Cruz Jobim e as doenças da Classe Pobre. O corpo escravo e a produção do conhecimento médico na primeira metade do século XIX.
DOI:
https://doi.org/10.1590/2236-4633Palavras-chave:
História da Medicina, Escravidão, Saúde, DoençasResumo
Durante a primeira metade do século XIX no Rio de Janeiro, a produção do conhecimento médico estava intimamente associada à prática e a observação dos pacientes em seus leitos, unindo o ensino na Faculdade de Medicina aos cuidados de saúde aos pacientes e posteriormente, o registro e divulgação das reflexões em teses, manuais, livros e periódicos. Este artigo investiga a construção do conhecimento médico na primeira metade do século XIX a partir das experiências médicas de Cruz Jobim na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Ao analisar discussões publicadas nos periódicos da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro e dos textos de Jobim, demonstramos a importância dos pacientes escravos internados naquele estabelecimento para a construção de teorias etiológicas que influenciaram a medicina brasileira por todo o século XIX. Assim, é possível perceber o quanto a produção de saberes e o cotidiano das práticas médicas está complemente imerso no universo da escravidão.