https://doi.org/10.34024/prometeica.2024.29.15193
REFLEXÃO SOBRE UM MÉTODO ARQUEOLÓGICO DE ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO
SCIENTIFIC METHOD AND POSTMODERN PARADIGMS
Reflection on an archaeological method of communication analysis
MÉTODO CIENTÍFICO Y PARADIGMAS POSMODERNOS
Reflexión sobre un método arqueológico de análisis de la comunicación
Patricio Dugnani
(Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil)
Recibido: 13/06/2023
Aprobado: 14/01/2024
RESUMO
Pretende-se nesse artigo fazer uma reflexão sobre uma metodologia para análise da relação entre a Pós-modernidade e comunicação. Essa busca visa fortalecer um método que possa auxiliar a compreensão da organização da sociedade pós-moderna, relacionada ao uso dos meios de comunicação. Para cumprir esses objetivos pretende-se partir das visões de Marshall Mcluhan, nos estudos dos meios de comunicação; Michael Foucault, sua Arqueologia do Saber e a constituição dos paradigmas de uma época; e de Giorgio Agamben e seu método baseado na relação entre paradigma, arqueologia e assinatura. Esse debate se torna relevante para que seja possível desenvolver um método científico das Ciências da Comunicação, tão questionada no contexto contemporâneo dos saberes acadêmicos.
Palavras-chave: comunicação. método. pós-modernidade. arqueologia.
ABSTRACT
This article intends to reflect on a methodology for analyzing the relationship between Postmodernity and communication. This search aims to strengthen a method that can help the understanding of the organization of postmodern society, related to the use of the media. To fulfill these objectives, it is intended to start from the views of Marshall Mcluhan, in the studies of the media; Michael Foucault, his Archeology of Knowledge and the constitution of the paradigm of an epoch; and by Giorgio Agamben and his method based on the relationship between paradigm, archeology and signature. This debate becomes relevant so that it is possible to develop a scientific method of Communication Sciences, so questioned in the contemporary context of academic knowledge.
Keywords: communication. method. postmodernity. archeology.
RESUMEN
Este artículo pretende reflexionar sobre una metodología para analizar la relación entre posmodernidad y comunicación. Esta búsqueda tiene como objetivo fortalecer un método que pueda ayudar a la comprensión de la organización de la sociedad posmoderna, relacionada con el uso de los medios de comunicación. Para cumplir con estos objetivos, se pretende partir de las opiniones de Marshall Mcluhan, en los estudios de los medios; Michael Foucault, su Arqueología del saber y la constitución de los paradigmas de una época; y de Giorgio Agamben y su método basado en la relación entre paradigma, arqueología y firma. Este debate cobra relevancia para que sea posible desarrollar un método científico de las Ciencias de la Comunicación, tan cuestionado en el contexto contemporáneo del saber académico.
Palabras clave: comunicación. método. posmodernidad. arqueología.
Devido ao caráter interdisciplinar dos fenômenos relacionados à comunicação, justifica-se o uso de diferentes áreas do saber. Isso se dá porque as Ciências da Comunicação e da Informação, inseridas em uma classificação de conhecimentos, como Sociologia Aplicada, apresentaria um problema metodológico, segundo outras ciências, devido ao uso eclético de diversas referências bibliográficas diferentes. Dessas referências, as mais comuns são a Sociologia, Antropologia, Linguística, Filosofia, Psicologia, Semiótica; além de se apoiar em estudos focados em desenvolvimentos tecnológicos (quando se trata dos meios de comunicação); e de estratégias de mercado (Marketing), entre outras. Essa sentença de falta de metodologia pesa sobre a produção de conhecimento da área, muitas vezes, como um fator que pode, mesmo, desqualificar sua legitimidade como ciência, exatamente por não demonstrar um método mais específico, restrito e uniforme. Porém, nesse texto, procurou-se apresentar a necessidade que as Ciências da Comunicação, tem de utilizar saberes de diversas áreas do conhecimento. Afinal, a comunicação, para ser compreendida de maneira eficiente, necessita reunir diferentes conhecimentos, principalmente por se tratar de um fenômeno complexo. Fenômeno esse que abarca, desde questões da sociedade, da identidade, da cultura; quanto do uso da linguagem; como das questões técnicas do funcionamento dos meios de comunicação. Ou seja, os estudos sobre comunicação, para poderem abarcar as características interdisciplinares de seu objeto de pesquisa, necessitam observar questões relacionadas à tecnologia, ao consumo, ao mercado, à sociedade, à cultura, ao uso dos meios, à linguagem, entre tantos outros conhecimentos oriundos das mais diversas áreas. Sendo assim, essa reflexão pretende requisitar, ou quiçá incentivar um esforço pelo desenvolvimento de um método híbrido e interdisciplinar que possa contemplar a pesquisa nas áreas das Ciências da Comunicação.
Caminhando nesse sentido, embora nesse artigo torne-se inviável construir integralmente esse método híbrido das Ciências da Comunicação, pretende-se, à partir, principalmente, das visões de Marshall Mcluhan (2016) e a teoria dos meios; de Michael Foucault (1990) e sua Arqueologia do Saber; e de Giorgio Agamben (2019) e seu método baseado na relação entre paradigma, arqueologia e as assinaturas, sugerir um método que contemple a busca pelas epístemes (discursos e não discursos), pelos paradigmas que compõem a contemporaneidade, denominada no artigo como Pós-modernidade.
Sendo assim, nesse texto, entende-se a Pós-modernidade como uma criação, um discurso humano projetado sobre nosso tempo, um conceito. Dessa forma a Pós-modernidade é composta, não por um discurso apenas, mas por diversos, tornando-se assim um fenômeno complexo, o qual está sendo formado por diversos discursos, inclusive os emitidos pelo campo científico.
Dessa forma, concordando com Terry Eagleton (1998), observa-se a Pós-modernidade como uma tendência do pensamento humano, a qual se demonstra como crítica às noções clássica dos saberes já estabilizados.
Partindo-se dos discursos científicos, dos enunciados criados por aqueles estudiosos que analisam a Pós- modernidade, ou seja, do discurso científico contemporâneo, e através de um processo tipicamente metalinguístico, pretende-se sugerir um método que possibilite a reconstrução do itinerário de constituição da própria Pós-modernidade pelo discurso científico.
Dessa forma, reconstituir as narrativas que criam o imaginário da Pós-modernidade, entendendo-a como uma interpretação do pensamento do momento contemporâneo, torna-se relevante, para entender o momento presente. Pós-modernidade que se mostra causa e consequência em si mesmo, como influência e influenciadora dos discursos, ou seja, dos paradigmas que compõem sua própria representação cultural, de certo tanto, singular, de outro convencional, mas que acaba por apresentar-se a si mesma - pelo menos através da descrição recorrente a diversos autores, como sendo um período das incertezas - como um período que necessita ser revisto, reimaginado, ou, quem sabe, reinventado. Esse discurso da incerteza, por exemplo, torna-se um paradigma da Pós-modernidade, ou poderia se considerar, até mesmo, que seria quase uma pecha.
Observando-se essas questões e concordando com a ideia apresentada por Susan Sontag; em seu artigo à Estética do Silêncio, agrupado na coletânea intitulada A Vontade Radical (2015); onde ela afirma que cada época reinventa seu projeto de espiritualidade.
Esse processo de reinvenção se dá através de diversas instâncias, desde as sociais e culturais, como as tecnológicas e mercadológicas que seja. A partir desse princípio, como a Pós-modernidade estaria reinventando seu projeto social, torna-se importante reinventar seu projeto epistemológico de visão de mundo. Porém, esse artigo pretende-se limitar-se a uma reflexão sobre o possível uso dos métodos de pesquisa arqueológicos, no entendimento da constituição da Pós-modernidade como um fenômeno influenciado, também, pelos processos de comunicação.
A crítica aos paradigmas da modernidade se faz sentir no meio acadêmico a partir do ensaio do filósofo francês Jean-François Lyotard, intitulado A Condição Pós-moderna (1984), no qual o autor desenvolve uma análise descritiva das bases histórico-filosóficas que consolidaram a cosmovisão moderna, nesses termos, lançando as bases do que se configuraria como uma condição pós-moderna. Assim, no contexto dos estudos da Pós-modernidade, Lyotard assinala o papel das metanarrativas para a compreensão da cosmovisão moderna. Entendendo-se como metanarrativa, os discursos que dão fundamentos à organização social, como o religioso, o ético, o moral etc.
Sendo assim os diferentes discursos, e metanarrativas (Lyotard, 2000 e Strinati, 1999) que compõem a Pós-modernidade são provenientes de diferentes referências – são complexos, intertextuais (Barthes, 2004) devido, principalmente, aos meios de comunicação globalizados. Sendo assim torna-se necessário, para reconstituir esse cenário onde se formou o discurso da Pós-modernidade, reconstruir os diferentes discursos que a originaram: o estético, o imaginário, o narrativo, o religioso, o filosófico, o político, o ético etc. Essa reconstituição deverá se dar à partir de um processo arqueológico, não somente do passado, mas do passado, do presente, e de um projeto de futuro.
Essa mistura de visões científicas está apoiada na visão de Lyotard (2000), que, ao investigar a Pós- modernidade, percebe que está ocorrendo um questionamento dos discursos que constituem o imaginário social, e o discurso científico não fica de fora dessa observação.
Nesse sentido Lyotard (2000) percebe que o “saber científico exige isolamento de um jogo de linguagem, o denotativo; e a exclusão de outros” (Lyotard, 2000, p. 46), por isso pode-se questionar que, sendo o saber científico, a busca de um saber mais abrangente (objetivo, empírico, argumentativo), nesse caso, quando a ciência se isola em um jogo de linguagem determinado, acaba abdicando de sua busca por um conhecimento mais amplo, que possa apresentar e explicar os fenômenos de maneira mais eficiente.
Essa visão da necessidade da busca por objetos e métodos próprios, de maneira interdisciplinar, também pode ser corroborada, quando se observa na análise de Pedro Penteado (2005) sobre a Ciência da Informação, quando afirma a necessidade de “um novo paradigma científico e pós-custodial” (Penteado, 2005).
Tomando-se essas ideias, nesse artigo, pensando no projeto pós-moderno de questionamento dos discursos que compõem uma sociedade, serão utilizados teorias e conhecimentos que analisam os fenômenos comunicação, sociedade, cultura e meios, como um leque mais amplo de saberes científicos, para que seja possível compreender a relação entre diferentes conceitos, oriundos de diferentes ciências. Dessa forma, procura-se aprofundar, para além dos limites metodológicos, saberes que possam contribuir com o desenvolvimento do conhecimento humano.
Portanto, esse debate pretende ampliar a compreensão e a organização dos saberes da Pós-modernidade. Dessa forma a busca em revelar os paradigmas, os discursos que compõem o pensamento na Pós- modernidade. Por isso, a seguir pretende-se apresentar um indicativo para um método híbrido para compreensão da Pós-modernidade, pelo viés da comunicação, ou melhor da Teoria dos Meios de Mcluhan (2016), combinada com a Arqueologia do Saber, como descreve Foucault em seu livro As Palavras e as Coisas (1990). Essa decisão por essa metodologia também se ampara no método arqueológico de Giorgio Agamben, demonstrado no livro Signatura Rerun (2019), como apresentado na introdução. Para isso serão demonstradas as ideias principais dos três teóricos, buscando destacar as aproximações possíveis que possam indicar um possível caminho para uma teoria arqueológica de análise da comunicação.
Nesse momento pretende-se apresentar as principais ideias relacionadas à teoria dos meios de Mcluhan (2016), da Arqueologia do Saber de Foucault (1990), e do método de pesquisa baseado na assinatura, nos paradigmas e nas relações entre história e arqueologia de Agamben (2019). Essa descrição de métodos distintos visa constituir um panorama de diferentes teorias que podem se estruturar para a confecção de um primeiro esboço para um método de análise da comunicação que relaciona a arqueologia e os meios de comunicação.
Antes de relacionar a teoria dos meios de Mcluhan (2016) com a visão arqueológica de Foucault (1990) e Agamben (2019), cabe compreender definir o que o último autor entende por arqueologia, depois descrever o método arqueológico.
Agamben (2019) define arqueologia, de maneira provisória como uma análise que se dá a partir de uma visão histórica. Porém a arqueologia do saber, diferente da arqueologia clássica não busca a origem dos fenômenos, mas a revelação do pensamento, dos discursos que compõem cada fenômeno em sua época determinada. Para isso é preciso “desconstruir os paradigmas” os quais são, diferente das razões vistas como apriorísticas, um locus que se encontra na zona de intersecção entre a subjetividade e a objetividade, uma operação que é capaz de revelar as práticas discursivas de uma época.
Sobre o método arqueológico, embora Foucault (1990) evitasse essa determinação, acabou sendo desenvolvido por ele, de maneira indireta, e revisitado por Agamben (2019). Foucault parece ter abdicado diversas vezes de formalizar alguns conceitos científicos (como o de paradigma), para preservar seus estudos, da contaminação dos limites da ciência moderna, a qual busca mais a verdade absoluta, o documento, do que o próprio paradigma.
Dessa forma, ao que parece, Foucault (1990), para se desprender da questão limitante do método, preferiu não apresentar integralmente, mas o revelou como uma história das ideias (Araújo, 2013).
Essa ação, segundo Araújo (2013), parece ter sido motivada por sua visão reticente quanto ao fato da história, de certa forma, se demonstrar, naquele momento, burocrática. Ou seja, Foucault (1990) faz sua crítica aos estudos históricos, pois eles tendem a transformar tudo em documento, memória, verdade, cronologia, linearidade. Uma história da razão, a qual, com a Arqueologia do Saber pretende substituir, de certa forma, por uma história dos saberes (Araújo, 2013).
Nesse sentido, Foucault (1990) abandona a necessidade de encontrar a lei absoluta que rege os acontecimentos históricos, para dar espaços aos discursos que acabam por constituir os saberes de uma determinada época, saberes que se revelam nos discursos que se apresentam e se organizam a partir de seu uso, e daquilo que representam na sociedade de sua época.
Foucault busca desenvolver mais um “discurso sobre discursos” (Araújo, 2013, p. 117), do que a determinação documental. Nesse sentido, Foucault (1990) pretende reservar um espaço para realizar “e fazer muitas correções” (Araújo, 2013, p. 117). Por isso Foucault (1990) prefere o paradigma, o exemplo à “regra geral que nunca é possível formular a priori (Agamben, 2019, p. 28). Foucault (1990) prefere a episteme (discurso), a relação dinâmica dos saberes, ao documento. Por isso, de certa maneira, Foucault (1990) se afasta da historiografia tradicional, para desenvolver sua arqueologia do saber.
Sendo assim, dois conceitos são essenciais para começar a entender o método arqueológico que permeia, tanto Foucault (1990), quanto Agamben (2019): paradigma e episteme.
Primeiramente, episteme, trata-se do conjunto de discursos que constituem os saberes de uma determinada época. Se organiza de maneira dinâmica, de forma que acaba sendo capaz de reunir os saberes em torno do uso desses discursos, tornando-se, assim, sistemas de representação, que permeiam as ciências. Dessa forma abdica, conforme indicado, a regra em detrimento ao exemplo, os saberes em detrimento à documentação.
Nesse sentido o método arqueológico de Foucault (1990), mediante à análise das epistemes, não pretende, com sua análise dos discursos que compõem o pensamento de uma determinada época, destituir a potência dos saberes que se compuseram historicamente, mas sim compreender a dinâmica que rege as relações entre esses saberes, para compreender o pensamento de uma determinada época.
Foucault, por exemplo, quando analisa o pensamento científico relacionado às positividades, como é observado em As Palavras e as Coisas (1990), não pretende destituir seu poder. Pretende sim, compreender sua “configuração epistemológica”, e, principalmente, se aproximando das teorias dos signos (como a semiologia), entender como esses saberes foram capazes de gerar sentido em sua época.
Foucault (1990), por fim, em seu método arqueológico, busca identificar as relações dos saberes, através do uso dos discursos que se desenvolvem em determinada época. Araújo (2000) verifica que o estudo de Foucault obedece a seguinte ordem: Primeiro, a coleta dos enunciados, os quais revelam “as práticas discursivas” (Araújo, 2000). Segundo, como as práticas discursivas compõem as epistemes. Finalmente, em terceiro lugar revelar os saberes de uma determinada época.
Essa visão arqueológica do estudo dos discursos que compõem os paradigmas de uma época, quando projetada sobre as análises de Mcluhan (2016) sobre o uso dos meios de comunicação e as transformações na sociedade que esses usos imprimem, gera uma reverberação. Pois, partindo-se do entendimento que a informação, revela e pertence às práticas discursivas de uma época, pode-se afirmar, também, que as informações formam os saberes, com isso, os paradigmas de cada época. Nesse sentido, se os meios de comunicação, como afirma Mclluhan (2016) são mensagens, são informações puras, os meios, seu uso, sua existência, também compõem as práticas discursivas de seu tempo, logo são formadores dos saberes e dos paradigmas de cada período.
Outro conceito, muito mais debatido por Agamben (2019) do que por Foucault (1990) é o de paradigma. Para Agamben (2019), concordando com Hubert Dreyfuss e Paul Rabinow, embora Foucault não tenha “tematizado” sobre o assunto, esse tema foi posto em prática pelo filósofo francês.
O paradigma é uma relação. A relação dinâmica dos saberes, os quais compõem os discursos de cada época, os paradigmas. Diferente da busca historiográfica clássica do documento, o paradigma se manifesta com um exemplo, um discurso exemplar, o qual Agamben (2019) afirma, como método foucaultiano que possibilita coletar os enunciados, que compõem as práticas discursivas, revelando os saberes de cada época, e como esses saberes se compõem dentro do pensamento no momento analisado.
O paradigma é menos a regra geral dada aprioristicamente, tão valorizado pelas ciências; e mais um entendimento dos discursos e das relações que os compõem. Procedimentos esses que revelam os signos que formam a representação do pensamento. Percebe-se, então, que “[…] também no paradigma não se trata simplesmente de constatar certa semelhança sensível, mas de produzi-la através de uma operação” (Agamben, 2019, p. 30).
Com isso, o paradigma não é exato, ou uma organização baseada em regras o que identifica a noção moderna de ciência. Para Agamben (2019), concordando com Thomas Kuhn, é antes de tudo um exemplo, “um caso individual”, mas que devido à sua constante permanência na formação dos discursos que compõem o pensamento humano, acaba por modelar as práticas discursivas que compõem uma época.
O paradigma, de acordo com Agamben (2019), é um conhecimento que abdica da relação causal da ciência moderna, da historiografia clássica, abandona a relação lógica de causa e efeito, de particular para o geral, pois age de maneira analógica, e não pelo processo indutivo, ou dedutivo. Portanto o paradigma não segue a sua historicidade, nem de maneira diacrônica, nem da maneira sincrônica, “mas num cruzamento entre elas” (Agamben, 2019, p. 41).
O último conceito que se pretende destacar, esse que compõem a tríade metodológica e arqueológica de Agamben (2019), é a teoria das assinaturas. Essa tríade metodológica de Agamben (2019) se compõem pelo conceito de paradigma, a teoria das assinaturas e a busca por uma arqueologia filosófica.
Para Agamben (2019, p. 83) o conceito de assinatura teria sido criado por Enzo Melandri em 1970, em um artigo denominado Les Mots et les Choses. Além disso, o conceito de assinatura faz a ponte entre a hermenêutica foucaultiana e a tradição semiológica, ou seja, uma ligação entre a filosofia e as teorias dos signos, das representações, das significações.
A assinatura se relaciona de maneira analógica, como o paradigma, à relação entre o signo e o fenômeno. Ou seja, a assinatura capta a relação entre representação e representado, relação esta, que quando destacada no processo, revela aspectos das práticas discursivas que, por sua vez, por sua constância, podem trazer à tona os paradigmas que compõem o processo de representação de cada época, seus discursos, seu pensamento. A assinatura, ao se aproximar, encrustar no signo, indica o código necessário para decifrar as representações, o próprio signo.
Dessa maneira, Agamben (2019) destaca o conceito de assinatura, pois a partir da revelação do código que ela indica para decifrar o signo, ela acaba tornando o paradigma dependente dela.
Sendo assim a assinatura que está aderida ao signo, revela mais que o significado, mas, sim, as estratégias, o pensamento, “a feitura”, a relação que o signo mantém com o fenômeno. Essa relação, para a Arqueologia do Saber se torna fundamental, pois, para além da tradução do significado do signo, essa ação revela as práticas discursivas do processo de significação. Apresenta o sentido do enunciado, suas estruturas e artimanhas, e demonstra, por fim, as relações enunciativas que se constituem à partir do campo da expressão, até o campo do conteúdo; do significante até o significado. Por isso, em um estudo arqueológico, não se pretende apenas compreender o significado, mas todas as estratégias que levaram esse processo a gerar determinada significação. A assinatura acaba por ser fundamental para atingir o objetivo de entender a constituição do paradigma de determinada época, como “uma força operante da história” (Agamben, 2019, p. 42). “A arché para a qual a arqueologia regride não deve ser entendida de jeito nenhum como um dado a ser inserido numa cronologia (...): ela é, antes, uma força operante na história (...) (Agamben, 2019, 158).
Finalmente, Agamben (2019), justifica à partir desses conceitos, que sua pesquisa, assim como a de Foucault, é de caráter arqueológico, pois, embora utilize os documentos e o princípio da diacronia, não se limita às fronteiras dadas por esses princípios, pois atua em suas análises de maneira analógica, buscando revelar os paradigmas.
Esses Paradigmas, os quais são mais exemplos do que certezas, que compõem o paradigma de determinado período, de maneira a se localizar entre a diacronia e a sincronia. Pretende-se, localizar a assinatura dos fenômenos, ou seja, aquele índice que se gruda ao signo e revela o código que torna possível a leitura do objeto analisado.
Iniciando a apresentação do método que se pretende aproximar, observa-se a Teoria dos Meios desenvolvida por Mcluhan, principalmente no debate de seu livro clássico: Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem (2016). Nesse livro Mcluhan (2016) faz uma longa análise da relação entre o desenvolvimento dos diferentes meios, e a influência do uso desses mesmos meios na organização e nas transformações sociais, culturais e comportamentais da sociedade, além de investigar a relação entre os indivíduos que compõem essa sociedade. Ao estudar essa relação entre sociedade, cultura e ser humano, em relação ao uso e desenvolvimento tecnológico dos meios, Mcluhan (2016) acaba por desenvolver uma espécie de arqueologia dos meios, senão uma arqueologia cultural dos meios de comunicação. Nesse ponto é que se inicia as aproximações entre Mcluhan (2016), Foucault (1990) e Agamben (2019): na visão arqueológica que o autor canadense aplica em suas análises dos meios como extensões do humano, e como esse desenvolvimento tecnológico vai influenciando o comportamento e a consciência dos seres humanos em relação à sociedade. Ou seja, os meios, seu uso, e a própria tecnologia, acabam por interferir com as práticas discursivas de cada época, tornando-se, para Mcluhan (2016), informação pura, dessa forma, os meios acabam por compor os paradigmas de sua época. Por isso é possível aproximar o método arqueológico de Foucault (1990) e Agamben (2019) do método dos estudos dos meios de comunicação de Mcluhan (2016).
Essa aproximação se torna necessária, pois a relação entre tecnologia dos meios e as transformações sociais sofre com uma certa descrença de parcelas das ciências. Assim como, dentro da própria Ciências Humanas e sociais, a Ciência da Comunicação acaba por parecer incapaz de formular um método que seja considerado verdadeiramente científico, o que obriga os estudos da comunicação a migrarem constantemente por outras ciências em busca de alguma visão que a justifique como um conhecimento científico, principalmente, para ser aprovada por seus pares. Percebe-se como essa descrença pelo estudo dos meios não mudou quase nada em anos, pois estando em 2019, ainda se esta debatendo sobre uma questão levantada por Mcluhan, desde 1977, sendo que não se trata da edição mais antiga de seu livro A Galáxia de Gutenberg: a questão da falta de atenção dos estudos sociais e culturais, ou seja, da sociologia e da antropologia em geral, sobre as tecnologias e seus efeitos na organização social. “Até agora os historiadores do desenvolvimento da cultura têm tido a tendência de isolar os eventos tecnológicos, muito à maneira pela qual os físicos clássicos tratavam os eventos físicos” (Mcluhan, 1977, p. 23).
Por essas questões é que se inicia a avaliação das teorias dos meios de Mcluhan (2016) para buscar criar um método, ou, pelo menos, reivindicar um método científico para os estudos da comunicação, e, principalmente, dos meios de comunicação, como agentes transformadores da sociedade.
Essa visão arqueológica que, agora, busca se aproximar aos estudos dos meios de comunicação de Mcluhan (2016), se justifica pela análise acurada que o autor realiza das evoluções tecnológicas dos meios de comunicação, e as transformações causadas por essa evolução no comportamento e na consciência do ser humano. Além disso, o entendimento que o meio é informação pura, também apoia essa aproximação, pois como informação, os meios pertencem às práticas discursivas de sua época. Dessa forma observa-se que o modo singular de Mcluhan (2016), de entender o conceito de meio de
comunicação se torna fundamental para compreender a proposta de aproximação dessas duas visões científicas: a Arqueologia do Saber e a Teoria dos Meios.
Antes de Mcluhan (2016) os meios de comunicação eram vistos apenas como transmissores de mensagem, transmissores de informação. Embora seja fundamental para o esquema de comunicação a função de transmissão exercida pelos meios, Mcluhan (2016) amplia essa visão, quando afirma, e não nega, que além de transmissores de informação, os meios são extensões do humano.
Antes de explicar a ideia de extensão desenvolvida por Mcluhan (2016), será importante, para dar continuidade a essa argumentação, fixar o conceito de informação. Para isso se recorre à Teixeira Coelho, e a seu livro Comunicação Semiótica, Comunicação, Informação (2012), onde ele conceitua informação como sendo um conteúdo que altera comportamento e consciência do ser humano. Ou seja, a informação acaba sempre produzindo, ou uma mudança de comportamento, ou uma mudança de consciência, quando não produz as duas transformações simultaneamente. Quando você acessa uma informação, por exemplo, ver as horas, no mínimo sua consciência de tempo, em relação aos seus afazeres, já é modificada.
Determinado, agora, o conceito de informação que se pretende utilizar, torna-se possível compreender o conceito de extensão desenvolvido por Mcluhan (2016).
Para Mcluhan (2016) o conceito de que os meios de comunicação, além de transmissores de informação, são extensões dos seres humanos, se baseia no fato de que os meios estendem a percepção, os sentidos humanos. Na verdade, Mcluhan (2016) afirma que essas extensões, estão tão organicamente ligados ao humano, que fazem parte do sistema nervoso desses seres. Os meios de comunicação são as extensões da percepção humana, ou seja, através dos meios sinto o mundo de maneira mais ampla. Ampliando-se assim essa percepção humana, torna-se possível acessar mais fenômenos, sejam físicos, ou culturais. Os meios parecem estender o ser humano, onde ele, por causa desse processo, pode alcançar cada vez mais longe os fenômenos, que outrora estavam limitados à sua percepção física, por causa do alcance de seus sentidos biológicos. Com os meios, na Pós-modernidade, nunca os olhos viram tantas imagens, ou os ouvidos escutaram tantos sons ao mesmo tempo. Dessa forma, consequentemente, nunca o ser humano acessou uma quantidade de informações tão grande, quanto na atualidade, e essa quantidade de acesso à informação, pelo menos tecnologicamente, só tende a aumentar.
O potencial de extensão da percepção provocada pelos meios de comunicação é reforçado pelo fato de Mcluhan (2016) afirmar que o meio é a mensagem, ou seja, que o meio é informação pura. Essa afirmação se sustenta, exatamente pelo conceito de informação. Afinal, se informação muda consciência e comportamento do sujeito, o uso dos meios de comunicação também provocam as mesmas alterações. Veja, por exemplo, como o advento dos meios digitais produziu mudanças na organização da sociedade e no comportamento do sujeito. Os meios digitais produziram alterações na arquitetura das casas, pela necessidade de um maior número de tomadas elétricas, está alterando as legislações dos países, a decoração dos ambientes, a nossa relação com a memória e o arquivamento material de documentos, entre outras tantas transformações que têm produzido na organização social, e na significação que o ser humano atribui aos fenômenos culturais, conforme o conceito de cultura de Clifford Geertz (2008).
Essa questão dos meios como extensões, e como informação pura, reforça a equação do aumento no alcance, na quantidade e na velocidade de recepção da informação. Essas ideias, somadas ao conceito de informação, como fenômenos capazes de alterar o comportamento e a consciência do sujeito, explica, por exemplo, a sensação de incerteza, destacada no conceito de liquidez de Zygmunt Bauman (2001), além de interferir na noção de tempo dos seres humanos, pois a percepção do tempo tem sofrido uma compressão, como afirma Hartmut Rosa em seu livro Aceleração (2019).
Matematicamente falando, se a informação produz mudança na consciência e comportamento do sujeito, ela produz mudanças na relação desse sujeito e sua percepção de mundo, o que acarreta uma mudança na compreensão da sociedade em relação aos diversos fenômenos físicos, sociais ou culturais. Sendo assim, se ocorre um aumento no alcance, na quantidade e na velocidade de recepção da informação, esse
processo deverá ampliar a percepção humana quanto a velocidade das transformações na sociedade, obrigando a esse ser humano, como afirma Stuart Hall (2006) a buscar se adaptar mais constantemente, produzindo, segundo Bauman (2001), a sensação de incerteza e de liquidez, perante aos discursos que compõem uma sociedade. Esses discursos podem ser chamados de metanarrativas, por Lyotard (2000), ou, como epistemes para Foucault (1990), ou ainda paradigmas para Agamben (1999). Além disso, como dito, para Rosa (2019) essa compressão espaço/ tempo, ou seja, essa compressão de fenômenos, de experiências que passam a ocorrer em um menor espaço de tempo da vida de um ser humano, acabam por dar a sensação de que o tempo está mais acelerado, quando ele sequer mudou fisicamente. O que se alterou foi a percepção do tempo, e não o tempo em si.
Tomando essas equações como base, e observando-se os meios como extensões do humano, quanto mais as tecnologias da comunicação avançam, quanto mais elas se tornam eficientes, ampliando o alcance, a quantidade e a velocidade de recepção da informação, mais rápido é a percepção desse humano, quanto as mudanças sociais, e maior será a sensação de incerteza que esse processo tem imprimido na sociedade. Sendo assim, a visão de Mcluhan (2016), que os meios de comunicação são extensões do humano, não é apenas uma afirmação de um conceito, mas é a percepção do quanto o uso dos meios de comunicação alteram as dimensões das relações sociais, culturais através, somente, da ampliação da percepção humana. Logo, à partir dessa visão, Mcluhan (2016) é capaz de compreender e explicar, pelo viés dos estudos da comunicação e dos meios, as transformações culturais da sociedade, desenvolvendo uma metodologia muito eficiente para a compreensão dos processos humanos em relação à formação cultural, social, psíquica, e antropológica da sociedade. Fato que aproxima esses estudos, da visão metodológica das Ciências Humanas, tanto da antropologia, como da arqueologia. Por causa dessas questões que se considerou, a Teoria dos Meios de Mcluhan (2016) pode ser entendida como um estudo, também arqueológico da relação da tecnologia com a sociedade, ou seja, é possível observar aproximações metodológicas entre a Teoria dos Meios e a Arqueologia do Saber, e, quiçá, entender essa teoria como sendo uma arqueologia dos meios. Nesse ponto é que se reivindica uma maior atenção às Ciências da Comunicação, e, consequentemente, à Teoria dos Meios, entendendo-se que esses estudos pertencem, sim, ao campo acadêmico e científico, e que tem desenvolvido seu método, como qualquer ciência. E como a ciência, concordando com Foucault (1990), se constitui a partir da linguagem, criando suas práticas discursivas, e se compondo como os paradigmas de sua época. A Teoria dos Meios, como ciência, também se compõe pelos saberes de sua época, à partir dos paradigmas se constitui na relação entre meios de comunicação e sociedade. Por todas as questões expostas, a Teoria dos Meios é passível de ser estudada pela Arqueologia do Saber, podendo estar se apresentando como uma arqueologia da comunicação, uma arqueologia dos meios.
Por vezes parece que a Pós-modernidade está sendo vista como sendo um período, quase que, de maneira inédita na história da humanidade, regida pelas incertezas. Isso como se outrora, em outros períodos, não tivesse existido um sentimento tão similar. Nesse caso, como não tivesse existido um Barroco (Dugnani, 2013), momento de grandes incertezas.
Períodos vertiginosos sempre existiram, todos eles repletos de sensações e situações plenas de incertezas, e com todos os sintomas que essa sensação acompanha: hedonismo, valorização da aparência, enfraquecimento das alteridades (Han, 2015), etc.
Nesse sentido, esse artigo buscou observar os paradigmas do discurso científico na Pós-modernidade em sua essência, os quais circulam em torno da incerteza dos discursos e a necessidade de revisão. Essa estratégia foi tomada, para contrapor-se aos que sentenciam esse projeto de sociedade, a Pós- modernidade, a ser observada, e descrita de maneira apenas instável, como se não fosse possível desenvolver-se um projeto científico de ciência. Na verdade, não será possível mesmo.
Não será possível, enquanto não for entendido que se torna necessário rever, na Pós-modernidade, todo projeto epistêmico da ciência, e o próprio discurso que circunda o conceito de ciência moderna, desde sua origem na Idade Moderna.
Para entender a complexidade do agora, da Pós-modernidade, ou da hipermodernidade, modernidade tardia, neobarroco, ou qualquer denominação que se venha criar para definir a contemporaneidade, torna- se necessário rever as metodologias, criando caminhos para a análise científica na sociedade contemporânea, na Pós-modernidade.
Por isso, esse artigo se propõe a buscar fazer um pequeno gesto nessa direção. Nesse sentido, acredita- se que para entender, nesse momento, a Pós-modernidade, como outras épocas, também, torna-se importante compreender a relação entre essa “condição pós-moderna” (Lyotard, 2000), e o uso dos meios de comunicação.
Afinal, a sociedade pós-moderna se constitui, influenciada pelo uso dos meios de comunicação, que se tornaram ferramentas poderosas de transformação da consciência e do comportamento do sujeito, tanto pela disseminação de informações, como pelas transformações causadas, simplesmente, por sua invenção. A Pós-modernidade se constitui em torno dos saberes, tanto disseminados pelos meios, quanto formados pelo seu uso. Partindo-se da visão de Mcluhan (2016), o humano inventa os meios, e os meios reinventam o humano, assim é com a Pós-modernidade, ou qualquer momento histórico. Por isso, os paradigmas da Pós-modernidade, como de qualquer época, as práticas discursivas, a formação dos saberes, e, por fim, a constituição dos paradigmas, acabam por se formar, mediadas pela comunicação. Por isso propôs-se, nesse artigo, um primeiro esboço, um primeiro passo em direção à uma arqueologia dos meios, ou seja, em direção a um método de análise arqueológica da comunicação, em relação à sociedade, baseado, principalmente, em Foucault (1990), Agamben (2019) e Mcluhan (2016).
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