causa muitas vezes sobrecarga mental, devido ao acúmulo de responsabilidades. As participantes demonstram verbalmente sobrecarga de atividades, tanto do ponto de vista do tempo empregado, quanto da abdicação de outras atividades que não a maternidade, como observado nas falas a seguir.
Ser mãe, você deixa de ser sozinha e tem alguém dependente de você. A responsabilidade triplica. Nunca mais me vi em primeiro plano, tudo por elas e pra elas, se sobrar tempo, dinheiro, oportunidade ai sim, eu, se não, não (M11).
Ah, o papel de mãe né, é... quando você não tem um filho o seu foco é você e o seu marido e ponto, ai quando você tem filho, o marido fica de lado e você também (risos), é... apesar de ser amores diferentes, se você colocar na balança não tem nem comparação, filho é filho pra sempre indiferente do que [...](M15).
Além dos relatos citados anteriormente, como o de M1 no trecho “[...] principalmente, o papel de mulher, de esposa. É o que mais a gente deixa de lado [...]”; no relato de M9 no trecho “[...] mas a gente tem muito sofrimento né, é muito difícil você educar, é a gente abdica muito da vida da gente, é mãe 24 horas por dia né [...]”; de M13 no trecho “[...] ser mãe é desde a hora, desde você acorda até na hora que vai dormir [...]”
O sentido de responsabilidade sobre a maternagem como descrito por Lemos e Kind (2017) no sentido de “ter que” é o imperativo da locução verbal que acompanha a constituição da subjetivação materna e se apresenta em relatos das participantes.
Bom, um ponto positivo de ser mãe... que é uma benção de Deus né, não tem coisa melhor que uma mulher pode ter, e o único ponto negativo que eu vejo é a questão da responsabilidade que eu tenho, no caso, uma vida a mais pra mim pensar e se ocupar (M5).
É notável a locução verbal na fala da participante M5 quando menciona a “responsabilidade que eu tenho”, e no relato de M10, atribui o “ter que” a diversos papéis, incluindo o da maternidade. O mesmo “ter que” ocorre em outros relatos como no da participante M1, quando conta que pensa no que “tem que fazer” para o filho quando chegar; no relato de M14 que descreve que “teve” que deixar o trabalho pela maternidade. Com isso, na visão de Lemos e Kind (2017) esse “ter que” produz identidades pré- fabricadas para o universo feminino, como o “ter que” ser mãe, gerando uma responsabilidade quase que exclusiva de exercer a maternagem.
Albertuni e Stengel (2016) e Iaconelli (2023) relataram que uma grande conquista para as mulheres foram os métodos anticoncepcionais, que romperam as correntes que aprisionavam a mulher à
maternidade, ou seja, não mais a colocando como parte do destino feminino. No entanto, o mesmo não pode ser observado com relação as exigências socioculturais. Os autores ainda citam Sarti (2008), que coloca que a escolha pela maternidade, ou não, passou a fazer parte da realidade feminina, independente dos valores sociais impostos a elas, mas de forma subjetiva pode-se observar tais afirmações.
Albertuni e Stengel (2016) questionaram se o sentimento de completude da mulher só se daria através da maternidade, e trazem que a maternidade ainda está ligada ao destino biológico da mulher, presente no discurso social a respeito da completude da identidade feminina. Assim, a maternidade ainda é considerada o papel principal a ser exercido pelas mulheres, fazendo com que a escolha, de ser ou não ser mãe, possa levar à intolerância social. Mesmo com algumas mudanças observadas na divisão de cuidado com os filhos, essas mudanças ainda são muito incipientes, e muitas vezes são percebidas apenas como uma ajuda e não como uma partilha de responsabilidades. Desta forma, levantamos o seguinte questionamento: algumas mulheres de fato querem exercer a maternidade ou apenas tornam-se mães em busca de sentirem-se completas socialmente quanto a sua identidade feminina?
Em pesquisa realizada sobre a percepção de mulheres quanto ao papel de mães e de pais, Martins, Abreu e Figueiredo (2014) encontraram que as mães se autoassumem como as principais cuidadoras das crianças, pois assim, entregam-se ao processo de aprender e entender a maternidade, visando ser uma mãe competente e presente, ou seja, aquela que ama e que cuida, e sentem satisfação com isso. Isso sugere um questionamento: se essa satisfação seria pela realização em tornar-se mãe, algo muito desejado por muitas mulheres, ou se seria uma forma de evitar a culpa, pois sentem-se na obrigação de serem mães perfeitas?
Deve-se considerar todas as conquistas que as mulheres conseguiram alcançar, porém ainda não se pode falar em igualdade, pois mesmo tendo conquistado o direito de exercer atividade laboral fora do lar, as mulheres ainda precisam dividir seu tempo entre a vida pública e a privada, atendendo as demandas profissionais e as domésticas, como os cuidados dos filhos e do marido, como relatado pela participante M10 “[...] a gente tem que ser mãe tem que ser dona de casa e se puder ajudar na lida com os pagamentos da casa também é muito bom né, é isso que eu penso isso.”
Martins, Abreu e Figueiredo (2014) trazem que a figura paterna fica no plano secundário sobre os cuidados com os filhos, e é mantido assim pelas próprias mulheres, pois querem preservar o bem-estar dos maridos, já que eles exercem atividades laborais, muitas vezes, como provedor principal da família, o que não é uma realidade contemporânea, já que as mulheres têm assumido a responsabilidade de prover a família em conjunto com os homens. No entanto, observa-se que os homens se mantêm nesta posição “mais distante” dos cuidados com os filhos, devido à própria desconfiança das mulheres quanto a qualidade do cuidado que os pais podem oferecerem aos filhos, não havendo assim, queixas das mães em relação aos cuidados prestados pelos pais, já que elas mesmas atribuem essa responsabilidade para si.
As mulheres, mesmo com o suporte recebido por outras mulheres através da rede de apoio, ainda assumem boa parte da responsabilidade dos cuidados com suas crianças. Porém, na contemporaneidade, através das mudanças conquistadas no decorrer da história, as mulheres exercem além do papel de mãe, o de profissional, o que nos leva a segunda categoria de análise quanto a percepção das mulheres sobre a maternidade em meio as outras funções exercidas. Pode-se perceber que, embora a maternidade não tenha sido um impeditivo para o ingresso no mercado de trabalho, como citado por Mendes (2017), a possibilidade da maternidade poderia ser uma dificuldade, pois devido ao exercício de ambos os papéis, existe uma sobrecarga para as mulheres.
O processo de conciliação entre maternidade e profissão é um pouco mais difícil. Tem dias que o filho não está bem, eu quero dar uma atenção melhor e não posso estar 100% presente, mas tenho minha mãe que me ajuda muito, por isso acredito que consegui essa conciliação (M2).
Quando meu filho ficava doente e eu tinha que sair do meu serviço e tinha que deixar o serviço da casa também e ficar cuidando dele até ele ficar bem pra poder retomar as outras atividades. Várias vezes (M3).
É, na época eu deixei de trabalhar, porque eu trabalhava como vendedora numa loja, pra ser mãe, porque ela ia nascer e aí eu abandonei o emprego, preferi sair do emprego pra ter, pra me dedicar só a maternidade (M7).
Então, foi difícil no começo, eu até é... nessa época eu pensei em parar de trabalhar, é justamente porque eu achei que eu não ia conseguir ficar sem ele, né. Então... só que depois, conversando com algumas pessoas e também é... tive muito apoio da minha família, é eu voltei e deu tudo certo. E hoje eu vejo que foi até melhor, falando financeiramente e eu trabalho pra ele mesmo (M8).
Essa sobrecarga se deve ao fato de que, embora tenham citado uma rede de apoio fundamental, são elas as responsáveis por todos os cuidados relacionados aos filhos, seja perante uma visão da sociedade, seja pela visão delas próprias.
Em nosso estudo, a maternidade se apresenta de uma forma que não compromete diretamente a conquista de um cargo de liderança, embora as participantes relatem que a maternidade é o papel que mais demanda tempo e dedicação em suas vidas. Entretanto, se considerarmos alguns relatos, as entrevistadas disseram ter deixado o emprego para se dedicarem à maternidade, como no trecho do relato de M7 “[...] na época eu deixei de trabalhar, porque eu trabalhava como vendedora numa loja, pra ser mãe [...]”, ou terem deixado a função profissional em alguns momentos específicos, seja um dia ou algumas horas, priorizando o atendimento de demandas maternas, assim como no relato de M3 no trecho “Quando meu filho ficava doente e eu tinha que sair do meu serviço [...] até ele ficar bem pra poder retomar as outras atividades. Várias vezes.”
Essas situações podem dificultar que essas mulheres atinjam cargos de liderança, pelo fato de que, quando deixam de exercer a atividade profissional, a mulher vai precisar reiniciar a relação com a empresa que será empregada, e no caso das que priorizam outras demandas que não são as da empresa, seja apenas por um dia ou por horas, a manutenção da relação empregado e empresa pode se comprometer, dificultando assim o atingimento de cargos mais elevados.
Mendes (2017) traz que há uma contradição quanto ao incentivo para a mulher ser inserida no mercado de trabalho, pois é reforçado pela sociedade e por si mesma, que todos os cuidados com os filhos ainda é responsabilidade integral da mulher. Isso acaba por desestimular o ingresso das mães no mercado de trabalho, ou ainda, existe o estímulo, desde que ela seja uma profissional que não deixe de exercer as atividades de cuidado com os filhos. A desigualdade na divisão das tarefas domésticas e do cuidado dos filhos atinge a ascensão profissional das mulheres, e segundo Garcia e Viecili (2018), contribui para a insatisfação das mulheres, como pode ser visto na fala de uma entrevistada.
[...] a mulher ela tem uma, né, uma coisa natural dela que é do cuidar, então ela acha que ela tem que cuidar da casa, ela acha que tem que cuidar de tudo e de repente ela precisa também reconhecer que ela não precisa ser só no cuidado [...] (M4).
Essa insatisfação fica evidente em especial nos relatos da subcategoria “maternidade como responsabilidade” quando as participantes trazem uma visão da maternidade como responsabilidade, e as fazem abdicar de outros aspectos, às vezes desejados por elas.
A partir do aspecto da insatisfação, e outros supracitados, como o sentimento de culpa, a sobrecarga mental, abre-se o seguinte questionamento: qual é a condição da saúde mental das mulheres que exercem a maternidade? Através dos relatos das participantes, notamos que várias delas tiveram de abdicar de outros aspectos de suas vidas para se dedicarem a maternidade, e que segundo Behar (2018), pode causar, muitas vezes, sobrecarga mental devido ao acúmulo de responsabilidades. O autor também constatou a existência de mulheres com cansaço e estresse pela dedicação intensa à maternidade.
Encontramos nos relatos das participantes que, mesmo exercendo outras funções, a de ser mãe sempre é sobressalente, sendo em muitas vezes, representada como uma responsabilidade intensa e atrelada a um sentimento de culpa e de cobrança. Com isso, segundo Halasi (2018) a culpa das mães com relação à maternidade, em seu auge, pode as deprimir. Observando nos relatos das entrevistas em nossa pesquisa, mesmo quando o papel de ser mãe se sobressai aos demais, os outros papéis ainda são exercidos em
alguma medida, deixando-as sobrecarregadas pela tentativa da conciliação desses papéis. Além disso, o estudo de Behar (2018) demonstrou que a conciliação de demais papéis com o materno pode ser um fator capaz de provocar estresse, cansaço e muitas frustrações.
Rosseti e Gutierrez (2020) relatam tanto a respeito da fonte de prazer, quanto de sofrimento que a maternidade pode trazer para a mãe devido à ambivalência de sentimentos afetando a saúde mental da mãe. Dessa forma, percebe-se que muitas dessas mulheres não cuidam de si mesmas, tendo sua atenção e cuidados voltados para os filhos, enquanto tentam conciliar a maternidade com outros papéis, e abrem mão dos cuidados consigo mesmas. Assim, surge o seguinte questionado sobre a atuação dessas mães diante da maternidade: se essa mãe não estiver cuidando de si mesma, ela vai conseguir cuidar dos filhos? E a qualidade da relação estabelecida entre mãe e filho, como fica?
Outra questão importante de mencionar é sobre a relação de maternidade, ou a execução da maternagem sendo afetada durante o período de pandemia da COVID-19, que poderia permear tanto os aspectos das representações da maternidade, quanto à questão da saúde mental, porém, houve apenas uma menção sobre esse aspecto nas falas das participantes.
Do mesmo jeito (risos), bem tranquilo, sem passar mal. Só que a diferença é que eu tô em casa porque eu tô afastada do serviço, né. Tô... sou do grupo de risco pro Covid, então tô afastada do serviço. Eu tô aproveitando a gestação assim, de maneira integral, né, sem pensar em outras coisas (M3).
A relação da saúde mental da mulher em desempenhar a maternidade e a maternagem, é uma temática que merece ser mais exploradas em pesquisas futuras.
Observa-se que a maternidade é representada como uma grande responsabilidade na vida das mulheres, onde muitas vezes dedicam seu tempo integralmente aos filhos, e/ou tem de abdicar de outras atividades de suas vidas, como profissional e esposa, bem como de si mesmas como pessoa.
Observou-se neste estudo que a responsabilidade com a maternidade é extrema e idealizada; também apareceram relatos que demonstram sentimento de culpa e insatisfação, mostrando a ambivalência deste espaço ocupado pelas mulheres na maternidade e justificando o amor aos filhos acima de tudo.
Essas mulheres encontram-se sobrecarregadas, especialmente quando são mães e têm uma vida profissional, evidenciando o grande desafio de conciliação entre ambos os papéis. Somado a esta sobrecarga, há toda a história sobre a cobrança social em cima das mulheres para o exercício da maternidade, o que acaba por gerar, ao mesmo tempo, um intenso sentimento de desejo, responsabilidade e culpa nas mulheres que são ou planejam ser mães.
Com relação ao aspecto do estudo ter sido realizado bem no início da pandemia no Brasil em 2020, aparenta não ter ocorrido um impacto deste aspecto nas falas. O estudo foi realizado no início do isolamento social devido a pandemia advinda da COVID-19. Estudos posteriores mostraram que a maternidade associada às demais atividades desempenhadas pelas mulheres podem deixá-las sobrecarregadas, já que muitas acumulam diferentes atividades, como forma de vivenciarem de maneira efetiva a vida pública e a privada.
É importante refletir sobre a possibilidade de divisão de tarefas no cuidado com os filhos como uma alternativa para equilíbrio da saúde mental das mulheres, sem que isso gere sentimento de culpa por deixarem a prole. Lembrando que, além de existir instintivamente um sentimento de cuidado materno na mulher quando ela se torna mãe, existe também toda uma construção sociocultural e histórica de que esse cuidado é dever das mulheres, e que elas devem assumir completamente a maternidade. Infelizmente, quando essas cobranças internas e externas não são bem administradas pela mulher-mãe, podem resultar em sobrecarga física e mental. Por isso, destacamos a importância de conscientizar, de
forma educativa, homens e mulheres sobre a nova realidade vivida pelas as mulheres e a importância da maternidade em conjunto com os seus demais papéis, além de priorizar a saúde mental feminina.
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