O genocídio em Ruanda e a inércia da comunidade internacional

Autores

  • Marina Gusmão de Mendonça Bacharel em História e em Direito pela Universidade de São Paulo (USP); Mestre e Doutora em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCHUSP); possui Pós-Doutorado em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Marília; Professora Adjunta temporária da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Marília

DOI:

https://doi.org/10.34024/hades.2017.v1.7961

Palavras-chave:

África, Ruanda, Genocídio, Organização das Nações Unidas, UNAMIR

Resumo

Entre abril e julho de 1994, o mundo assistiu impassível ao extermínio de mais de 800.000 pessoas em Ruanda. Tal morticínio é considerado o terceiro maior ocorrido desde 1950, comparável apenas àqueles verificados no Cambodja e em Bangladesh, na década de 1970. Entretanto, no caso de Ruanda, há um dado assustador: por ocasião da matança, a população do país era de aproximadamente 7.500.000 habitantes, sendo 6.300.000 hutus, 1.100.000 tutsis e 100.000 pigmeus. Isto significa que cerca de 11% dos ruandeses e ¾ da população tutsi foram eliminados em apenas um trimestre. A comunidade internacional nada fez para evitar a matança. Pelo contrário: além de não intervir diretamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) reduziu drasticamente o contingente da força de paz que mantinha em Ruanda, a despeito das advertências do General Roméo Alain Dallaire, comandante das tropas da UNAMIR, de que a tragédia estava a caminho. Passado o estupor provocado pelo genocídio, restou o problema fundamental da reconstrução do país. A esse respeito, é preciso assinalar as precaríssimas condições econômicas da região, o que é agravado pelo estraçalhamento do tecido social durante a matança. Ademais, não podemos esquecer que, se em 1994, o mundo assistiu passivamente à dilaceração de Ruanda, agora poucos estão preocupados com as dificuldades de reconstrução de um lugar que não tem importância estratégica e não dispõe de grandes riquezas naturais.Os fatores que levaram ao genocídio em Ruanda e a inércia da comunidade internacional para impedir o massacre são os temas deste artigo.

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Publicado

2017-12-22

Como Citar

Mendonça, M. G. de. (2017). O genocídio em Ruanda e a inércia da comunidade internacional. Revista Hades, 1(1), 1–28. https://doi.org/10.34024/hades.2017.v1.7961

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